quinta-feira, 28 de setembro de 2023

Rota do norte português: Viana do Castelo

O município de Viana do Castelo está localizado no norte de Portugal, fronteira com a Galícia (Espanha), na região conhecida como Alto Minho. O trajeto da cidade do Porto até Viana dura um pouco mais de uma hora. Escolhi viajar no comboio (trem), saindo da Estação São Bento com baldeação na cidade de Nine, uns quarenta minutos antes do meu destino final. O comboio segue sua rota para Vico, mais ao norte, na Espanha.

O turismo parece ser propulsor do movimento de pessoas e economia na região. Existe uma estrutura organizada que sabe aproveitar a história materializada nos chamados centros históricos e aldeias, as manifestações culturais e a natureza. Viana do Castelo se encontra em uma das rotas de peregrinação – o caminho de Santiago, e a natureza oferece diferentes atividades, da caminhada as trilhas de trekking. 





     Museu de Artes Decorativas


 

      Museu do Traje

 
      Fonte: Blog de Geografia: Mapa de Portugal.
      https://suburbanodigital.blogspot.com/2015/04/mapa-de-portugal.html


Cultura popular e tradição: reflexões a partir de uma visita ao Museu do Traje


O Museu do Traje funciona em um antigo prédio na Praça da República, centro histórico da cidade de Viana do Castelo, norte de Portugal.  Ao entrar na primeira sala de exposição do museu, a predominância das cores fortes chama atenção. O vermelho, preto, verde estão presentes nas diferentes imagens que compõem a expografia. Adereços como o ouro dos brincos, colares e pulseiras, são incorporados na estética da exposição, compondo um conjunto de elementos que traduz uma imagem e uma simbologia muito própria.     

Registros de há 150 anos documentam o uso do traje à vianesa em acontecimentos festivos e certames folclóricos na região do Minho e ao longo de diferentes épocas históricas, vai se compondo uma representação sobre a região geográfica do litoral norte português e um símbolo nacional. O patrimônio constituído, autorizado, visualizado no caso do museu, se apresenta igualmente em diferentes formas de ações culturais que incluem os desfiles, o festival folclórico, as romarias, entre outras modalidades expressivas da cultura.      

Penso que a oportunidade de conhecer outras formas de existência do mundo da cultura só tem sentido se este ato for conduzido por uma reflexividade em que, inclusive, possa pensar as questões do mundo em que vivo coletivamente.

Isto posto, conhecer o Museu do Traje de Viana do Castelo me fez, desde o momento que entrei naquela primeira sala, pensar sobre o Museu de Cultura Popular Djalma Maranhão, da cidade do Natal, Brasil. Mas, na verdade, eu já nem sei se este museu realmente existe. A questão está posta.





E a reflexão continua... É bom saber que em outro eixo espacial muitas ideias/ações estão em movimento. Compartilho. Veja o vídeo abaixo: 






sexta-feira, 22 de setembro de 2023

Retratos Fantasmas. No Recife foi assim. No Porto (Portugal), também. Em Currais Novos (RN), o Cine Teatro Des. Tomaz Salustino foi transformado em um Shopping. O Cine Canário, em Cerro Corá (RN), que frequentei durante minha infância, não sei o que aconteceu. Em Natal, edificações de antigos cinemas foram destruídas (como os casos do Rex e São Luís), outras foram modificadas, assumindo funções diferentes, como o Cine Rio Grande, transformado em igreja evangélica e o Cinema Nordeste, em loja de departamentos, atualmente fechada, provavelmente a espera de demolição ou algo parecido. E na sua cidade? Será que em algum outro lugar desse mundo, o percurso foi diferente?

 

    Fonte: Painel exposto no Cinema Trindade. Porto, Portugal.
    Agosto/setembro de 2023.

    Cine São Luís (bairro do Alecrim, Natal, RN) foi demolido. 

Cine Rio Grande (bairro de Petrópolis, Natal-RN) foi transformado em sede de Igreja Evangélica.
Fonte das fotos: Facebook - Natal antiga colorizada.

Algumas informações sobre o CINE CANÁRIO de Cerro Corá (RN), publicadas por Rodivan Barros no Grupo Fotos Antigas de Cerro Corá” (Facebook). 

O Cine pertencia ao senhor Sebastião Canário que administrava juntamente com sua esposa, dona Raimunda Canário e sua filha, Maria Canário, esta responsável pela bilheteria. Os cartazes de divulgação dos filmes em exibição ficavam afixados na parede em frente ao portão de entrada. No hal de entrada ficava ainda, no lado esquerdo, uma banca de de venda de confeitos. 

Provavelmente durante uma década, dos anos de 1960-1970, o Cine Canário foi o principal espaço cultural da cidade, sendo palco para reuniões e as solenidades de conclusão do curso Primário do Grupo Escolar Querubina Silveira. Particularmente guardo lembranças em minha memória dos muitos filmes assistidos (saía correndo da missa para não perder o horário de projeção) e de minha formatura do curso primário em 1967.  

Na sequência três fotos exemplares para pensar esse tempo histórico do Cine Canário.   

 Foto 01: Reunião da Diretora do Ginásio Comercial Pedro II, professora Maria das Neves, com os professores e autoridades municipais, realizada no Cine Canário.

