domingo, 29 de agosto de 2010

Festa para o Mestre José da Virada


Ontem a noite estive na Tenda Espírita Iemanjá Oguntê, bairro de Igapó (Natal-RN) participando da festa para o Mestre José da Virada, organizada pelos sacerdotes Yá Cremilda, Tiago e Aderbal. Além da comunidade religiosa da Tenda, a festa contou também com a participação de um grupo vindo de Caicó, sob a liderança de Pai Leo.


Como manda a tradição, pelo menos uma vez por ano e dentro das possibilidades de cada terreiro, faz-se uma festa para o mestre da casa ou de seu dirigente. No dia anterior a festa pública, em uma atividade privada em que participa algumas pessoas do terreiro é realizada a matança dos animais que serão oferecidos ao mestre. Para a festa do Mestre José da Virada foi morto um garrote, oito bodes e vários bichos de pena (galos e galinhas). Dar-se de comer ao mestre e a comunidade do terreiro, uma vez que um farto banquete é preparado para ser distribuído ao final da festa.


Zé da Virada

Da cidade da Jurema

Vai virar seus inimigos

No tronco do juremá

Ele virou, ele vai virar

Ele virou pra saber lhe respeitar


O momento mais esperado da festa é a chegada do Mestre. No caso, o momento em que Tiago incorpora o Mestre José da Virada. O Mestre é vestido, ou seja, ele apresenta-se com suas vestimentas e adereços. Ele canta, dança, bebe sua bebida preferida. Os participantes o saúdam com alegria, dão-lhe presentes, conversam. E assim, por horas, ele fica em terra.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

"Avaaz" significa "voz" e "canção" em várias línguas.

A Avaaz.org - The World in Action é uma rede de campanhas globais de 4,9 milhões de pessoas que se mobiliza para garantir que os valores e visões da sociedade civil global influenciem questões políticas internacionais.

"Avaaz" significa "voz" e "canção" em várias línguas.

Membros da Avaaz vivem em todos os países do planeta e a equipe está espalhada em 13 países de 4 continentes, operando em 14 línguas.

Saiba mais sobre as campanhas: www.avaaz.org/po/contact

Sakineh Ashtiani: uma campanha global por justiça

A Avaaz.org, responsável pela campanha pedindo justiça para Sakineh Ashtiani divulgou relatório sobre a ação. A meta foi atingida em apenas 12 horas após lançar a campanha. Foram publicados anúncios em jornais e na internet.

O Presidente Lula ofereceu asilo à Sakineh. O Primeiro Ministro da Turquia solicitou ao seu governo levar adiante “uma intensa diplomacia” com o Iran a favor de Sakineh, posicionamento fortalecido pelo governo brasileiro.

A pressão internacional salvou Sakineh de ser apedrejada por adultério e impediu a sua execução até agora. Porém o regime agora diz que irá enforcá-la pelo assassinato do seu marido, uma acusação que foi oficialmente removida 4 anos atrás. Duas semanas atrás, a televisão iraniana mostrou imagens embaçadas e difíceis de ouvir, de uma confissão de Sakineh. Os advogados dela dizem que a confissão foi forçada após 2 dias de tortura.

Apesar do cenário sombrio, o fato do regime continuar adiando a revisão judicial do caso, e deles se darem ao trabalho de mostrar o caso em rede nacional, mostra que o chamado por justiça teve uma forte repercussão.

Se a pressão for mantida, há ainda uma chance de invalidar a sentença dela.

Vamos inundar a embaixada do Iran com telefonemas, mensagens de voz e visitas. Eles terão que reportar os contatos à Teerã, que terá noção da preocupação global em torno do caso. Esta não é uma cruzada ocidental contra o Irã, mas sim uma campanha global por justiça.

Juntos ajudamos Sakineh a passar de uma vítima quieta de uma punição arcaica para um símbolo da luta pela justiça ao qual até os líderes mais poderosos do Irã tem que responder. A situação de Sakineh ainda é grave, porém é na sua hora mais sombria que a esperança tem mais força.

Assinamos a petição. Agora vamos pegar o telefone.

Veja abaixo os números da embaixada iraniana e o que falar ao telefone.

Brasil: 0XX (61) 3242-5733 (3242-5124 / 3242-5874)

Se eles não atenderem, não se preocupe, significa que eles entenderam o recado – e vamos deixar o telefone tocar. Se você não sabe o que dizer, veja 3 pontos simples para falar:

1. Você está aliviado que a sentença de Sakineh de morte por apedrejamento foi anulada, mas pede que o governo garanta o fim do apedrejamento no Irã.

2. Você está preocupado(a) que o julgamento de Sakineh não foi justo em relação à acusação de assassinato já que esta acusação havia sido anulada em julgamentos anteriores e pede a libertação imediata de Sakineh.

