Nesta semana a mídia destacou casos de homofobia em diferentes países africanos, em contextos em que ideologias políticas, religiosas e de tradições culturais sobrepõem aos direitos humanos. Assim, é oportuno lembrar a recente entrevista concedida ao jornal francês Le Monde, pelo porta-voz do Conselho Representativo das Associações Negras (CRAN), Louis-Georges Tin, em que fala sobre a realização da 6ª edição do Dia Mundial Contra a Homofobia, cujo tema trata da homofobia e as religiões.
Em um dos trechos da entrevista, Louis-Georges Tin ressaltou que com frequência as religiões estimulam homofobia:
“As tradições religiosas com frequência contribuem para reforçar a homofobia, por isso escolhemos o tema. Este ano, não pedimos que os crentes e especialmente os responsáveis religiosos aprovem a homossexualidade, mas algo bem diferente, que desaprovem a homofobia. Principalmente quando se trata de violências cometidas em nome de um Deus, qualquer que seja. Não pretendemos entrar no terreno da teologia, que não é o nosso; pedimos aos teólogos que venham para o terreno dos direitos humanos, que concerne a todos nós”.
Jornal Le Monde: Em 2006, você dizia que 80 países ainda consideravam a homossexualidade um crime, isso ainda é assim?
Louis-Georges Tin: E em sete países, principalmente no arco do Oriente Médio, a pena de morte é exigida contra os homossexuais, com base na sharia. Em 2006, lançamos um apelo “pela descriminalização universal da homossexualidade”. Esta petição foi amplamente apoiada por personalidades como Jacques Delors, artistas como Meryl Streep, prêmios Nobel como Desmond Tutu, Dario Fo, etc.
Nossa campanha resultou numa declaração à Assembléia Geral das Nações Unidas, apresentada por Rama Yade, em 2008. Mas trata-se apenas de uma declaração, um texto, simbólico, forte, mas sem valor de lei. É necessária uma resolução, e para isso nós devemos convencer mais Estados, obter uma maioria e uma decisão que em seguida deva ser aplicada.
Na França foi organizado um colóquio na Assembléia Nacional, do qual participaram os representantes oficiais da Conferência dos Bispos da França, da Federação Protestante, do Grão-Rabinato, da Mesquita de Paris e da União Budista da França.
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