quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Intolerância: até quando?


Yá Carla Iyagba Ori me envia mensagem em que relata o terror que se espalha pelo universo religioso afro-brasileiro, quando seus espaços e símbolos sagrados são desrespeitados, atacado, destruído. Desde algum tempo que venho acompanhando, pelas redes sociais, os diferentes casos de intolerância religiosa. Mas também tenho escutado relatos e registros de mães, pais e demais religiosos sobre as situações adversas que são obrigadas e obrigados a enfrentar em sua existência cotidiana de brasileira e brasileiro.
Dados de pesquisas acadêmicas e matérias publicadas na imprensa demonstram que essa violência tem ganhado forma e proporção cada vez maior. Os dados estatísticos crescem. As agressões, cada vez mais, assumem formas diferentes. Frente aos dados estatísticos, a violência física, verbal, simbólica; frente ao fato de ter sua liberdade religiosa e de escolha de crença impedida de ser praticada, somos de imediato levados a lembrar de que o Brasil é um país laico, em cuja Constituição Federal, em seu artigo 5, garante o direito a crença e prática de culto.
Precisamos lembrar? Penso que apenas a lembrança não é suficiente, pois entre a lei e a existência social real, existe um longo espaço, um vácuo. E muitas outras questões, inclusive o racismo. Racismo e intolerância religiosa estão mais próximos do que se imagina.
Certo tempo atrás participei de um encontro com jovens de uma comunidade de terreiro da cidade de Extremoz e, naquela oportunidade, chamei atenção para dois pontos: o primeiro, sobre a necessidade de reunir lideranças e representantes dos terreiros para se construir uma agenda mínima que pudesse refletir sobre o contexto vivido por essas comunidades e, principalmente, pensar estratégias de enfrentamento às situações vividas. O segundo ponto, a importância de se construir uma visibilidade positiva, uma ação de sair dos terreiros e ganhar as ruas, os espaços públicos, se mostrar, estar presente, conquistar espaços.
O tempo passou, mas os fatos do presente nos chamam. Ou dizendo de outra forma, não seria o futuro que urge?

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