Os estudos
dedicados ao tema do teatro de bonecos, brincadeira conhecida no nordeste
brasileiro por mamulengo e, em terras potiguares, João Redondo, sempre enfatizou
aqueles aspectos da concepção e prática mais ligados à tradição, em especial,
uma forma que se alimenta e reproduz pela memória e oralidade constituídas no
cotidiano das comunidades de brincantes. Todavia, um viés de reflexão acadêmica
vem sendo elaborado, colocando em evidência diferentes elementos que perpassam a
discussão da categoria tradição, pensando-a em contextos de processos sociais
de elaboração e reelaboração da cultura. Essa perspectiva de análise procura contemplar
o universo simbólico advindo da memória longa produzida pelo grupo, fruto da
vivência coletiva, dos intercâmbios e circularidades dos atores sociais, como também
das dinâmicas postas na contemporaneidade social via consumo, agenciamento, massificação,
mídia, performance, espetáculo.
Nesse complexo
campo de construção do conhecimento é importante ressaltar que a mistura
dinâmica da cultura e a construção de formas híbridas de expressões de sujeitos
num mundo de diferenças materiais e simbólicas coloca uma questão central para
as culturas populares e dizem respeito às operações tecidas pelos grupos
populares nesses contextos plurais, moventes; dizendo de outra forma: os
pesquisadores têm se perguntado sobre as estratégias levadas adiante pelos
grupos populares frente ao dilema tradição – modernidade.
Essas questões
estão postas e são analisadas por Zildalte Ramos de Macêdo em seu livro “Show
de Mamulengos” de Heraldo Lins: construções e transformações de um espetáculo
na cultura popular, publicado pela Editora IFRN (Natal, 2016). Resultado de um longo caminho de pesquisa
empírica, bibliográfica e cuidadosa análise conceitual, foi inicialmente
apresentado como dissertação de mestrado no Programa de Pós-Graduação em
Antropologia Social da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, tendo como
proposta central estudar o processo de construção e transformação do espetáculo
de mamulengo, concebido e apresentado pelo artista potiguar Heraldo Lins a mais
de duas décadas.
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