sexta-feira, 31 de maio de 2013

Carta aberta à sociedade potiguar


No dia 21 do corrente mês, a sociedade potiguar foi surpreendida com a notícia de que uma jovem senhora havia sido brutalmente assassinada em ritual de magia negra, no bairro Jardim Progresso, na zona norte de Natal.
A descoberta dessa lamentável atrocidade, promoveu uma grande discussão em torno das religiões de matriz africana ou afro-ameríndia, pairando sobre as mesmas a acusação de realizarem sacrifícios humanos ou maus tratos em suas práticas religiosas, promovendo uma ferrenha perseguição aos seguidores das mencionadas religiões, contando-se com ameaças a integridade física de religiosos e vilipêndio às casas de culto ou terreiros.
Diante desta situação, nós, representantes das religiões de matriz africana ou afro-ameríndia, assim designados candomblecistas, umbandistas, juremeiros ou praticantes de mesa branca, reunidos na tarde do dia 24 de maio de 2013, na seda da UERN Zona Norte, conforme lista de presença, aprovamos por maioria absoluta o presente texto e vimos a público para nos posicionarmos e esclarecermos o seguinte:
01 – Somos peremptoriamente contrários a qualquer prática de violência, maus tratos, atrocidades, assassinatos ou qualquer outra conduta que atente contra a vida e a dignidade da pessoa humana.
02 – Não existe sacrifício humano ou qualquer mutilação ou prática de tortura e crueldade dentro dos rituais religiosos por nós praticados, sendo tais afirmações criações do imaginário popular, alimentado pelo preconceito.

03 – O agentes que efetivaram o homicídio contra a Sra. Edilma Dantas de Souza praticaram uma conduta criminosa, violenta e impossível de ser tolerada por qualquer que seja a designação religiosa, não sendo essa bizarra atitude prática de conduta das nossas religiões.
04 – Externamos o nosso constrangimento em ver os nomes das nossas religiões invocados pelos praticantes de tão aberrante homicídio, assim como nos posicionamos de forma contudente a favor da condenação dos mesmos, face à violência praticada.

05 – Reafirmamos que os agentes criminosos não praticaram atos legitimados pela nossas religiões e que as bizarrices advindas à público, como manifestações com falsas entidades e invocações de seres demoníacos, são atos de charlatanismo e mau-caratismo, em nada se relacionando com as práticas do candomblé, da umbanda e da jurema.
Solidarizamo-nos com a dor da família da vítima, assim como somamos nossos esforços e intenções para que a Justiça seja feita e os criminosos possam ser efetivamente punidos, de acordo com os rigores da Lei.
Nossas religiões e crenças são a favor da vida, da promoção da dignidade e da cidadania, razão pela qual nos sentimos consternados pelo ato brutal praticado pelos referidos criminosos.
Por tal razão, vimos a público apresentar nosso repúdio ao ato bárbaro praticado, para que seja afastado o véu do preconceito e das falsas afirmações sobre as nossas religiões, a fim de que as nossas casas de culto, nossos zeladores e fiéis não sejam culpabilizados por condutas alheias às nossas práticas e princípios religiosos.

Natal, 24 de maio de 2013.
Representantes de Comunidades de Terreiro

Comunidades de Terreiro em Ato Público


Nesta quarta-feira, dia 29 de maio, as 15 horas, no Centro Cultural da UERN Zona Norte, Natal-RN, foi realizado o ato público com a presença de representantes de Comunidades de Terreiro para entrega do documento “Carta aberta à sociedade potiguar”.
O referido ato contou com a presença do Secretário de Cultura da Prefeitura de Natal, Dácio Galvão e representante do Centro de Referência em Direitos Humanos da UFRN, Dr. Manoel Barreto. O Prefeito de Natal, Carlos Eduardo Alves, enviou mensagem de apoio, justificando ausência por compromissos de viagem.
Embora convidados, representantes da Secretaria de Justiça do Estado, COEPIR-RN e Direitos Humanos da OAB, ficaram ausentes. Da mesma forma a imprensa natalense – jornal impresso e emissoras de televisão, não compareceram, demonstrando descaso e falta de compromisso com um grupo religioso que vive a margem dos sistemas sócio-econômicos dominantes. Esse tipo de atitude – que não deveria ser praticada notadamente por órgãos do setor público – no mínimo reforça e contribui para a manutenção de estigmas e preconceitos contra toda uma população e uma cultura (a afro-brasileira).    

