No dia 1° de setembro lideranças de comunidades de
terreiros de Candomblé estiveram reunidas para mais um encontro de avaliação e
encaminhamentos de ações. O destaque do encontro foi a carta de questões e
compromissos de ação apresentadas aos candidatos a prefeito de Salvador. Veja
alguns trechos da referida carta:
Atualmente,
as religiões de matriz africana veem sofrendo ataques de todo o tipo. Nossa
liberdade religiosa, garantida pela Carta Magna do país está sendo
desrespeitada. Sobre essa colocação a pergunta mais simples seria: O que a
Prefeitura de Salvador tem com isso?
A resposta é
simples: não faz muito tempo que a Prefeitura Municipal de Salvador demoliu um
terreiro de candomblé, o Oiá Onipó Neto. Em razão dessa prática do Governo
Municipal, a grita do povo se fez ouvir e o Ministério Público interferiu. A prefeitura
voltou atrás, reconstruiu o templo, mas para o que havia de sagrado no local, e
que foi violado pela prefeitura Municipal de Salvador, não há reparação.
O exemplo foi
dado. Quem tinha que proteger destruiu. Isso, capitaneado, nesse caso específico,
pela intolerância religiosa institucional bancada com o nosso próprio dinheiro,
pois pessoas desqualificadas ocuparam cargos de relevância nas esferas do poder
municipal crendo, de forma literal, estarem a serviço de deus e não da
sociedade que paga o seu salário.
A
intolerância cresceu e leva pessoas fanáticas a passarem a nos agredir
publicamente. As invasões a terreiros tornaram-se uma prática cotidiana.
Apedrejamento a templos e agressões ao povo de candomblé tornou-se uma
diversão.
Dizemo-nos
cidadãos do século XXI e, nessa condição, sabemos que o Estado Brasileiro é
laico. No entanto, lidamos com pessoas, em cargos municipais, que estão
equidistantes dos valores que norteiam a democracia e desconhecem a própria
religião que pregam, pois nos acusam de cultuar o “demônio” ou o “diabo” que
são figuras que fazem parte de suas religiões e não da nossa – não somos
judaico-cristãos, somos candomblecistas, umbandistas... Cultuamos nossos
orixás, voduns, inquices e caboclos que no nosso entendimento são mensageiros
de Deus.
Respeitar
todas as práticas religiosas e todas as crenças é nosso lema. Acolhemos todos,
independente do credo. Ser evangélico, ateu, espírita, católico ou maçom é um
direito inviolável de cada um, bem como o de ter opinião diversa e fazer parte
de uma agremiação partidária. Temos que conviver com o outro independente de sua
orientação sexual ou da cor da sua pele. É isso que nos certifica como
exercício da cidadania, e confere a um cidadão a possibilidade de representar o
outro: numa prefeitura, numa Câmara Municipal, no Parlamento Estadual e
Federal, no Senado.
Intolerância e discriminação em relação as religiões de matriz africanas só muda o palco.Vejam só http://www.pallaseditora.com.br/novidade/Exu_nao_pode_/26/
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