Devagar com esse nêgo mandingo Ele sabe apanhar a folha Sabe mexer na erva Sabe rezar a reza Sabe curimbar Quando bate vem cabôco e orixá Quando dança tudo que é erê vem dançar Nó de amor que ele faz ninguém desata Ele é dono do tempo, do vento, Do mar e da mata
Ói que esse nêgo male Foi rei no Senegal Vem de lá o seu poder Para o bem e para o mal
No pescoço um talismã Na cintura um tecebá Seu remédio é curador Seu veneno é de matar
Foi nas águas de Oxum Que lavou seu colar Mas é Ogum Xoronquê seu eledá
(Canção de Roque Ferreira. Faixa nº 1 do CD “Quando o canto é reza”, de Roberta Sá e Trio Madeira Brasil)
Essa é uma das muitas frases bonitas escritas pelo compositor baiano Roque Ferreira. Suas canções (13) foram escolhidas por Roberta Sá para compor o CD Quando o canto é reza lançado recentemente pela cantora. Nesta homenagem a Roque Ferreira, a cantora está acompanhada pelo Trio Madeira Brasil. O conteúdo das canções selecionadas reflete a relação do artista com o universo do candomblé, como no afoxé “Menino”, cuja letra compartilho com vocês.
Ô, menino me diga quem foi seu mestre Ô, me diga quem lhe ensinou a jogar Com dendê, obi, alubaça e búzio Quem lhe mostrou o segredo, menino Do jogo de Ifá Ô, menino do erê que mora na gira Ô, que vira-o-santé E chama Jandira Quem fez orô com seu ponto Lavou sua miçanga Quem botou mel no seu canto Mandou bater pra seu ganga Quem acendeu essa luz No seu olhar E deu as contas azuis Do colar
A FCP UMCANJU comunica que o sítio do Acais foi incluído no roteiro turístico religioso do estado da Paraíba (Lei 9188). O local foi propriedade e morada da família de Maria do Acais, a conhecida juremeira de Alhandra. O imóvel correspondente a sua casa de morada foi destruído, como também o espaço onde estava plantada a cidade da jurema cultuada por ela. Do conjunto patrimonial restam a capela, o barracão das 7 portas e o memorial de Zezinho do Acais (ver fotos no lado direito deste Blog).
Recebo de Pai Evandro de Ogum a ótima notícia de que o Prefeito do município de Piracicaba-SP VETOU o projeto de lei que “proíbe o uso e o sacrifício de animais em práticas de rituais religiosos”, aprovado pela câmara municipal. (ver post publicado no dia 16/11).
Entre os vários pontos apresentados na justificativa do veto, destaca-se a inconstitucionalidade do referido projeto, conforme o artigo 5º, inciso VI da Constituição Federal de 1.988, que estabelece que “é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias”.
É importante destacar a participação do povo de santo que se mobilizou a tempo, não apenas a nível local, no município de Piracicaba, mas principalmente pela internet, divulgando o projeto e solicitando que todos encaminhassem e-mails repudiando a proposta dos vereadores.
Os negros escravos foram libertados há 122 anos, após a Lei Áurea ser sancionada, em 13 de maio de 1888. No entanto, muitos de seus descendentes ainda lutam por direitos, vivendo nas comunidades quilombolas. Atualmente, calcula-se que existam mais de 3.000 espalhadas por quase todos os Estados brasileiros.
Muitas se formaram a partir dos antigos quilombos, que começaram a surgir no País desde o século 16. Foram criados de diferentes formas: por escravos que fugiram e se esconderam e até mesmo por negros libertos, que ganharam ou conseguiram comprar terras durante e após o fim da escravidão. O que todos tinham em comum é o fato de terem se transformado em trabalhadores do campo livres.
REIVINDICAÇÕES - A partir da Constituição de 1988, muitas comunidades se organizaram com o objetivo de reivindicar direitos e preservar sua cultura e história. Em algumas regiões, esses territórios são disputados por grandes fazendeiros e empresas. Para regularizar a situação, a comunidade precisa, primeiramente, se autorreconhecer como quilombo, além de comprovar a relação histórica com a área reivindicada.
A Fundação Cultural Palmares é responsável por emitir a Certidão de Autorreconhecimento. Depois de conseguir o documento, as comunidades podem pedir ao Incra o registro definitivo de posse do território.
Vocês devem ter percebido minha ausência durante esses dias. Estou participando, junto com outros colegas, de dois processos de seleção: para o doutorado em Ciências Sociais e para o mestrado de Antropologia. Isto implica em corrigir provas, ler propostas de projetos, fazer entrevistas. Sem contar com minhas atividades diárias que continuam acontecendo. Por isso não tenho atualizado o Blog.
A Câmara Municipal de Piracicaba/SP, por unanimidade, aprovou o Projeto de Lei nº 202/2010 do vereador Laércio Trevisan (PR).
PROJETO DE LEI Nº 202/10 - Proíbe o uso e o sacrifício de animais em práticas de rituais religiosos no Município de Piracicaba e dá outras providências.
Art. 1º Fica proibido o sacrifício de animais em práticas de rituais religiosos no Município de Piracicaba.