3. Peça para o governo iraniano dar um exemplo de justiça neste e em outros casos, adotando medidas para que nenhuma pessoa, sob a lei iraniana, seja executada por adultério, seja por apedrejamento ou qualquer outro tipo de execução.

www.avaaz.org/po/contact

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

O caos no corpo

Acendo-me da escuridão


Acendo-me da escuridão que sou,

encomendada e prometida.

De mim tão parca, tiro vastidões. Avanço.

A castidade me faz devassa,

as antiguidades me renovam.

Da minha fragilidade, colho forças. Prodígios.

Sei de quantas angústias se faz serenidade,

conheci a negrura do arco-íris,

descobri a ossatura da lesma.

Não sou uma só, nem duas:

sou muitas e não me divido.

Mas isso não é agrura, é sina.

Cravei na fugacidade a minha permanência.

Abastecida de estios, fui.

E no degredo encontrei minha pátria.

E porque encontrei o deus, eu o procuro,

eu o procuro, eu o procuro...


Carmen Vasconcelos


O Caos no Corpo

João Pessoa: Idéia, 2010.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Crônicas, poesias, sentimentos

Algum tempo atrás postei aqui no Blog um dos muitos escritos da poetisa Carmen Vasconcelos. Volto a falar na escritora para registrar que logo mais às 19 horas ela vai lançar seu livro O Caos no Corpo, na Livraria Siciliano do Midway Mall (Natal-RN).


No convite ela já nos brinda com um dos seus escritos:


Não tenho cio nem paciência

para versos que não se fincam:

poesia sem surpresa ou milagre,

frases feitas de acanhamento.


Recuso a palavra opaca,

tensa de medos e recuos,

palavra que não dá sustento.


Em poesia ponho pão e vinho,

carne, transubstanciação:

pois tudo falte à palavra,

só não falte atrevimento.

sábado, 21 de agosto de 2010

Em tempos de campanha política

Nesse dias de campanha política sabemos que é possível encontrar um desses pretendentes a carreira legislativa nos mais diferentes lugares, inclusive naqueles espaços que em outro contexto provavelmente ele não iria – como no terreiro ou barracão. Agora se apresenta como amigo. Acha bonito o ritual. É possível até ensaiar uns passos e cantarolar uns pontos. Mas será que em outra situação ele (o pretendente a político) estaria por perto? Freqüentaria as giras e as festas?


É bom não esquecer: com quais poucos contamos quando o terreiro ou o barracão é alvo dos vizinhos e daqueles que nos olham como inimigos, desrespeitando nossos espaços sagrados? Que faremos quando fecham nosso espaço? Quando temos que fazer a via cruces das delegacias e processos? Todos nós sabemos e conhecemos vários casos e das dificuldades para resolvê-los. Nessas situações, será que contamos com algum político? Qual deles tem a coragem de assumir a defesa de uma prática religiosa discriminada pela sociedade?


Deveríamos nos perguntar sobre quem é a favor do Plano Nacional de Proteção à Liberdade Religiosa? (plano que mais uma vez teve seu anúncio protelado, inclusive com o apoio da bancada evangélica). Só para lembrar, esse plano legalizaria os imóveis em que funcionam terreiros de umbanda e candomblé, além de prever o tombamento de templos das religiões de matriz africana.


As questões são muitas. É bom não esquece-las. Poderíamos até amplia-las e buscar saber quais os políticos do congresso nacional que se colocam contra o Decreto Presidencial nº 4.887/2003, que regulamenta o Artigo 68 do ADCT da Constituição Federal, sobre o reconhecimento de direitos de propriedade da terra das comunidades quilombolas.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Apresentação e defesa de dissertação de mestrado

Aqui todo mundo é da mesma família: parentesco e relações étnicas entre os

ciganos na Cidade Alta, Limoeiro do Norte, CE.


Lailson Ferreira da Silva


Banca:

Luiz Assunção – Orientador

Maria Patrícia Lopes Goldfarb – UFPB

Edmilson Lopes Junior – UFRN


RESUMO

O trabalho tem como objetivo compreender como diante de um contexto de constante interação com a população local, os ciganos da família Alves dos Santos, residentes no bairro Cidade Alta, Limoeiro do Norte, CE, mantêm o sentimento de pertencimento étnico. Para tanto, analisa as relações sociais entre ciganos e não-ciganos na comunidade, pois é a partir do contato que as fronteiras sociais são delineadas, como os discursos e representações sociais que são utilizados para qualificá-los a partir de estigmas. Além disso, procura identificar os elementos utilizados por estes sujeitos sociais para fundamentarem e legitimarem sua identidade. Assim, consta que alicerçados na noção de família, os ciganos se vêem enquanto grupo, buscando na história/passado nômade, origem e sangue comuns os elementos que fundamentam a sua condição, sendo a linguagem um traço cultural que possibilita estabelecer diferenciações objetivas entre os ciganos e os demais moradores da comunidade, tornando-se, portanto, um sinal diacrítico.