Babá Melquesedec (Extremoz-RN) canta ponto de abertura

Sueli faz a leitura da Carta aberta à sociedade potiguar
 
Dácio Galvão, Secretário de Cultura de Natal  e Dr. Manoel Palhano, representando o Centro de Referência em Direitos Humanos da UFRN

 Babá Cláudio Pascoal Macário

domingo, 26 de maio de 2013

CONVITE

Religiosos de matriz africana, das religiões afro-brasileiras de todas as tradições (Candomblé, Umbanda, Jurema, afro-indígenas) CONVIDAM adeptos, praticantes  e demais membros da sociedade para participarem de uma assembléia a ser realizada dia 29 de maio de 2013, às 14 h, no Centro Cultural da Zona Norte - UERN, quando será entregue as autoridades  e a imprensa, documento intitulado "Carta aberta a população potiguar" cujo teor trata de repúdio ao ato criminoso ocorrido recentemente no bairro Jardim Progresso (Natal-RN), generalizado e associado como prática das religiões afro-brasileiras.

Renovação de Gledson Veras

Estive ontém a noite no Barracão de Umbanda Mestre Jacinto, localizado no bairro do Planalto (Natal-RN) e que tem como dirigente religioso Gledson da Cruz Veras. Nesta noite foi realizada sua renovação na Jurema, sob a responsabilidade do Pai Cleone Guedes. A cerimônia religiosa iniciou com a abertura da mesa de Jurema, saudação aos mestres juremeiros e a renovação de Pai Gledson. Em seguida os tambores tocaram para saudar os orixás e as entidades espirituais caboclos e mestres da Jurema. Ao final da celebração um jantar foi compartilhado com todos os presentes. 
Além da presença da comunidade religiosa do Pai Gledson e de alguns dos seus vizinhos, a cerimônia contou, ainda, com a participação dos Pais Cleone Guedes (bairro de Nazaré), Kleber (Parnamirim), Sérgio (Redinha), Aurino (Cidade Nova) e Eduardo Miranda (Nossa Senhora da Apresentação).




sábado, 25 de maio de 2013

Usam o nosso nome e ferem a nossa imagem


Faço parte da Comunidade de Jurema do Rio Grande do Norte e também de religiões de matriz africana, moro no bairro Jardim Progresso (Natal-RN), inclusive muito próximo do cenário de horror, onde esta aberração aconteceu.
Diante do fato, intitularam como: RITUAIS DE CANDOMBLÉ, DE MACUMBA, DE MAGIA, DE TERREIRO, DE JUREMA, DE CATIMBÓ, DE MAGIA NEGRA... enfim, a nomenclatura utilizada não vem ao caso, pois é o suficiente para generalizarem a nossa religião, e associá-la ao monstruoso CRIME ocorrido.
Dessa forma, dando elementos ao preconceito que sofremos por parte dos que não têm o conhecimento do que seja de fato o nosso culto e também à perseguição daqueles que realmente têm a intenção de nos atingir.
Infelizmente com essa situação, só quem perde é a nossa religião, que mais uma vez é vítima de pessoas inescrupulosas que usam o nosso nome e ferem a nossa imagem nos tornando alvo de inúmeros comentários infudados, onde os contrários de outros segmentos se unirão e tentarão tomar nossos direitos adquiridos através de tantas lutas ao longo da história.
Venho ressaltar que jamais este tipo de insanidade será admitido dentro de nossos rituais, e ressaltamos com toda certeza que essas práticas não estão relacionadas com nossa religião e sim com a mente deturpada de pessoas que se autodenominam pais de santo e que não são reconhecidos como tal perante a nossa comunidade religiosa e que repudiamos com veemência essa atrocidade, que nada corresponde a trabalho espiritual, que este tipo de conduta em nada está relacionado com a prática RELIGIOSA que existe de fato em nossos rituais e em nossa vida espiritual.
Contudo, quero salientar que estamos solidários com a família da vítima, bem como a das demais supostas vítimas, que venham a aparecer e que clamamos pela justiça, que sejam apurados os fatos, e que sejam punidos os criminosos com os rigores da lei.

