quarta-feira, 26 de maio de 2010

Em maio tem festa para os pretos velhos

A umbanda, esse modo brasileiro de expressão religiosa, se constitui a partir de todo um processo de reelaboração de elementos das religiões africanas dos povos sudaneses e bantos, do catolicismo, do espiritismo kardecista e das religiões indígenas. Historicamente se tem notícias de sua manifestação desde o início do século XX, porém só a partir dos anos de 1930 que ela será sistematizada. Em 1941, se realizada o Primeiro Congresso de Umbanda, no Rio de Janeiro.

Como religião de possessão, acredita-se na comunicação entre a esfera do sobrenatural e o mundo dos homens através da incorporação de entidades sobrenaturais num grupo de iniciados. As entidades são espíritos de mortos que descem do plano em que vivem e vêm para a terra, para cumprir uma missão de caridade, prestar assistência aos necessitados, “trabalhar”. Esses são espíritos de caboclos, preto-velhos, crianças e exus.

Os pretos velhos são espíritos de antigos escravos africanos. São exemplos de humildade, sabedoria, bondade e perdão. Dão conselhos. Fumam cachimbo. Nos terreiros de umbanda, o mês de maio é dedicado a homenagear, cantar para esta entidade, faz-se festa. Tocam-se os tambores, cantam, dançam, cultuam-se os pretos velhos e as pretas velhas daquela casa, oferecem vinho e muita comida.

Mãe Terezinha (Terezinha de Oliveira Pereira), do Conjunto Soledade II, em Natal, realiza anualmente a festa para a preta velha tia Maria do Rosário, costume que aprendeu na casa de sua mãe, quando residia em Brasília. Com o tempo, uma de suas filhas, dona Socorro, ergueu em seu terreiro uma igreja para tia Maria, onde passaram a ser realizadas as festas outrora mantidas por mãe Terezinha.

Na noite da celebração realiza-se um terço dedicado a tia Maria do Rosário, seguindo-se da oração aos pretos velhos e a distribuição de comidas e bebidas (refrigerantes) entre os presentes.

A seguir fotos de uma das festas para tia Maria do Rosário que acompanhei no terreiro de dona Socorro.

Festa para tia Maria do Rosário

Igreja da preta velha tia Maria do Rosário


Dona Socorro e dona Terezinha Pereira conduzindo o terço para tia Maria do Rosário

segunda-feira, 24 de maio de 2010

QUEM É DE AxÉ, DIZ QUE É (Who is AxÉ, says it is. Qui est AxÉ, affirme qu'il est)


João Belmiro Bento


João Belmiro Bento, Joãozinho de Iemanjá, 81 anos de idade, nasceu na cidade de Montanhas-RN. De família católica, quando criança participava das celebrações na igreja, chegando a freqüentar o seminário. Mas foi quando morava em Recife, na primeira vez que foi a um terreiro de xangô, quando cantaram para Iemanjá, ele incorporou a rainha do mar. Desde então passou a se dedicar a religião.


Ainda no Recife, fez seu processo de iniciação na linha nagô, com Heleno da Mostardinha, também conhecido por Nino de Pernambuco. Em Natal freqüentou as casas de dona Didi, Mãe Albina, Tenente Andrade e Zé Dantas.


Nos anos de 1950 abre sua casa – o Palácio de Iemanjá, onde permanece fazendo suas obrigações, rituais e atendendo a comunidade até anos recente, quando problemas de saúde o impede de continuar com as atividades religiosas.


Joãozinho de Iemanjá

Palácio de Iemanjá

Quintas – Natal/RN

domingo, 23 de maio de 2010

Religião e Homofobia

Nesta semana a mídia destacou casos de homofobia em diferentes países africanos, em contextos em que ideologias políticas, religiosas e de tradições culturais sobrepõem aos direitos humanos. Assim, é oportuno lembrar a recente entrevista concedida ao jornal francês Le Monde, pelo porta-voz do Conselho Representativo das Associações Negras (CRAN), Louis-Georges Tin, em que fala sobre a realização da 6ª edição do Dia Mundial Contra a Homofobia, cujo tema trata da homofobia e as religiões.


