domingo, 22 de março de 2015

Professores evangélicos impedem ensino da história e cultura africana nas escolas, diz especialista


Uma lei que torna obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira nas escolas estaria sendo descumprida devido à atuação de professores evangélicos, que estariam sendo um “entrave” no assunto. A afirmação é da professora Ana Célia da Silva, da Universidade Federal da Bahia (UFBA).
 
A lei 10.639|2003, prevê que os alunos aprendam sobre os ancestrais africanos e sua cultura e história. Numa entrevista ao portal EBC, Ana Célia diz que a religião e a falta de formação dos professores são os principais pontos que dificultam a colocação da lei em prática.

“O desafio maior hoje é a atuação das igrejas evangélicas através dos professores evangélicos que, em sua grande maioria, demonizam tudo em relação à história e cultura afro-brasileira. Porque a história e cultura afro-brasileira parte da religiosidade, da cultura, e eles acham que tudo é demônio”, queixou-se a professora. Ana Célia diz que “uma pesquisa feita por uma aluna de Salvador mostrou que os professores recebem os livros do MEC e escondem da diretora para não levar para a sala quando tem uso do ‘demônio’, como eles chamam”.

A professora, que se dedica ao estudo da representação do negro nos livros didáticos, diz que houve avanços desde que a lei foi publicada, mas ainda há dificuldades. “O grande entrave à lei hoje são, primeiro, os professores evangélicos; Segundo, a formação, por [causa da] falta de continuidade nos cursos de formação dos professores”.

De acordo com Ana Célia, o texto da lei tem um ponto falho, pois não prevê a exigência do ensino de história e cultura afro-brasileira nas universidades, o que resultaria na formação de novos professores com conhecimento sobre o tema: “O grande defeito da lei é não abranger os cursos de formação. Isso foi intencional. Eles vetaram o artigo que tornava obrigatório que todo professor de licenciatura passasse por essa formação”, reclamou Ana Célia.

Recentemente a UFBA e outras universidades estaduais e federais acrescentaram disciplinas sobre cultura e história africana ao currículo de seus cursos.

 
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