sábado, 30 de janeiro de 2016

Comida dos orixás

No texto “Voz e cozinha dos orixás nos terreiros campinenses”, publicado na Revista Cronos (UFRN),  Rafael Melo (UEPB) realiza uma reflexão sobre as vozes que perpassam a cozinha de santo nos terreiros de Campina Grande (PB).  A partir de uma perspectiva conceitual da oralidade, vocalidade e do imaginário, o autor mostra as vozes presentes nos espaços das cozinhas através dos utensílios, ingredientes, o fogão, as receitas e suas relações com a religião. Como afirma o autor, a comida é ditada pelos pedidos aos santos e neste espaço de percepções, são os orixás as vozes e os quereres a partir de uma mediação dos filhos de santo. A pesquisa sobre o banquete dos orixás abarca duas tradições a partir de elementos pontuais do religioso-imaginário e de dados etnográficos coletados em cinco terreiros campinenses, sendo três afro-brasileiros nagôs e dois de Nação queto. 
 

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Okê, Caboclo!


No calendário religioso afro-brasileiro, o mês de janeiro é dedicado aos caboclos, entidades espirituais que representa o ancestral indígena brasileiro e as populações mestiças das áreas rurais, presente em espaços religiosos com influência ameríndia, como os candomblés de caboclo, a umbanda, a jurema, a pajelança, etc. No candomblé, o mês é dedicado a Oxóssi – o orixá da caça.

Na jurema natalense todas as casas dedicam pelo menos um dia para festejar a entidade. Algumas dessas casas dedicam vários dias a entidade, como é o caso da festa para a cabocla Anair realizada por dona Audelícia Araújo, em seu Centro de Umbanda, no bairro das Quintas. Depois de uma semana de atividades no espaço do terreiro, é chegado o dia esperado por todos, quando se deslocam para um espaço ao ar livre e realizam a grande festa da cabocla. Atividade semelhante me foi relatada por juremeiros do sertão nordestino, em especial lembro-me dos detalhes narrados por Zé Pretinho, de Juazeiro do Norte, Ceará.

Acompanhei durante alguns anos o toque para os caboclos realizado no Centro Cabocla Yara, de dona Terezinha Pereira, no conjunto Soledade II. A festa reunia toda a comunidade, que incluía seus filhos que já tinham casa aberta. Todos estavam lá, participando, cantando, chamando as entidades. Em um dos principais momentos, a Cabocla Yara, em terra, distribuía mel e frutas para todos os presentes.     

Seminário de Pesquisa