Amanhã inicia o levantamento demográfico brasileiro – CENSO 2010.
É importante fazermos uma campanha no sentido de informar a todos os amigos e conhecidos que ao ser perguntado sobre a religião responda com firmeza a sua crença: Quem é de Axé diz que é.
Informe ao recenseador como você achar melhor: candomblé ou umbanda.
Sua palavra precisa ser firme e você deve estar atento para que a anotação seja feita sem qualquer margem de erro em relação ao que declarou.
Durante esta semana a UFRN sedia a 62ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – SBPC. Na programação uma série de eventos contemplando os campos da ciência, educação e arte. Selecionei algumas palestras e apresentações artísticas para assistir e participar. No decorrer da semana trarei algumas informações e comentários.
62ª SBPC De 25 a 30 de julho, na UFRN, Natal, RN http://www.sbpcnet.org.br/natal/home
A idéia de Freitas em festejar seu mestre Benedito Fumaça nas terras do Acais foi muito boa, pela oportunidade das pessoas conhecerem onde Maria viveu. Principalmente as gerações mais novas que nada sabem de sua história, uma personagem quase lendária ou envolta numa áurea mítica. Mas Maria do Acais existiu e foi uma importante juremeira, celebrada em toda região. É também uma forma de reforçar os laços da tradição, no caso a da jurema do Acais. Neste Blog já escrevi algumas passagens de sua história de vida.
A comitiva formada por quase cinqüenta pessoas visitou alguns dos locais sagrados daquelas terras de Alhandra, como o local aonde Zezinho do Acais veio a falecer, a capela construída por Maria do Acais e a jurema onde está sepultado mestre Flósculo (filho de Maria).
A gira foi realizada no espaço onde fica a jurema de mestre Flósculo, por traz da capela. A chuva fina que caía não impediu que os tambores tocassem e que as entidades fossem saudadas. Oferendas foram feitas e a bebida da jurema foi distribuída. A noite escura foi testemunha do encerramento do ritual e perseverança dos juremeiros de reafirmar sua prática e crença.
Vejam a seqüência de fotos no lado direito desta página.
Amanhã, passarei o dia em Alhandra, Paraíba, cidade conhecida como o berço da jurema de Maria do Acais. Recebi um convite de Babá Freitas e junto com representantes de alguns terreiros de Natal, iremos participar da festa do mestre Benedito Fumaça.
No próximo mês de agosto tem inicio o levantamento demográfico brasileiro – CENSO 2010.
Para este ano, o Movimento Negro está em campanha, em nível nacional. E, agora, é para que todos aqueles que são adeptos das Religiões de Matrizes Africanas respondam sem qualquer dissimulação: “Quem é de Axé diz que é!”
O quesito “religião ou culto” continua no Questionário de Amostra e tem campo aberto para que o recenseador ou a recenseadora anote a “religião ou culto” declarado pelo cidadão, pela cidadã.
Tanto no quesito “cor ou raça” para todos (no Questionário Básico); quanto ao quesito “religião ou culto” para alguns que responderão o Questionário Amostra, a população negra e seus descendentes estão conscientes de que suas palavras precisam ser firmes e que devem estar atentos para que a anotação seja feita sem qualquer margem de erro em relação ao que declarou.
O Fórum Estadual das Culturas Populares Tradicionais da Paraíba, entidade com a participação de mestras, mestres, brincantes, representantes de grupos tradicionais populares, produtores culturais, articuladores, pesquisadores de cultura popular e representantes de entidades dedicadas à cultura, foi criado com o objetivo de promover o encontro, o debate e a organização política desse setor para a promoção das Culturas Populares Tradicionais.
Recentemente o Fórum publicou uma Carta Aberta para expressar aos gestores públicos a respeito da necessidade de implementação de ações urgentes que demonstrem respeito para com as formas de expressão tradicionais e seus respectivos produtores, bem como que salvaguarde o patrimônio vivo do povo paraibano.
Diante de um quadro histórico de ausência de ações governamentais consistentes e continuadas, no âmbito do Estado e dos Municípios da Paraíba, destinadas à preservação, manutenção e fomento das Culturas Populares Tradicionais, os participantes do Fórum Estadual das Culturas Populares Tradicionais da Paraíba tornam público e apresentam propostas de políticas públicas para serem adotadas pelos governos municipais, estadual, fundações e demais entidades dedicadas à cultura.
