No início dos anos de 1980 estabeleci contatos com os
moradores do Riacho visando realizar uma pesquisa que tinha como objetivo
compreender as condições de vida e, como em um contexto tão adverso de
existência social, eram construídos processo identitários. Em última instância,
interessava saber o que significava ser negro, particularmente, ser negro do
Riacho em um mundo branco.
Conheci a terra, as pessoas e seu cotidiano de
dificuldades, mas também de alegrias. Entendi o valor que a terra possuía para aquela
gente, como também o trabalho de produzir a louça e o sentido de festejar. Os
sessenta dias que passei no Riacho foram ricos em conhecimentos, em um aprender
no diálogo compartilhado com Joana Caboclo, Tereza Preta, Maria Dalva, Daliça,
Zé Banda, Joaquim Baixo, entre outros.
Somente na última semana foi que percebi que não tinha
feito nenhuma imagem fotográfica. Mais que isso, senti a necessidade de fazer o
registro para a memória futura. Providenciei um filme de vinte poses para uma
máquina Kodak, muito simples, sem nenhuma exigência técnica e fiz o registro de
algumas cenas do cotidiano. Lembro que todos queriam ser fotografados. Foi um
momento de alegria. Revendo as fotografias, penso na sua importância para a
memória do grupo.
Este processo de pesquisa resultou no livro “Os negros
do Riacho: estratégias de sobrevivência e identidade social”, publicado em 2009
pela Editora da UFRN.
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