Art. 2º O descumprimento do disposto na presente Lei ensejará ao infrator, a multa de R$ 2.000,00 (dois mil reais) dobrado a cada reincidência.
Parágrafo único A multa a que se refere o caput deste artigo será reajustada, anualmente, com base no índice do INPC – IBGE , adotada pelo Poder Executivo através de Lei.
Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Justificativa
Primeiramente cabe ressaltar que independente de credo religioso e o respeito aos costumes de crença, ou seja, barbáries como sacrifício de animais em rituais religiosos são inconcebíveis, e contraria a nossa Lei maior a qual é a garantia de vida e bons tratos para com os animais.
Precisamos sim, que as pessoas de bem, que gostam de animais, defenda–os, em principal em leis municipais, estaduais e federal através de seus legisladores.
Comenta-se que o referido Projeto de Lei é parte de um MOVIMENTO chamado "ALIANÇA PARA A SUPREMACIA CRISTÃ", que tem por objetivo levar este projeto a outras cidades do Estado de São Paulo, depois, independente de quem seja eleito, encaminhar para a Câmara dos Deputados (Brasília), através de deputados federais dos partidos envolvidos.
O Projeto de Lei aguarda sanção ou veto do Sr. Prefeito Municipal Barjas Negri.
E-mail podem ser enviados para o prefeito e demais autoridades solicitando o veto ao Projeto Lei, tendo em vista que o referido PL, entre outras coisas, atenta contra a liberdade religiosa e fomenta o racismo.
Sábado, dia 13, participei na casa de Babá Marcelo Galvão, em Extremoz-RN, da festa realizada para o Mestre José da Virada. Além da comunidade do Ilê, estavam presentes religiosos de outras casas e pessoas da localidade.
Bàbálòrìsà Kaobakessy, descendente do Àsé Casa de Òsúmarè, BA, inaugura amanhã, dia 11, em Juazeiro do Norte, Ceará, o ILÈ ÀLÁKETÚ IJOBÁ ÀSÉ LÒGÚN Y OIYÁ, sob responsabilidade de seu filho Bàbálòrìsá Miguel Ângelo.
A solenidade acontece durante os festejos dos Acarajés de Oiyá.
No dia 30 de outubro, a liderança quilombola Flaviano Pinto Neto, 45 anos, pai de cinco filhos, presidente da Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Povoado Charco (comunidade quilombola com mais de 70 famílias), no município de São Vicente de Férrer, região da Baixada, no Estado do Maranhão foi brutalmente executado por um homem ainda não identificado.
Flaviano lutava incessantemente junto ao órgão fundiário estadual (ITERMA) e ao INCRA para a regularização imediata do território quilombola da comunidade. Por diversas vezes foi ameaçado de morte.
Várias organizações e entidades da sociedade civil maranhense que lidam com a questão agrária estão articuladas para mapear e denunciar às autoridades públicas os diversos conflitos fundiários experimentados no interior do Maranhão. A Anistia Internacional já entrou em contato com a Comissão de Direitos Humanos da OAB-MA para obter informações e cobrar do Estado do Maranhão e do Estado Brasileiro a investigação e punição dos responsáveis.
Trecho do artigo escrito por Igor Martins Coelho Almeida, assessor jurídico da Sociedade Maranhense de Direitos Humanos e do Centro de Cultura Negra do Maranhão e membro da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil, Seção Maranhão.
O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ophir Cavalcante, manifestou seu apoio à notícia-crime e à ação apresentadas, respectivamente, pela Seccional da OAB de Pernambuco e pela do Ceará contra os ataques aos nordestinos no Twitter em protesto à eleição de Dilma Rousseff.
A OAB nacional reagiu às mensagens que teriam sido iniciadas pela estudante de Direito Mayara Petruso, de São Paulo.
A estudante declarou:
“Nordestino não é gente. Faça um favor a SP, mate um nordestino afogado!”.
Infelizmente, Mayara não foi a única. Vários outros “brasileiros” também passaram a agredir os nordestinos, revoltados com o resultado final das eleições.
A OAB-PE apresentou a notícia-crime no Ministério Público Federal em São Paulo contra Mayara, por crime de racismo e incitação pública de prática de crime.
O presidente da OAB, Ophir Cavalcante, condenou as ofensas. "Temos que lamentar esse tipo de conduta. É uma espécie de racismo, mas contra a procedência. Um crime previsto, por exemplo, na lei 7.716/89, que já falava em punir a prática e a incitação de discriminação de raça, cor, religião e também procedência".
Até dia 04/11, o ato tinha 1.830 usuários confirmados. No Twitter, os hashtags "orgulhodesernordestino" e "oab" já apareceram entre os mais citados da rede. Apesar das mensagens contra o Nordeste no Twitter afirmarem que a região teria eleito Dilma, na verdade mesmo se os eleitores de Norte e Nordeste fossem excluídos, Dilma seria eleita, por diferença de 275 mil votos.
Você já soube que Sakineh Ashtiani poderá ser morta pelo governo do Irã hoje?
