Acendo-me da escuridão
Acendo-me da escuridão que sou,
encomendada e prometida.
De mim tão parca, tiro vastidões. Avanço.
A castidade me faz devassa,
as antiguidades me renovam.
Da minha fragilidade, colho forças. Prodígios.
Sei de quantas angústias se faz serenidade,
conheci a negrura do arco-íris,
descobri a ossatura da lesma.
Não sou uma só, nem duas:
sou muitas e não me divido.
Mas isso não é agrura, é sina.
Cravei na fugacidade a minha permanência.
Abastecida de estios, fui.
E no degredo encontrei minha pátria.
E porque encontrei o deus, eu o procuro,
eu o procuro, eu o procuro...
Carmen Vasconcelos
O Caos no Corpo
João Pessoa: Idéia, 2010.
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