Em um dos trechos da entrevista, Louis-Georges Tin ressaltou que com frequência as religiões estimulam homofobia:


As tradições religiosas com frequência contribuem para reforçar a homofobia, por isso escolhemos o tema. Este ano, não pedimos que os crentes e especialmente os responsáveis religiosos aprovem a homossexualidade, mas algo bem diferente, que desaprovem a homofobia. Principalmente quando se trata de violências cometidas em nome de um Deus, qualquer que seja. Não pretendemos entrar no terreno da teologia, que não é o nosso; pedimos aos teólogos que venham para o terreno dos direitos humanos, que concerne a todos nós”.


Jornal Le Monde: Em 2006, você dizia que 80 países ainda consideravam a homossexualidade um crime, isso ainda é assim?


Louis-Georges Tin: E em sete países, principalmente no arco do Oriente Médio, a pena de morte é exigida contra os homossexuais, com base na sharia. Em 2006, lançamos um apelo “pela descriminalização universal da homossexualidade”. Esta petição foi amplamente apoiada por personalidades como Jacques Delors, artistas como Meryl Streep, prêmios Nobel como Desmond Tutu, Dario Fo, etc.


Nossa campanha resultou numa declaração à Assembléia Geral das Nações Unidas, apresentada por Rama Yade, em 2008. Mas trata-se apenas de uma declaração, um texto, simbólico, forte, mas sem valor de lei. É necessária uma resolução, e para isso nós devemos convencer mais Estados, obter uma maioria e uma decisão que em seguida deva ser aplicada.


Na França foi organizado um colóquio na Assembléia Nacional, do qual participaram os representantes oficiais da Conferência dos Bispos da França, da Federação Protestante, do Grão-Rabinato, da Mesquita de Paris e da União Budista da França.

sábado, 22 de maio de 2010

Cineastas chineses são censurados

Jia Zhang-ke e Wang Xiaoshua são nomes fortes da sexta geração de cineastas chineses que defende um cinema realista e preocupado com a falta de humanismo nestes modelos de progresso e reconstrução. Por isso, esta geração de cineastas, não tolerada pelo governo, que a persegue, boicota e censura seus filmes.

Jafar Panahi continua preso

O cineasta iraniano Jafar Panahi continua preso, mesmo sem acusação formal, por ter opinião contra o regime dos aiatolás e o totalitarismo religioso.

O 63º Festival de Cannes, na França, convidou Jafar Panahi para ser membro do júri internacional, deixando a sua cadeira vazia na cerimônia inaugural. Foi uma atitude exemplar como forma de protestar sua prisão.

Na abertura do evento foi exibido um vídeo clandestino de três minutos com o depoimento de Panahi sobre a sua prisão anterior para interrogatório. O agente que o questionava na prisão ficou sugerindo que ele abandonasse o Irã, fosse filmar em outro lugar no mundo. Fora do Irã o que será de Jafar Panahi? Ele é uma das vozes mais resistentes e ativas do Irã. Expulsá-lo do país é acabar com o seu cinema combativo e tão necessário para a liberdade de expressão.

Jafar Panahi ganhou prêmios internacionais como o de melhor diretor estreante com “O Balão Branco” no Festival de Cannes, França e o prêmio Leão de Ouro no Festival de Veneza, Itália, com o filme “O Círculo”.

O filme O Círculo trata das desgraças de mulheres oprimidas no Irã, depois de serem presas e serem rejeitadas por suas famílias.

Fonte: Jornal da Mostra Internacional de Cinema de SP – www.mostra.org

quinta-feira, 20 de maio de 2010

QUEM É DE AxÉ, DIZ QUE É (Who is AxÉ, says it is. Qui est AxÉ, affirme qu'il est)


Maria Leonor Oliveira


Maria Leonor Oliveira, Mãe Leonor, 72 anos de idade, nasceu em João Pessoa-PB, mas desde os sete anos que reside em Natal. Passou a infância com problemas de saúde e como não conseguia resolve-los com a medicina oficial, resolveu procurar um terreiro de umbanda. Aos dezenove anos começou a freqüentar a casa de José de Arimatéia, onde permaneceu por vinte anos. Com ele fez seu processo de iniciação. No orixá, para Xangô e Oxum. Na Jurema para o mestre Quebra Pedra e Caboclo Tupi Guerreiro.