A seguir listamos algumas destas propostas:
1.Promover eventos de cultura popular que valorizem a cultura viva nos bairros e nas comunidades;
2.Criar espaços livres para apresentações de cultura popular tradicional em eventos realizados pelos poderes públicos;
3.Estabelecer as praças, terrenos públicos vazios e congêneres em todo o Estado da Paraíba como territórios livres para a cultura;
4.Criar um valor mínimo de cachê para apresentações de espetáculos de Cultura Popular, equivalente ao de outros artistas locais;
5.Os artistas não devem ser obrigados a pagar o ISS antecipadamente como condição para receberem os cachês.
6.Os órgãos públicos e privados, como forma de respeito, devem pagar os cachês aos grupos e artistas populares antecipadamente ou no momento das apresentações, dispensando o mesmo tratamento que é dado aos artistas de renome.
7.Como forma de incentivar e priorizar a cultura popular tradicional, que historicamente tem sido pouco contemplada, quando não excluída, pelas ações governamentais na área da cultura, deve haver a isenção de impostos ou estabelecimento de alíquota zero para os artistas e grupos de cultura popular tradicionais, até um limite de valor de cachê.
8.Criar campanhas publicitárias, para a valorização da Cultura Popular em toda a sua diversidade, pelos poderes públicos do Estado e dos municípios.
9.Dar o mesmo espaço de participação, destaque e valorização aos artistas de cultura popular na mesma medida dos demais (música, teatro, artes visuais, cinema, etc.) na publicidade de eventos que tenham a participação da Cultura Popular Tradicional.
10.Criar cargo específico nas instâncias dos executivos municipal e estadual para o desenvolvimento das políticas públicas para as culturas populares;
11.Garantir verbas específicas para a execução de políticas públicas voltadas às Culturas Populares Tradicionais, no âmbito do Estado e dos municípios.
12.Garantir a instalação do Centro de Referência de Cultura Popular da Paraíba;
No próximo mês de agosto acontece a 46ª edição do Festival de Folclore de Olímpia, São Paulo, o mais importante evento do gênero no país.
O Pastoril Dona Joaquina, de São Gonçalo do Amarante-RN, foi convidado a participar do referido evento, no entanto, conforme carta aos amigos divulgada pelo grupo, “mais uma vez, estamos numa verdadeira batalha para compor os valores para comprar nossas passagens ... Infelizmente, os órgãos competentes nem sempre são sensíveis a importância da participação de grupos vindos do povo...”.
Convictos que não devem desistir, o grupo está pedindo o apoio de todos nessa empreitada: idéias, indicações de patrocinadores, valores e até divulgando a luta.
www.pastorildonajoaquina.blogspot.com
Sephora Bezerra - Coordenadora do Pastoril Dona Joaquina Telefones: (84) 99141070 ou 32782272
Abaixo os e-mails das autoridades de Santa Catarina que tem o dever de investigar e punir os responsáveis pela violação dos direitos da comunidade religiosa Tenda de Umbanda Caboclo Pajelança – Jaraguá do Sul/SC.
Se possível, entre em contato com essas autoridades transmitindo-lhes o sentimento de indignação dos brasileiros que acreditam viver num país em que se respeita a liberdade religiosa.
Preceitos constitucionais garantem aos brasileiros a:
- “inviolabilidade da liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e as suas liturgias”;
- “ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa”;
Algumas Leis específicas:
Código Penal no artigo 208, que trata de ultraje a culto, seu impedimento ou sua perturbação, considerando crime contra o sentimento religioso “escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa; impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso; vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso”;
Artigo 140 do Código Penal: se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião ou origem, a pena é de reclusão de um a três anos e multa.
Lei de Abuso de Autoridade (Lei No 4.898, de 9 de dezembro de 1965) que regula o Direito de Representação e o processo de Responsabilidade Administrativa Civil e Penal, nos casos de abuso de autoridade. O artigo terceiro estabelece como abuso de autoridade qualquer atentado a liberdade de consciência e de crença, ao livre exercício do culto religioso e ao direito de reunião.