Eduardo d’Osun, Mestre de Jurema

Repúdio


Nesta terça-feira passada, dia 21 de maio, a cidade de Natal e, em particular, as comunidades de terreiros foram surpreendiadas pela divulgação na imprensa, da morte de uma mulher em ritual denominado de “magia negra”, efetuado por um indivíduo chamado de João Macumbeiro.
O ato criminoso é apresentado pela imprensa e autoridades competentes como fato de uma prática religiosa, identificado como das religiões de matriz africana ou religiões afro-brasileiras, culpabilizando imediatamente a religião e por conseguinte todos os seus adeptos, praticantes. Magia negra, macumba, adoradores do diabo – termos usados nos vários discursos veiculados pela imprensa, além de denotarem ignorância e falta de conhecimento sobre o universo religioso afro-brasileiro, confirma uma visão (e uma ação) preconceituosa, racista e discriminatória sobre as populações afro-brasileiras e sua cultura, construída secularmente pela sociedade brasileira dominante, difusa e reforçada constantemente no imaginário coletivo da sociedade.  
Ao longo da semana as comunidades de terreiros vêm se posicionando nas mídias sociais, repudiando o ato criminoso. Nesta tarde de sexta-feira numa assembléia realizada com significativo número de representantes das comunidades de terreiros de Natal, sacerdotes, sacerdotisas e demais adeptos, aprovaram por unanimidade, uma “Carta aberta a sociedade potiguar”, que será entregue na próxima semana, em ato público, com a presença de autoridades e representantes da imprensa.

 

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Abertura do semestre letivo - Curso de Ciências da Religião – UERN



Na próxima quarta-feira, dia 22 de maio, às 20h, estarei participando da abertura do semestre letivo - Curso de Ciências da Religião - UERN.

Tema da palestra - Pesquisar religiões: múltiplos desafios.
Local - Complexo Cultural da Zona Norte - UERN.

terça-feira, 14 de maio de 2013

Agenda

18/05 - Jurema, festa para meste - casa de Alex de Ogum - Bom Pastor
19/05 - Jurema - Centro de Umbanda Caboclo Aracati (Cleone Guedes) - Nazaré
25/05 - Renovação na Jurema - casa de Gladson Veras - Planalto
25/05 - Festa para os ciganos - casa de Mãe Lúcia de Oxum - Av. 4 (Alecrim)
25/05 - Consagração de ogans - Casa do Benguê (Marconi Correia Lins) - Lot. José Sarney
26/05 - Festa para os Pretos Velhos - Casa do Benguê (Marconi Correira Lins)
22/06 - Jurema, festa para mestre - casa de Eduardo
2ª quinzena de junho - Jurema, festa para meste - Ilê Axé Olorum Malé (Claudinho de Oxalá) - Pajuçara 

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Documentário: Darcy, um brasileiro



Um homem de causas, assim pode ser definido Darcy Ribeiro.  No documentário "Darcy, um brasileiro", dirigido por Maria Maia, o telespectador vai conhecer um pouco desta personalidade, visto por ele mesmo e pela ótica de amigos e colaboradores. Com estreia prevista para 19 de maio, às 21h30 na TV Senado, o documentário conta a história do pensador Darcy, das suas inquietações e da sua busca por soluções para o Brasil.
Mineiro de Montes Claro, Darcy dedicou a sua vida aos menos favorecidos. Na pele de antropólogo, defendeu os índios, fundou o Museu do Índio, ajudou na Criação do Parque Nacional do Xingu, documentou várias etnias em livros e fotografias; na de educador e professor criou a Universidade de Brasília, a Lei de Diretrizes Básicas da Educação e os CIEPS e na de político, foi chefe da Casa Civil de João Goulart, lutou contra a ditadura, foi exilado, foi vice-governador do Brizola, senador da República. Mesmo vencido, como costumava afirmar, Darcy assumiu preferir o lado dos derrotados a ter contribuído com os vencedores, neste caso, com aqueles que limitaram a democracia.

Serviço: 19 de maio, às 21h30 na TV Senado.

Darcy, um brasileiro

terça-feira, 7 de maio de 2013

Na casa da Mestra Jardecilha

Nina, filha de Mãe Zefa de Tiíno e atual zeladora do Centro da Mestra Jardecilha, faz a abertura do encontro religioso em homenagem a sua mãe (Zefa de Tiíno), realizado neste domingo, dia 05 de maio, em Alhandra, Paraíba.
 
 Nina recebe da Ong Kipupa Malunguinho - PE trofeu por seu trabalho em defesa da Jurema e  manutenção do patrimônio cultural-religioso deixado por sua mãe.
 
Abertura do ritual de Jurema em homenagem a Mãe Zefa de Tiíno
 


 kleber, Aluísio, Eduardo, Mayara e Freitas cantando para a Mestra Jardecilha

Grupo do Rio Grande do Norte participante do encontro

Sobre parar, refletir e retornar

  Prezada amiga, amigo, leitoras, leitores, visitantes do Blog. Estamos de volta aos escritos. Por esses dias estivemos a pensar sobre nos...