Inicialmente abriu sua casa na cidade de São José de Mipibu, onde residia. Depois se mudou para o bairro das Rocas, continuando a desenvolver o ofício religioso em sua própria residência. No ano de 1994 construiu um espaço exclusivo para as atividades religiosas, no bairro Salinas – o Centro Espírita de Umbanda Xangô-Caboclo – onde atende a sua comunidade.


Maria Leonor Oliveira

Centro Espírita de Umbanda Xangô-Caboclo

Salinas – Natal/RN

segunda-feira, 17 de maio de 2010

As múltiplas linguagens da Umbanda


A denominada Umbanda Esotérica é uma das muitas linguagens que compreende o complexo universo da religião Umbanda no Brasil.

O vídeo mostra ritual conduzido por Pai Rivas Neto (Mestre Arhapiagha – sucessor de Mestre Yapacani) realizado no espaço religioso da Faculdade de Teologia Umbandista de São Paulo.

domingo, 16 de maio de 2010

Memória afro-brasileira no RN

Ritual realizado na casa de Babá Karol nos anos de 1980. Entre os participantes estão Joãozinho de Iemanjá, Jorge (de Macaíba), Erivan (do Planalto).

sábado, 15 de maio de 2010

Guia dos terreiros de umbanda do RN - 1985

Em 1985 a Fundação José Augusto/Centro de Documentação Cultural (Natal-RN) organizou, a partir de levantamento feito na Federação de Umbanda e Candomblé do RN, o “Guia dos terreiros de umbanda do RN”. O referido documento apresenta os seguintes dados quantitativos, na relação terreiros por região na cidade de Natal:


Região Sul - 35

Região Oeste - 79

Região Leste - 149

Região Norte - 33

Total - 296


Comparando estes números com dados mais recentes, podemos fazer algumas observações:


- Cresce o número de terreiros na região da zona norte e diminuem nas demais regiões;


- O maior índice de números de terreiros se concentrava no bairro das Quintas, com um total de 53 terreiros;


- O bairro do Alecrim, provavelmente decorrente da melhoria nos serviços de infra-estrutura urbana, diminui consideravelmente o número de terreiros, passando de 20 para em torno de 02;


- O bairro de Potengi (zona norte) que na época do levantamento (1985) apresentava 02 terreiros, atualmente tem em torno de 40 terreiros;

sexta-feira, 14 de maio de 2010

1871 – Acção de Libello de liberdade


Em junho de 1871, na cidade de Imperatriz (atual Martins-RN) foi feito o primeiro registro de ação civil de liberdade naquela cidade. Trata-se de uma petição na qual os (denominados) pretos Romana (de nação angola) e Manoel (seu filho) fazem citar dona Anna Martins de Lacerda, viúva, para “fallar aos termos de um libello cível de liberdade, em que querem mostrar que são livres para serem como tais reconhecidos”.

As ações cíveis de liberdade eram instrumentos que os escravos usavam para lutar por suas alforrias mesmo contra a vontade de seus senhores.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Steven Spielberg e Martin Scorsese assinam manifesto pela libertação de JAFAR PANAHI

O movimento pela libertação do cineasta iraniano Jafar Panahi, preso pelo governo de seu país desde o final de fevereiro, cresce com o apoio de grandes nomes de Hollywood. Steven Spielberg, Martin Scorsese, Francis Ford Coppola, os irmãos Coen, Michael Moore e Oliver Stone são alguns dos nomes mais importantes do cinema americano que assinaram a petição em defesa do diretor.

O tema foi apresentado neste Blog no dia 13/04/2010 (Totalismo religioso).

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Você conhece?


Recebi a doação de um conjunto de fotografias em preto e branco feitas nos anos de 1980, todas as fotos são relacionadas ao contexto religioso afro-brasileiro em Natal. Aos poucos estou tentando fazer a identificação delas para posteriormente colocá-las no link “acervo iconográfico” (lado direito deste Blog).

