O filme "Shahada" (A fé) trata da diversidade cultural na Alemanha atual e causa polêmica durante sua exibição no 60º Festival de Cinema de Berlim (de 11 a 21 de fevereiro).
“Shahada”, dirigido pelo cineasta alemão de origem afegã Burhan Qurbani, narra à história de três jovens muçulmanos de Berlim que têm a fé e sua espiritualidade submetidas a um duro teste na sociedade alemã contemporânea.
Os temas apresentados em "Shahada" - a religião do Alcorão, a homossexualidade e a emancipação das mulheres muçulmanas - abalaram os jornalistas alemães, que fizeram muitas perguntas durante a entrevista coletiva após a exibição.
Algumas das declarações do diretor Burhan Qurbani:
"Os muçulmanos não são apenas os árabes barbudos. Cada país define o Islã. Na Alemanha não existem apenas muçulmanos turcos e árabes, também há nigerianos e bósnios. Maryam Zaree e Carlo Ljubek são croatas. Deus ama todas as cores, todos os rostos, a diversidade".
"Ser um homossexual muçulmano é difícil em muitos países. E também é na Alemanha. Meu filme é sobre a tolerância, a possibilidade de aceitar que cada um seja feliz a sua própria maneira. O amor é geral e não pode ser restrito a uma só forma".
"A comunidade muçulmana deve sair ela mesma do obscurantismo. Devemos nos questionar o porquê de rezarmos todo dia, este é o trabalho dos homens instruídos".
"Meu filme não é um drama social, nem um documentário. Quis levar as personagens ao limite do que podiam suportar. Saber como deveriam se comportar com suas crenças. Eu sou muçulmano e sou alemão e há grande parte de minha vida no filme, minhas dúvidas, saber se sou ou não um bom muçulmano".
"A intolerância vem da ignorância. Sabe-se pouco de nossa religião. As pessoas têm medo dos muçulmanos, principalmente pelo que lêem nos meios de comunicação. No entanto, os alemães vivem cercados de muçulmanos: o taxista, o vendedor de kebab, talvez o psicólogo ou o dentista. Meu filme é contra o medo, contra os mal-entendidos".
Segundo Qurbani, apenas com a educação, informação e o diálogo crítico serão possíveis lutar contra o obscurantismo e a radicalização de algumas correntes do islã.
http://cinema.uol.com.br/festival-de-berlim/
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