Em recente matéria publicada em um jornal local, a presidente da Associação Quilombola de Moita Verde (Parnamirim-RN), Silvana dos Santos, ao ser indagada sobre a comunidade, afirmou:
“a pouca receptividade dos moradores foi a forma que a comunidade encontrou de se resguardar de curiosos e pessoas que gostam de se aproveitar dos quilombolas. Entre essas, muito são universitários e pesquisadores que entram na comunidade e sequer dão o retorno do resultado de seus trabalhos”.
Entendo o desabafo de Silvana, no entanto considero importante refletir sobre o papel da ciência, e em particular da antropologia, junto aos grupos sociais pesquisados. Nas ultimas décadas, a proposta da antropologia de compreender o mundo da cultura passa por uma negociação construtiva envolvendo pesquisador e pesquisados, agora interlocutores. Ou seja, além da inserção do pesquisador no campo é necessário um diálogo permanente sobre o processo de trabalho, em que os discursos (a voz dos sujeitos), outrora silenciados, agora emerge, compartilhando do trabalho em produção.
Assim, o pesquisador não pode ser um estranho para a comunidade. Ora, a sua estratégia é exatamente se inserir, participar, partilhar. Vai, além disso: ele se torna um membro do grupo e compartilha de suas questões e problemas.
Quando você mergulha profundamente em uma determinada cultura, quando volta, não é mais o mesmo, você está contaminado, prenhe daquele mundo. Um autor que gosto muito, chamado Stuart Hall, nos ensina que o antropólogo assume também um papel político junto aos grupos estudados. E esse posicionamento não cessa com o fim do trabalho, ao contrário, agora é que ele ganha forma.
Tenho procurado aprender com alguns mestres esta postura acadêmica, ética e política e tento colocá-la em prática, seja nas minhas pesquisas, como dos ensinamentos que passo para meus alunos.
Tenho dois recentes exemplos. Kelson Oliveira, de Limoeiro do Norte, Ceará, teve sua dissertação de mestrado editada em livro pelo governo do estado e dividiu os volumes com os terreiros pesquisados. Marcos Queiroz, autor da dissertação premiada pela Fundação Cultural Palmares, comunicou aos dirigentes religiosos responsáveis pelos terreiros onde a pesquisa foi realizada, que o prêmio será partilhado com eles.
“a pouca receptividade dos moradores foi a forma que a comunidade encontrou de se resguardar de curiosos e pessoas que gostam de se aproveitar dos quilombolas. Entre essas, muito são universitários e pesquisadores que entram na comunidade e sequer dão o retorno do resultado de seus trabalhos”.
Entendo o desabafo de Silvana, no entanto considero importante refletir sobre o papel da ciência, e em particular da antropologia, junto aos grupos sociais pesquisados. Nas ultimas décadas, a proposta da antropologia de compreender o mundo da cultura passa por uma negociação construtiva envolvendo pesquisador e pesquisados, agora interlocutores. Ou seja, além da inserção do pesquisador no campo é necessário um diálogo permanente sobre o processo de trabalho, em que os discursos (a voz dos sujeitos), outrora silenciados, agora emerge, compartilhando do trabalho em produção.
Assim, o pesquisador não pode ser um estranho para a comunidade. Ora, a sua estratégia é exatamente se inserir, participar, partilhar. Vai, além disso: ele se torna um membro do grupo e compartilha de suas questões e problemas.
Quando você mergulha profundamente em uma determinada cultura, quando volta, não é mais o mesmo, você está contaminado, prenhe daquele mundo. Um autor que gosto muito, chamado Stuart Hall, nos ensina que o antropólogo assume também um papel político junto aos grupos estudados. E esse posicionamento não cessa com o fim do trabalho, ao contrário, agora é que ele ganha forma.
Tenho procurado aprender com alguns mestres esta postura acadêmica, ética e política e tento colocá-la em prática, seja nas minhas pesquisas, como dos ensinamentos que passo para meus alunos.
Tenho dois recentes exemplos. Kelson Oliveira, de Limoeiro do Norte, Ceará, teve sua dissertação de mestrado editada em livro pelo governo do estado e dividiu os volumes com os terreiros pesquisados. Marcos Queiroz, autor da dissertação premiada pela Fundação Cultural Palmares, comunicou aos dirigentes religiosos responsáveis pelos terreiros onde a pesquisa foi realizada, que o prêmio será partilhado com eles.
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