Data: 23/08/2010

Hora: 14 h

Local: UFRN – Auditório Consecão – CCHLA (Azulão)

domingo, 15 de agosto de 2010

O sermos mundo

Li recentemente O sermos mundo, escrito por Mia Couto no livro Pensamentos, que quero compartilhar com vocês. Escreve o autor:


Numa conferencia em que este ano participei na Europa, alguém me perguntou: o que é, para si, ser africano?

E eu lhe perguntei, de volta: E para si, o que é ser europeu?


Ele não sabia responder. Também ninguém sabe exatamente o que é africanidade. Neste domínio há muita bugiganga, muito folclore. Há alguns que dizem o o “tipicamente africano” é aquele ou aquilo que tem um peso espiritual maior. Ouvi alguém dizer que nós, africanos, somos diferentes dos outros porque damos muito valor à nossa cultura. Um africanista numa conferencia em Praga disse que o que media a africanidade era um conceito chamado “ubuntu”. E que esse conceito diz que “eu sou os outros”.


Ora todos estes pressupostos me parecem vagos e difusos, tudo isto surge porque se toma como substância aquilo que é histórico. As definições apressadas da africanidade assentam numa base exótica, como se os africanos fossem particularmente diferentes dos outros, ou como se as suas diferenças fossem o resultado de um dado de essência.


África não pode ser reduzida a uma entidade simples, fácil de entender. O nosso continente é feito de profunda diversidade e de complexas mestiçagens. Longas e irreversíveis que são um dos mais valiosos patrimônios do nosso continente. Quando mencionamos essas mestiçagens falamos com algum receio, como se o produto híbrido fosse qualquer coisa menos pura. Mas não existe pureza quando se fala da espécie humana. Não há economia atual que não se alicerce em trocas. Pois não há cultura humana que não se fundamente em profundas trocas de alma.

Justificando Ausência

Esses dias tenho estado sem postar. Além do início do semestre letivo e das tarefas que preciso organizar para o andamento do curso iniciado, tenho outras obrigações a cumprir e algumas com prazo urgente, como o relatório de pesquisa para o CNPq, que estou encerrando, além dos trabalhos de conclusão da pós-graduação que tenho que ler e analisar.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Sakineh Ashtiani – mais ajuda é necessária no caso da iraniana

Os organizadores da petição pela liberdade da iraniana Sakineh Mohammadi Ashtiani, condenada à morte por apedrejamento, estão divulgando a seguinte carta, traduzida por Augusto Calil:

Queridos amigos,

Obrigado por assinar a petição FreeSakineh. Sua voz fez diferença, pois as autoridades iranianas indicaram que vão rever a sentença de apedrejamento. No entanto, o governo do país reiterou que ela permanece sentenciada à morte. Sakineh pode ser executada a qualquer momento.

Na verdade, a situação de Sakineh piorou nos últimos dias. O advogado dela, agora sob ameaça de morte no Irã, foi obrigado a deixar o país. No momento ele se encontra preso na Turquia, e sua mulher foi detida. Por meio do filho, Sakineh manifestou sua imensa gratidão pelos esforços de todo o mundo livre, mas está apavorada diante do que a aguarda.

As autoridades iranianas esperam que a indignação mundial provocada por este caso perca força. Cabe a nós impedir que isto ocorra. Precisamos manter a pressão. Ajude esta iniciativa pedindo a todos os seus conhecidos que acessem o endereço www.freesakineh.org e assinem a petição.

PRECISAMOS CONTINUAR TRABALHANDO PELA LIBERDADE DE SAKINEH. PRECISAMOS FAZER COM QUE TODOS OS IRANIANOS PREOCUPADOS COM OS DIREITOS HUMANOS SAIBAM QUE NÃO VAMOS ESQUECÊ-LOS.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Zé Menininho

José Idelfonso Freire de Souza, conhecido como Zé Menininho, nasceu em 01/11/1897 na cidade de Cascavel - CE. Em 1910 foi morar em Macau - RN. Trabalhou nas salinas e na pesca. Mudou depois para Natal onde exerceu a profissão de barbeiro, especializando em cortar cabelos infantis, de onde se originou seu apelido.


Em 1924 ganhou a primeira sanfona e aprendeu a tocar o inseparável

instrumento.


No início dos anos de 1960 passou a se apresentar com sua sanfona de oito baixos na Rádio Rural de Natal no Programa Alvorada Sertaneja. Ainda nos anos 1960 esteve nos Estados Unidos, se apresentando em São Francisco na Califórnia, Arizona e Miami.


Sua única composição, um chorinho denominado Caixão de gás, foi gravada pelo artista potiguar Roberto do Acordeom.


Um acervo sobre sua vida e obra se encontra no Instituto Moreira Sales em São Paulo.


Zé Menininho, cidadão honorário de Natal, faleceu em 18/02/1984.

Seminário de Pesquisa