Esta é uma das fotos. Estou querendo saber quem é a pessoa desta foto? Alguém de Natal conhece?
Caso você conheça, por favor, clique em “comentários” e digite as informações. Desde já fico agradecido.

domingo, 9 de maio de 2010

Sons


Coral Luther King , 40 anos

A Comunidade Coral Luther King nasceu em novembro de 1970 fundada por Martinho Lutero, reunindo um grupo de pessoas de diferentes classes sociais, cores e credos, com o objetivo de expressar a música coral no seu sentido mais amplo e abrangente, cantando a cultura brasileira e a dos povos que contribuíram para sua formação, convencida que a prática coral colabora para um maior desenvolvimento social dentro dos conceitos de paz, liberdade e igualdade.

O Coral Luther King foi responsável pela difusão do gênero musical mundialmente conhecido como Negro Spiritual, passando a integrar o repertório musical de grande parte dos grupos corais do país. Esse gênero se alimenta da música dos escravos negros da América influenciada pela cultura protestante, o sincretismo dos temas melódicos das divindades tradicionais africanas com a visão harmônica positivista do protestantismo ocidental.

Coro Luther King

Direção Artística: Maestro Martinho Lutero Galati

www.lutherking.art.br/lutherking/

sábado, 8 de maio de 2010

QUEM É DE AxÉ, DIZ QUE É (Who is AxÉ, says it is. Qui est AxÉ, affirme qu'il est)


Severino Willian Freitas


Pai Freitas ou simplesmente Freitas como é conhecido, nasceu em Natal, no ano de 1975. Filho de pais católicos, ainda criança começou a vivenciar sua mediunidade, principalmente no dia em que recebeu o mestre Benedito Fumaça e este sentenciou que ele teria que desenvolver. Tinha 11 anos de idade e sua mãe o levou ao terreiro de Pai Rivaldo, sendo iniciado no orixá, fazendo o santo para Iansã com Oxum. Ainda com Pai Rivaldo fez assentamento na Jurema para o mestre Benedito Fumaça, tendo como padrinho Babá Karol. No ano seguinte, fez a renovação e consagração na Jurema com Babá Karol, que continuou seu processo de renovação até os 21 anos de Jurema.


Com a morte de Pai Rivaldo, a mão de morto foi retirada pelo Babá Cristianizio de Obaluaê, Babá Kutu, de Feira de Santana-BA, concedendo-lhe o cargo de babalorixá. Anos depois fez a renovação dos 14 anos com Babá Boni de Xangô, atual guardião do seu orixá.


Em 1990, aos 15 anos de idade, já atendendo a quem o procurava buscando solução para seus diversos problemas resolve abrir seu terreiro, que passa a funcionar em sua própria residência. Continua cultuando seus orixás e trabalhando com o mestre Benedito Fumaça, Caboclo Tamandaré e a mestra Paulina, que é considerada a guardiã da casa.


Embora muito jovem Pai Freitas, foi responsável pela consagração de vários juremeiros da cidade, entre os quais: Gilmar, Aurino, Aluisio de Pirangi, Claudinho, Cleone Guedes.


Pai Freitas

Terreiro de Jurema Mestre Benedito Fumaça

Cidade da Esperança – Natal/RN

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Repúdio a matéria da revista VEJA

Em fevereiro deste ano a Revista Veja (ed. 2150, 3/02/2010) e a Revista Isto É (ed. 2100, 05/02/2010) publicaram matérias em que desqualificam as religiões ayahuasqueiras brasileiras, veiculando e promovendo conteúdos indutores de juízos equivocados e preconceituosos (Ver post neste Blog no dia 19/02/2010).


Esta semana a mesma revista Veja volta a atacar. Desta vez com uma matéria intitulada "A farra da antropologia oportunista", em que enfoca, através de um jornalismo irresponsável, preconceituoso e difamatório, o tema dos laudos e perícias realizados por antropólogos sobre territórios indígenas e quilombolas. É óbvio que este tipo de matéria objetiva contribuir para inviabilizar conquistas dos grupos sociais minoritários e subalternos.