Acabo de enviar uma mensagem de emergência aos aliados do Irã e às principais autoridades da ONU pedindo para que eles intervenham e ajudem a salvar a vida de Sakineh. Leia o e-mail abaixo e junte-se a mim ao enviar a mensagem agora mesmo:
Hoje, Sakineh Ashtiani poderá ser executada pelo Irã.
Nosso protesto mundial impediu que Sakineh fosse apedrejada injustamente em julho. Agora, temos 12 horas para salvar a vida dela.
Os aliados do Irã e as principais autoridades da ONU são nossa maior esperança: eles podem convencer o Irã do sério custo político desse assassinato de uma figura com alta exposição na mídia. Clique no link abaixo para enviar a eles um pedido urgente de mobilização e encaminhar este e-mail a todos o mundo. Você só gastará três minutos. A última esperança de Sakineh somos nós:
O caso de adultério de Sakineh é um trágico embuste cheio de violações de direitos humanos. Primeiro, ela foi condenada à morte por apedrejamento. Porém, o governo iraniano teve de anular a sentença depois que os filhos dela conseguiram gerar um enorme protesto contra aquele julgamento ridículo; Sakineh não domina a linguagem usada nos tribunais e os alegados incidentes de adultério teriam aconteceram após a morte do marido dela.
Em seguida, o advogado dela foi forçado a se exilar e a acusação conseguiu inventar uma nova queixa falsa que justificaria a morte de Sakineh: o assassinato do marido dela. Apesar de isso configurar um caso de “non bis in idem” (dois julgamentos pelo mesmo crime), pois ela já está cumprindo pena por suposta cumplicidade nesse crime, Sakineh foi torturada e exibida em rede de televisão nacional para “confessar” e acabou sendo julgada culpada. O regime já prendeu dois jornalistas alemães, o advogado e o filho de Sakineh, que tem corajosamente liderado a campanha internacional para salvar a mãe. Todos continuam na prisão. O filho e advogado de Sakineh também têm sido torturados e estão sem acesso a advogados.
Agora, ativistas de direitos humanos iranianos afirmam que acaba de ser emitido um mandado de Teerã para executar Sakineh imediatamente, ela está na lista e hoje é o dia da execução.
Campanhas persistentes fizeram o Irã anular a sentença de apedrejamento de Sakineh e atraíram a atenção de dirigentes de países que exercem influência sobre o Irã, como a Turquia e o Brasil. Agora, vamos todos erguer nossas vozes com urgência para impedir que Sakineh seja executada e sofra tratamento desumano e para libertar ela própria, seu filho e advogado e os jornalistas alemães.
Um grande protesto público tem a autoridade moral para impedir crimes atrozes. Vamos usar as 12 horas que temos para enviar uma mensagem clara: o mundo está de olho no Irã e todos estamos unidos para salvar a vida de Sakineh e contra a injustiça em qualquer lugar do mundo.
RESUMO: O teatro de bonecos é a temática desta dissertação de mestrado, com um recorte para tratar da memória, brinquedo e brincadeira, focado na calungueira Maria Ieda da Silva Medeiros, conhecida por Dadi. Atualmente com 71 anos, Dadi reside em Carnaúba dos Dantas/RN e não se restringe apenas a “botar” os bonecos para brincar, a encenar histórias pelos diversos personagens. Constrói os bonecos, veste, dá vida, movimento.
No Rio Grande do Norte, o teatro de bonecos, denominado “João Redondo”, é marcado por um caráter historicamente masculino da tradição, representada por alguns mestres já falecidos ou por seus multiplicadores, ou mesmo por brincantes que não possuem linhagem de mestres em suas famílias, mas aprenderam com vários deles e, aos poucos, foram inseridos nesse universo lúdico.
Dadi transgride essa genealogia potiguar e vai sugerindo uma diversidade de transgressões, extrapolando, com sua inventividade, tanto em suas apresentações como em sua vida, o que fez a autora elegê-la e a constituí-la como objeto singular no decorrer da pesquisa.
A pesquisa utiliza aporte teórico-metodológico das ciências sociais, em especial as referências vindas dos estudos da cultura, como as abordagens sobre a memória e tradição de autores como Maurice Halbwachs e Paul Zumthor, entre outros.
O trabalho de campo foi sistematizo, priorizando a observação participante e o diálogo permanente. Utiliza diferentes estratégias de registro, como: entrevista semi-aberta, vídeo-documentário, áudio das narrativas, registro fotográfico e videográfico, proporcionando ao trabalho uma atualidade relevante, ao dialogar com seus diversos elementos.
A vitória de Dilma neste domingo é a da escolha de um projeto político de garantia de que o Brasil seguirá mudando para melhor, reafirmando a proposta iniciada pelo Presidente Lula.
Mas esta vitória tem também outro sabor. Quem viveu os anos de 1960/70, os anos da ditadura militar no Brasil; quem conhece ou conheceu alguém que enfrentou o terror da tirania estabelecida nesses anos; àqueles que dedicaram suas vidas pela esperança de construção de um outro país, um novo Brasil, sabe o que significa a eleição de Dilma para a Presidência da República do Brasil.