segunda-feira, 10 de setembro de 2012

não somos judaico-cristãos, somos candomblecistas, umbandistas...

No dia 1° de setembro lideranças de comunidades de terreiros de Candomblé estiveram reunidas para mais um encontro de avaliação e encaminhamentos de ações. O destaque do encontro foi a carta de questões e compromissos de ação apresentadas aos candidatos a prefeito de Salvador. Veja alguns trechos da referida carta:
 
Atualmente, as religiões de matriz africana veem sofrendo ataques de todo o tipo. Nossa liberdade religiosa, garantida pela Carta Magna do país está sendo desrespeitada. Sobre essa colocação a pergunta mais simples seria: O que a Prefeitura de Salvador tem com isso?
A resposta é simples: não faz muito tempo que a Prefeitura Municipal de Salvador demoliu um terreiro de candomblé, o Oiá Onipó Neto. Em razão dessa prática do Governo Municipal, a grita do povo se fez ouvir e o Ministério Público interferiu. A prefeitura voltou atrás, reconstruiu o templo, mas para o que havia de sagrado no local, e que foi violado pela prefeitura Municipal de Salvador, não há reparação.
O exemplo foi dado. Quem tinha que proteger destruiu. Isso, capitaneado, nesse caso específico, pela intolerância religiosa institucional bancada com o nosso próprio dinheiro, pois pessoas desqualificadas ocuparam cargos de relevância nas esferas do poder municipal crendo, de forma literal, estarem a serviço de deus e não da sociedade que paga o seu salário.
A intolerância cresceu e leva pessoas fanáticas a passarem a nos agredir publicamente. As invasões a terreiros tornaram-se uma prática cotidiana. Apedrejamento a templos e agressões ao povo de candomblé tornou-se uma diversão.
Dizemo-nos cidadãos do século XXI e, nessa condição, sabemos que o Estado Brasileiro é laico. No entanto, lidamos com pessoas, em cargos municipais, que estão equidistantes dos valores que norteiam a democracia e desconhecem a própria religião que pregam, pois nos acusam de cultuar o “demônio” ou o “diabo” que são figuras que fazem parte de suas religiões e não da nossa – não somos judaico-cristãos, somos candomblecistas, umbandistas... Cultuamos nossos orixás, voduns, inquices e caboclos que no nosso entendimento são mensageiros de Deus.
Respeitar todas as práticas religiosas e todas as crenças é nosso lema. Acolhemos todos, independente do credo. Ser evangélico, ateu, espírita, católico ou maçom é um direito inviolável de cada um, bem como o de ter opinião diversa e fazer parte de uma agremiação partidária. Temos que conviver com o outro independente de sua orientação sexual ou da cor da sua pele. É isso que nos certifica como exercício da cidadania, e confere a um cidadão a possibilidade de representar o outro: numa prefeitura, numa Câmara Municipal, no Parlamento Estadual e Federal, no Senado.

Um comentário:

  1. Intolerância e discriminação em relação as religiões de matriz africanas só muda o palco.Vejam só http://www.pallaseditora.com.br/novidade/Exu_nao_pode_/26/

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