A Diretoria da Associação Brasileira de Antropologia – ABA emitiu a seguinte nota sobre a recente matéria publicada pela revista VEJA:


Frente à publicação de matéria intitulada "A farra da antropologia oportunista" (Veja ano 43 nº 18, de 05/05/2010), a diretoria da Associação Brasileira de Antropologia (ABA), em nome de seus associados, clama pelo exercício de jornalismo responsável, exigindo respeito à atuação profissional do quadro de antropólogos disponível no Brasil, formados pelos mais rigorosos cânones científicos e regidos por estritas diretrizes éticas, teóricas, epistemológicas e metodológicas, reconhecidas internacionalmente e avaliadas por pares da mais elevada estatura cientifica, bem como por autoridades de áreas afins.


A ABA reserva-se ao direito de exigir dos editores da revista semanal Veja que publique matéria em desagravo pelo desrespeito generalizado aos profissionais e acadêmicos da área.


Portal da ABA: www.abant.org.br

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Direitos Humanos, liberdade e respeito à pessoa

O site inglês Iranian Railroad for Queers Refugees publicou matéria que trata da situação da militante lésbica iraniana Kiava Firouz, ao mesmo tempo em que faz campanha solicitando assinatura ao pedido para que a militante não seja deportada da Inglaterra.

Vejam o resumo da matéria:

Kiava Firouz é iraniana, e nasceu em 1983 em Teerã. Ela produziu um documentário sobre a vida de homossexuais no Irã, o que acabou por colocar em risco sua própria vida naquele país, obrigando-a a se refugiar e pedir asilo no Reino Unido, onde atualmente está vivendo. Vale lembrar que o Irã é um dos sete países do mundo que criminaliza a homossexualidade com a aplicação de pena de morte, geralmente por enforcamento ou apedrejamento.

Porém, embora reconheça sua orientação sexual, o governo britânico negou o pedido de asilo de Kiava Firouz, o que implicará em sua deportação em curto prazo. É certo que se Kiava voltar ao Irã ela será assassinada pelo regime dos Aiatolás.

Contra esta decisão foi apresentado um recurso, mas segundo a opinião da pessoa que se apresentou como responsável e garantidora do pedido de asilo, a chance desta decisão ser mudada é pequena.

Para salvar a vida de Kiana Firouz, suspendendo sua deportação do Reino Unido, peço que assinem a petição on line no seguinte endereço:
http://www.petitiononline.com/kianaf/petition.html

O caminho para assinar o documento é o seguinte:

1) acesse o site;

2) coloque seu nome no quadro (name) e e-mail no qudro Email Address;

3) clicar em Sign Petition;

4) clicar em Approve Signature;


Fonte: Resumo da matéria feita por Eduardo Piza (Instituto Edson Neris – IEN).



sábado, 1 de maio de 2010

O encontro com mestres juremeiros

Babá Karol, 1988.
(Foto: Cazé)

Em 1988 visitei pela primeira vez um terreiro de umbanda. Foi o de Chico Alves, no bairro Dix-sept Rosado, em Natal. Fizemos uma longa entrevista, assistimos rituais, fotografamos, conhecemos sua história e sua casa.

Este encontro se deu no contexto do estudo da coleção religião afro-brasileira composta por dezena de peças, pertencente ao acervo do Museu Câmara Cascudo da UFRN. A idéia partiu da diretora do departamento de museologia, professora Wani Fernandes, que coordenou o projeto e convidou-me para integrar a equipe de trabalho.


Durante a realização do estudo da coleção, Chico Alves nos ajudou na identificação e descrição de muitos dos objetos. E mais que isso, nos indicou outros sacerdotes da religião, como Babá Karol e Joãozinho de Iemanjá.


Concluído o estudo, o fascínio pela Jurema tinha se instalado em mim. Resolvi caminhar sozinho, em busca da Jurema. Fui à busca de Karol e de sua prática religiosa. Lá encontrei um pouso certo, mas inquieto resolvi navegar atrás de outros portos e fui descobrindo muitos outros juremeiros e umbandistas, como Geraldo Guedes, Geraldo do Caboclo, Rivaldo, Zé Clementino. Desde então nunca mais parei de navegar e estou sempre pousando na casa dos herdeiros desses e de outros grandes mestres. No entanto, estas águas navegadas deixaram-me de levar ao encontro de tantas outras pessoas das quais tenho escutado referências e que gostaria de tê-las conhecido.

Seminário de Pesquisa