quinta-feira, 26 de agosto de 2010

O caos no corpo

Acendo-me da escuridão


Acendo-me da escuridão que sou,

encomendada e prometida.

De mim tão parca, tiro vastidões. Avanço.

A castidade me faz devassa,

as antiguidades me renovam.

Da minha fragilidade, colho forças. Prodígios.

Sei de quantas angústias se faz serenidade,

conheci a negrura do arco-íris,

descobri a ossatura da lesma.

Não sou uma só, nem duas:

sou muitas e não me divido.

Mas isso não é agrura, é sina.

Cravei na fugacidade a minha permanência.

Abastecida de estios, fui.

E no degredo encontrei minha pátria.

E porque encontrei o deus, eu o procuro,

eu o procuro, eu o procuro...


Carmen Vasconcelos


O Caos no Corpo

João Pessoa: Idéia, 2010.

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