Foto publicada em 16/05/2015 por Rodivan Barros no Grupo Fotos Antigas de Cerro Corá” (Facebook).


Foto 02: Desfile do Ginásio Pedro II durante as comemorações da independência do Brasil. Na fotografia, feita na década de 1970, observa-se o Cine Canário.   

Foto publicada em 21/01/2017 por Rodivan Barros no Grupo Fotos Antigas de Cerro Corá” (Facebook).


Foto 03:

A fotografia feita 2010 confirma que nessa data o Cine Canário não mais existia como espaço cultural. 


Foto publicada em 24/03/2014
por Rodivan Barros no Grupo Fotos Antigas de Cerro Corá” (Facebook).

Fotografias do Cine Teatro Des. Tomaz Salustino, Currais Novos (RN).

Fonte : Casarão de Poesia. Página Facebook, 18/03/2016.


Fonte : Leonor Guimarães, Página Facebook, 26/06/2012.




domingo, 10 de setembro de 2023

Feira do Livro do Porto 2023

 

Neste domingo a Feira do Livro do Porto 2023 chega ao seu final, depois de quinze dias de intensa programação, pensada em torno da palavra. Considero que esse é o diferencial da feira. Explico: a palavra move a feira, numa comunhão que inclui o autor homenageado, Manuel António Pina (1943-2012) e uma programação diversa, composta por livros, festival literário, música, teatro, cinema, documentários, performances, exposições, intervenção mural, entre outras. Como afirma o coordenador da programação da FLP 2023, João Gesta, “palavra escrita, palavra dita, gritada, muitas vezes sussurrada, palavra encenada, palavra cantada, resistindo ao silêncio, ao tempo, à ausência, à ignorância, à opressão” ou como escreveu o próprio Pina em um dos seus livros: “as palavras são seres furtivos, capazes de sentidos onde não alcançam, pobres deles, os dicionários. O seu poder é enorme e ninguém nem nada lhe está imune. É um saber”. 

Na intensa programação oferecida precisei fazer escolhas e me concentrei nas conversas literárias, “Toda a biografia é um romance” e “É sempre a tremer que levo o sol à boca”. No primeiro ciclo, o interesse pelo gênero biográfico, sobretudo estava a querer saber mais sobre a vida e a obra de Pina, biografado por Álvaro Magalhães. Assim, nos demais encontros, conheci a poetisa Natália Correia e Manoel de Oliveira, este último sabia de sua importância para o cinema. No segundo, fui levado pela proposta do diálogo com poetas sobre o espaço afetivo da escrita e o seu processo criativo. 

Outro ponto, igualmente significativo na proposta da feira, é a escolha do local e a estrutura organizada em diferentes suportes. O local é exatamente o parque conhecido pelo nome Palácio de Cristal, uma bela área verde, com amplos espaços disponíveis para circulação, sociabilidade ou simplesmente contemplar a natureza e a bela visão do rio Douro. A estrutura física disponível inclui os equipamentos da biblioteca municipal, espaços para exposições, apresentações artísticas, restaurantes, entre outros. Neste cenário foram montados os 130 stands para as livrarias, editoras, alfarrabistas. 

A organização do evento tem divulgado seu sucesso em números. Particularmente me chamou atenção a grande presença de diferentes gerações. Nesse ponto é visível a presença do portuense, morador local, como a do turista. A feira é, inclusive, parte da agenda turística. Para além da programação cultural destinada a faixa etária adulta, existe uma intensiva atividade para o público infanto-juvenil.

Percorrer a feira, ver as ofertas editoriais, inclusive da produção local, folhear livros, fazer a difícil escolha de alguns volumes e acompanhar parte das atividades literárias, foram exercícios prazerosos que no mínimo alimentou meu espírito. 

Dos livros escolhidos – Todas as palavras: poesia reunida, de Manuel António Pina, o homenageado da Feira, poeta, escritor, cronista, jornalista, dramaturgo, Prêmio Camões de 2011, compartilho o poema “Todas as palavras”.

 

As que procurei em vão,

principalmente as que estiveram muito perto,

como uma respiração,

e não reconheci,

ou dessistiram e

partiram para sempre,

deixando no poema uma espécie de mágoa

como uma marca de água impresente;

as que (lembras-te?) não fui capaz de dizer-te

nem foram capazes de dizer-me;

as que calei por serem muito cedo,

e as que calei por serem muito tarde,

e agora, sem tempo, me ardem;

as que troquei por outras (como poderei

esquecê-las desprendendo-se longamente de mim?);

as que perdi, verbos e

substantivos de que

por um momento foi feito o mundo

e se foram levando o mundo.

E também aquelas que ficaram,

por cansaço, por inércia, por acaso,

e com quem agora, como velhos amantes sem

desejo, desfio memórias,

as minhas últimas palavras. 

 

PINA, Manuel António Pina. Todas as palavras: poesia reunida. Porto: Assírio & Alvim, 2018, p. 281. 

https://www.feiradolivro.porto.pt/


    Fonte: Divulgação: Feira do Livro do porto. m.facebook.com

Arquivo Afro-Religioso

  Projeto de pesquisa e extensão do Grupo de Estudos Culturas Populares e Religiosidades (Departamento de Antropologia/PPGAS/UFRN), Grupo de...