
A umbanda, esse modo brasileiro de expressão religiosa, se constitui a partir de todo um processo de reelaboração de elementos das religiões africanas dos povos sudaneses e bantos, do catolicismo, do espiritismo kardecista e das religiões indígenas. Historicamente se tem notícias de sua manifestação desde o início do século XX, porém só a partir dos anos de 1930 que ela será sistematizada. Em 1941, se realizada o Primeiro Congresso de Umbanda, no Rio de Janeiro.
Como religião de possessão, acredita-se na comunicação entre a esfera do sobrenatural e o mundo dos homens através da incorporação de entidades sobrenaturais num grupo de iniciados. As entidades são espíritos de mortos que descem do plano em que vivem e vêm para a terra, para cumprir uma missão de caridade, prestar assistência aos necessitados, “trabalhar”. Esses são espíritos de caboclos, preto-velhos, crianças e exus.
Os pretos velhos são espíritos de antigos escravos africanos. São exemplos de humildade, sabedoria, bondade e perdão. Dão conselhos. Fumam cachimbo. Nos terreiros de umbanda, o mês de maio é dedicado a homenagear, cantar para esta entidade, faz-se festa. Tocam-se os tambores, cantam, dançam, cultuam-se os pretos velhos e as pretas velhas daquela casa, oferecem vinho e muita comida.
Mãe Terezinha (Terezinha de Oliveira Pereira), do Conjunto Soledade II, em Natal, realiza anualmente a festa para a preta velha tia Maria do Rosário, costume que aprendeu na casa de sua mãe, quando residia em Brasília. Com o tempo, uma de suas filhas, dona Socorro, ergueu em seu terreiro uma igreja para tia Maria, onde passaram a ser realizadas as festas outrora mantidas por mãe Terezinha.
Na noite da celebração realiza-se um terço dedicado a tia Maria do Rosário, seguindo-se da oração aos pretos velhos e a distribuição de comidas e bebidas (refrigerantes) entre os presentes.
A seguir fotos de uma das festas para tia Maria do Rosário que acompanhei no terreiro de dona Socorro.