Lei 7.716 de 5 de janeiro de 1989 define os crimes resultantes de preconceito. O artigo primeiro diz que “serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”. (Redação dada pela Lei no 9.459, de 15/05/97). O artigo 20 é claro, ao proibir praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. (Redação dada pela Lei no 9.459, de 15/05/97).
Embora existam preceitos constitucionais que amparem a liberdade de escolha e prática de cultos religiosos; embora exista um conjunto de Leis que visam regular os dispositivos constitucionais, a violência e a intolerância religiosa continuam ganhando forma em diferentes ações e atitudes.
É fundamental que as comunidades de terreiros se organizem para exigirem das instituições e autoridades competentes o cumprimento dos dispositivos legais, no sentido de garantir a manutenção de uma sociedade culturalmente plural. Mas também é importante que as associações, organizações, federações organizem uma agenda de trabalho junto às comunidades, para que estas tenham conhecimento dos seus direitos e deveres; do entendimento de alguns dispositivos legais e de como colocá-los em prática.
Na noite de 26 de junho deste ano de 2010 na cidade de Jaraguá do Sul, Estado de Santa Catarina, a Tenda de Umbanda Caboclo Pajelança, foi invadida por policiais militares armados, que além de mandarem paralisar a sessão de pretos velhos, deu voz de prisão a diretora de culto, o ogan, menor de idade e alguns frequentadores.
Cristiane Tomaz de Oliveira, a diretora de culto, tem certeza de estar sendo vítima de perseguição religiosa, haja vista que os policiais militares ao chegarem ao distrito, mostraram um abaixo assinado de vizinhos para que o centro umbandista feche as portas e se mude do bairro.
A invasão – absolutamente inconstitucional – e a violência da polícia de Santa Catarina nesse episódio ultrapassaram não apenas os limites legais, mas, sobretudo, o bom senso, beirando a barbárie.
A dupla personalidade musical de um artista que transita entre dois destinos: o que as circunstancias lhe propuseram e o outro que ele constrói por conta própria.
Nascido Sebastião Barros num 20 de janeiro de 1917 em Taipu, Rio Grande do Norte, torna-se K-Ximbinho, neste Rio outro, o de seu padroeiro, e que escolhe para si junto com o apelido que definiria seus anseios mais profundos.
Começou a fazer música com a requinte (pequena clarineta) na Associação dos Escoteiros do Alecrim de onde segue para a Panjazz como estudante secundário e descobre o saxofone alto na banda do serviço militar.
Estréia profissionalmente aos 18 anos com a Orquestra Tabajara, em sua primeira fase ainda no Nordeste brasileiro, onde permaneceria até 1942. Muda-se para a cidade do Rio de Janeiro. Toca nas orquestras de Fon-Fon e Napoleão Tavares em bailes de formatura e debutantes, enquanto inspira-se nas formações jazzísticas da West Coast e nos arranjos de Chico Hamilton e Günter Schüller para apresentar-se nos concertos de jazz, década de 50, onde liderava seus arranjos improvisados.
Estuda harmonia e contraponto com o mítico Hans Joachim Koellreutter durante o dia e a noite nas boates Night and Day e Béguin ou no Avenida Dancing continuaria improvisando horas inteiras.
O Rio que continua de Janeiro para todos terminou para ele em 26 de junho de 1980. Nem Sebastião, nem K-Ximbinho esvaneceu-se no anonimato.
Restaram obras belíssimas conhecidas de poucos.
(Fragmentos do texto escrito por Halina Grynberg em 2002 para o encarte do CD Paulo Moura K-Ximblues).
Em 2002 o músico Paulo Moura lançou o belo CD “K-Ximblues” no qual interpreta com sua clarineta ao longo das 10 faixas, composições do músico potiguar K-Ximbinho.
Vejam que comovente a composição “Ternura” na interpretação de Paulo Moura.
Faleceu nesse domingo, dia 11/07 na cidade de São Gonçalo do Amarante, o Mestre dos Congos de Saiote, Lucas Teixeira de Moura aos 89 anos.
Dedicou toda sua vida a cultura e a sua família. Era um brincante apaixonado pela dança e canto tradicional. Brincou no Boi do Mestre Pedro Guagiru, no Fandango do Mestre Atanásio, nos Caboclinhos, no Bambelô e nos Congos de Saiote de São Gonçalo do Amarante.
