Apontamentos sobre as religiões afro-brasileiras em Natal

 

Artigo concluido. A professora Irene van den Berg (UERN) está organizando uma coletânea de ensaios sobre a temática da memória religiosa da cidade de Natal. O primeiro volume foi publicado em 2021. O convite para participar do projeto veio desde o início. Mergulhei em papeis e anotações guardadas, muitas conversas gravadas com pais e mães. Voltei a ler e ouvir o que era possível; refiz algumas leituras. Esbocei alguns apontamentos para pensar um processo histórico das religiões afro-brasileiras na cidade de Natal de modo que possa incorporar as vozes dos religiosos e religiosas, a dinâmica e marcos sócio-políticos partes desse processo. A medida que a escrita do texto ganhava forma, sua leitura me levava a querer registrar novas anotações, atividade nem sempre possível quando se precisa cumprir um limite de palavras/páginas. Não foi um processo de escrita fácil. Os apontamentos foram organizados e estarão no próximo volume da publicação. 

As mestras, mestres e a ciência da jurema; o candomblé nagô pernambucano faz morada em Natal; a umbanda e a criação da Federação, percorrem as linhas do texto, mas ressalto, devem ser lidos e compreendidos como parte de um processo em que existem simultaneamente, vivenciando intercâmbios, convivência, mas também conflitos e disputas.

       

Uma tarde na Casa das Águas

 

Nesses últimos dois anos a pandemia do Covid 19 levou-me a um afastamento das atividades de pesquisa e trabalho de campo. Projetos foram praticamente parados, em especial aqueles em que o contato é imprescindível. Interlocuções foram adiadas. Participar de atividades ritualísticas, nem pensar; são quase sempre em ambientes fechados. Cuidados foram mantidos para a manutenção da vida, individual e do grupo. Alguns momentos específicos foram exceção, como a recente visita que fiz ao Pai Zé Maria d’Oxum (Pajuçara) em companhia do Babá e professor da UNILAB (Ceará), Patrício Carneiro Araújo. No encontro estiveram presentes Mãe Sandra Gois, Ogã João, Pai Tadeu e Pai Igor, que enriqueceram a troca de conhecimentos ao longo de toda a tarde e início da noite na Casa das Águas. 

O professor Patrício Carneiro vem realizando um estudo sobre alimentação e segurança alimentar nos terreiros, a partir da experiência de pesquisa em terreiros de São Paulo, Salvador, Fortaleza, João Pessoa e Natal. O resultado do estudo será posteriormente publicado em livro e faz parte das atividades realizadas sob minha orientação no estágio de pós-doutoramento que o referido professor realiza no Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da UFRN. 

Destacamos os seguintes livros publicados pelo Babá e professor Patrício Carneiro: 

Entre ataques e atabaques: intolerância religiosa e racismo nas escolas. São Paulo: Arché, 2017.

Segredos do Poder: Hierarquia e autoridade no Candomblé. São Paulo: Arché, 2018.

Cabdomblé sem sangue? Pensamento ecológio contemporâneo e transformações rituais nas religiões afro-brasileiras. Curitiba: Appris, 2019.

A mesa das autoridades: o comer e o poder no Candomblé. Curitiba : Appris, 2021.

   

 

Religiones afrolatinoamericanas y afrocaribeñas

 

VI ENCONTRO DOS JUREMEIROS DO RIO GRANDE DO NORTE

 

TEMA: 

Soberania alimentar e economia solidária. 

Melhoria para os povos tradicionais de matriz africana e ameríndia.

Coordenação: Ajimudá (84) 99618-2469

LOCAL: Matas de Canindé - Extremoz/RN

16/01/2022, às 15 horas

V Encontro de Juremeiros de Natal

 

O que foi vivido

 

Gosto de pensar nas atividades vivenciadas durante o ano que acaba de passar. Mais um ano dominado pela pandemia da Covid que nos obrigou a reformular a forma de viver, em especial nas relações sociais e na experiência do trabalho. Ficamos mais distantes uns dos outros, a experiência home office nos levou a trabalhar intensivamente, a qualquer hora, como uma máquina, sem limites na produção. Mas estava sempre a pensar sobre o que estava fazendo e experimentando no campo das atividades acadêmicas. 

Coloquei como prioridade comemorar os 20 anos de criação do Grupo de Estudos Culturas Populares, uma vez que não tinha sido possível faze-lo no ano anterior, embora existisse uma programação elaborada para o formato presencial, impactada pela onda pandêmica. 

Dois projetos foram colocados em prática – Encontros com as Culturas Populares e Memórias, ambos com a proposta de apresentar e refletir sobre o trabalho realizado pelo Grupo de Estudos. Com os Encontros foi possível visualizar a produção mais recente de pesquisas gestadas via pós-graduação, abarcando diferentes temas (cenário percursivo afro-brasileiro, teatro popular do nordeste, folclore, a religiosidade e as benzedeiras, o carnaval natalense e o samba-enredo, a Jurema Sagrada). Durante seis meses, mensalmente uma pesquisa era apresentada pelo pesquisador/a e interlocutor/a, abordando as principais questões sobre o conhecimento produzido conjuntamente. 

O segundo projeto, denominado Memórias, se caracteriza por um viés memorialista, em formato áudio visual, em que membros do Grupo de Estudos, colocam as suas lembranças, o processo de inserção e as atividades experimentadas. Em seu conjunto as narrativas propiciam uma leitura sobre a proposta de trabalho do Grupo de Estudos, o roteiro das atividades e dinâmicas realizadas, a perspectiva teórica-metodológica, o processo formativo e o compromisso com as temáticas e comunidades envolvidas. 

Agora, o caminho é se perguntar sobre a continuidade do Grupo.  

  

Observação: as atividades citadas estão disponíveis na página do Grupo de Estudos Culturas Populares no Fecebook

https://www.facebook.com/grupodeestudosculturaspopulares

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