No calendário religioso afro-brasileiro, o mês de janeiro é dedicado aos
caboclos, entidades espirituais que representa o ancestral indígena brasileiro
e as populações mestiças das áreas rurais, presente em espaços religiosos com
influência ameríndia, como os candomblés de caboclo, a umbanda, a jurema, a pajelança,
etc. No candomblé, o mês é dedicado a Oxóssi – o orixá da caça.
Na jurema natalense todas as casas dedicam pelo menos um dia para
festejar a entidade. Algumas dessas casas dedicam vários dias a entidade, como
é o caso da festa para a cabocla Anair realizada por dona Audelícia Araújo, em
seu Centro de Umbanda, no bairro das Quintas. Depois de uma semana de
atividades no espaço do terreiro, é chegado o dia esperado por todos, quando se
deslocam para um espaço ao ar livre e realizam a grande festa da cabocla.
Atividade semelhante me foi relatada por juremeiros do sertão nordestino, em
especial lembro-me dos detalhes narrados por Zé Pretinho, de Juazeiro do Norte,
Ceará.
Acompanhei durante alguns anos o toque para os caboclos realizado no
Centro Cabocla Yara, de dona Terezinha Pereira, no conjunto Soledade II. A
festa reunia toda a comunidade, que incluía seus filhos que já tinham casa
aberta. Todos estavam lá, participando, cantando, chamando as entidades. Em um
dos principais momentos, a Cabocla Yara, em terra, distribuía mel e frutas para
todos os presentes.
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