Em 2007 foi agraciado com o PRÊMIO CULTURAS POPULARES - MESTRE DUDA pelo Ministério da Cultura.
A Lei 10.639 trata do ensino de história e cultura afro-brasileira nas escolas de ensino fundamental e médio. Desde a publicação em 2003 têm sido muitas as dificuldades para a sua implantação.
Durante este semestre, nas atividades da disciplina “Pluralidade Cultural e Educação”, no curso de Licenciatura em Ciências Sociais – UFRN, propus para os alunos a execução de uma pesquisa nas escolas da rede pública de ensino, com o objetivo de conhecer a relação do corpo docente com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), os Temas Transversais e a Lei 10.639.
A pesquisa foi realizada em 24 escolas da cidade de Natal e 96 professores responderam ao questionário. Embora seja uma amostragem, é interessante observar o resultado porque aponta para questões referentes à temática e ao conteúdo no cotidiano das escolas.
No tópico que se refere à Lei 10.639, vejamos alguns dados:
Dos 96 professores pesquisados:
62 professores não têm conhecimento sobre a Lei 10.639;
72 professores não receberam informações (palestra, curso ou treinamento) sobre a referida Lei;
70 professores responderam que inexiste um trabalho de implantação da Lei em sua escola;
88 professores concordam que o tema da história e cultura afro-brasileira deve ser ensinado na escola;
33 professores apontam dificuldades para o ensino desse conteúdo em sala-de-aula;
Glossário Caboclo é uma publicação do pesquisador Aucides Sales que procura fazer um levantamento das palavras Tupi guarani usadas no português falado no Brasil. O livro está organizado por tópicos que contempla nomes próprios, adjetivos, substantivos, verbos, toponímia, entre outros.
Algumas palavras citadas:
Canindé: filho gêmeo de Tupã é o responsável pelas guerras, em oposição a Arandi, o professador da paz.
Cibamba: entidade do catimbó. De Ce cambá = meu amigo.
Paraguassu: mar grande.
Urubatam: uru (espécie de ave) forte.
Ipanemado: adoentado, azarado, doentio. De i paném va=enfeitiçado.
Em 1940 Manoel Rodrigues de Melo publicava seu primeiro livro – Várzea do Açu, pela Edição dos Cadernos. São Paulo.
Com Várzea do Açu, Manoel Rodrigues de Melo iniciava o registro etnográfico e a reflexão sociológica sobre a região do vale do Açu potiguar, procurando fixar aspectos da paisagem e costumes daquele espaço. Ele é o “cronista da Várzea do Açu”, como destaca Câmara Cascudo no prefácio da primeira edição.
O livro Várzea do Açu é composto por quatro partes: na primeira, denominada de vida rural, descreve o meio ambiente, a terra, os animais, os fenômenos da natureza e a relação do homem com esse complexo. Na segunda parte, fala dos vultos e tipos, trazendo para o leitor diferentes personagens daquelas terras. A terceira é dedicada às festas e tradições e a quarta parte evoca alguns nomes perdidos, ao mesmo tempo em que aponta as transformações e mudanças ocorridas na região. O livro contém fotografias e o registro de notas e vocabulário.
Manoel Rodrigues de Melo nasceu em 1907, na fazenda Queimado, ilha de São Francisco, no município de Macau – RN. Sua produção escrita foi voltada para os estudos de sociologia e etnografia do RN. O escritor teve uma intensa vida intelectual e política. Escreveu para jornais e revistas. Foi membro da Academia Norte-rio-grandense de Letras e da Comissão de Folclore. De sua vasta publicação constam sete livros, além de dezenas de artigos em revistas e jornais.
Os livros:
1. Várzea do Açu (1940, São Paulo)
2. Patriarcas e carreiros (1944, Rio de Janeiro)
3. Cavalo de pau (1953, Rio de Janeiro)
4. Chico Caboclo e outros poemas (1957, Rio de Janeiro)
5. Terras de Camundá (1972, Rio de Janeiro)
6. Dicionário da imprensa do RN (1987, São Paulo)
7. Memória do livro potiguar: apontamentos para uma bibliografia necessária (1994, Natal)