Yá Carla Iyagba Ori me envia mensagem em que
relata o terror que se espalha pelo universo religioso afro-brasileiro, quando
seus espaços e símbolos sagrados são desrespeitados, atacado, destruído. Desde
algum tempo que venho acompanhando, pelas redes sociais, os diferentes casos de
intolerância religiosa. Mas também tenho escutado relatos e registros de mães, pais
e demais religiosos sobre as situações adversas que são obrigadas e obrigados a
enfrentar em sua existência cotidiana de brasileira e brasileiro.
Dados de pesquisas acadêmicas e matérias
publicadas na imprensa demonstram que essa violência tem ganhado forma e proporção
cada vez maior. Os dados estatísticos crescem. As agressões, cada vez mais, assumem
formas diferentes. Frente aos dados estatísticos, a violência física, verbal,
simbólica; frente ao fato de ter sua liberdade religiosa e de escolha de crença
impedida de ser praticada, somos de imediato levados a lembrar de que o Brasil
é um país laico, em cuja Constituição Federal, em seu artigo 5, garante o
direito a crença e prática de culto.
Precisamos lembrar? Penso que apenas a lembrança não é
suficiente, pois entre a lei e a existência social real, existe um longo
espaço, um vácuo. E muitas outras questões, inclusive o racismo. Racismo e
intolerância religiosa estão mais próximos do que se imagina.
Certo tempo atrás participei de um encontro
com jovens de uma comunidade de terreiro da cidade de Extremoz e, naquela
oportunidade, chamei atenção para dois pontos: o primeiro, sobre a necessidade
de reunir lideranças e representantes dos terreiros para se construir uma
agenda mínima que pudesse refletir sobre o contexto vivido por essas
comunidades e, principalmente, pensar estratégias de enfrentamento às situações
vividas. O segundo ponto, a importância de se construir uma visibilidade
positiva, uma ação de sair dos terreiros e ganhar as ruas, os espaços públicos,
se mostrar, estar presente, conquistar espaços.
O tempo passou, mas os fatos do presente nos
chamam. Ou dizendo de outra forma, não seria o futuro que urge?
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