Sebastião
João da Rocha, Mestre Tião Oleiro, nascido a 14 de maio
de 1914, brincante da cultura popular potiguar, agricultor, trabalhador de
engenhos e usinas de cana de açúcar, residente na comunidade de Taboão, a 8 km
da sede do município Ceará Mirim, estado do Rio Grande do Norte. Em 1934 organizou o grupo Congos de Guerra e
desde então é o responsável e um dos principais divulgador da tradição dos
congos no estado. Mestre Tião Oleiro é Patrimônio Vivo do RN, conforme lei
estadual de promoção da cultura popular potiguar. No ano em que completou 100
anos de idade, recebeu do governo brasileiro a Ordem do Mérito Cultural 2014, o
mais importante prêmio concedido a personalidades que se distinguiram por suas
relevantes contribuições a cultura brasileira.
A congada é um auto que apresenta elementos
temáticos africanos e ibéricos, supostamente originado das cerimônias de
coroação de reis e rainhas negros, anualmente escolhidos pelos escravos.
Difundido no país, desde o século XVII, a variante potiguar dos congos, conta a
história da luta entre as forças do embaixador da rainha Ginga de Angola contra
o rei Dom Henrique Cariongo, seu irmão. A embaixada, cujo objetivo é o trânsito
de tropas da rainha pelas terras do rei Cariongo, resulta a morte do príncipe
Sueno, filho do Rei. A dramatização desse episódio transcorre entre canto,
dança e simulacros guerreiros de espadas. Atualmente três grupos estão atuando
no estado, os congos de guerra do mestre Tião Oleiro; os congos de saiote, em
São Gonçalo do Amarante e os congos de calçolas, na praia de Ponta Negra.
Conheci o mestre Tião Oleiro em 2003, a
convite dos professores Gibson Machado Alves e Helenita Nakamura, com os quais
compartilhei um dia de sábado na casa do referido mestre, ouvindo-o falar de
sua história, apresentar os companheiros de lida, cantar trechos de algumas
jornadas, ensaiar passos, tocar o fole e, no final da tarde, botar a brincadeira
no terreiro, em frente de sua residência. Em 2006, voltei a sua casa, novamente
em companhia do professor Gibson, e, dessa vez, com a missão de realizar uma
entrevista com o mestre dos Congos de Guerra. Conversamos longas horas e esta
tarde de conversa, contou também com a participação do brincante seu José
Baracho, na época com 79 anos de idade. Grande parte dos ensinamentos dos
mestres foi gravada em duas fitas k7, posteriormente transcrita, que ao
somar-se a algumas referências bibliográficas, proporciona uma leitura sobre a
história de vida do Mestre Tião, em especial, o entrelaçamento da vida e
brincadeira, que faz peculiar a existência desse homem-mestre.
A entrevista completa pode ser lida no link:
http://www.periodicos.ufrn.br/cronos/article/view/8267/pdf
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