segunda-feira, 21 de abril de 2014

Sobre as muitas coisas desse Sertão


Esses dias foram de leituras. Até o final deste mês de abril participo de três exames de doutorado. Por isso esses dias foram de leituras. Um dos trabalhos é sobre a vida e a obra do etnógrafo potiguar Oswaldo Lamartine, um homem que amou, viveu e estudou o Sertão. Ou como ele se definia: um “registrador de coisas”. Das coisas do Sertão do Seridó.
Como não se apaixonar por Oswaldo?
 
Outro estudo trata do processo de criação do improviso em formas de expressão tradicionais nordestinas, como a cantoria, e, como a mulher transita nesses espaços. Quanta mulher forte, numa arte dominada pela presença masculina: Mocinha e Santinha Maurício, Mocinha de Passira, Minervina Ferreira, Terezinha Maria, Biu Bonzinho, Maria Soledade Leite, Luzivan Matias, Neuma da Silva, Damiana Pereira, Lucinha Saraiva, Terezinha Maria, Luzia dos Anjos, entre tantas outras estrelas cantadoras dessa imensidão Nordeste.
 
Lendo a narrativa de vida dessas mulheres, dar vontade de conhecê-las, ouvi-las cantar.
 
“Cada um tem seu mistério de viver” (Biu Bonzinho).
 
“É muito bom cantar, improviso. Cantar a natureza. Não é todo mundo que faz isso, é uma arte, eu valorizo o que faço, eu tenho consciência de que sou artista” (Minervina Ferreira).
 
Um dos muitos problemas enfrentados por essas cantadoras é o acesso à gravação sonora e às novas tecnologias, como gravar um CD. Uma rara exceção foi o CD “Mulheres no Repente” gravado por Minervina Ferreira e Mocinha da Passira em 1999 e produzido por Marcus Vinícius de Andrade, com o apoio da União dos Cantadores, Repentistas e Apologistas do Nordeste-UCRAN.
 
 

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