Uma lei que torna obrigatório o ensino da
história e cultura afro-brasileira nas escolas estaria sendo descumprida devido
à atuação de professores evangélicos, que estariam sendo um “entrave” no
assunto. A afirmação é da professora Ana Célia da Silva, da Universidade
Federal da Bahia (UFBA).
A lei 10.639|2003, prevê que os alunos
aprendam sobre os ancestrais africanos e sua cultura e história. Numa
entrevista ao portal EBC, Ana Célia diz que a religião e a falta de formação
dos professores são os principais pontos que dificultam a colocação da lei em
prática.
“O desafio maior hoje é a atuação das
igrejas evangélicas através dos professores evangélicos que, em sua grande
maioria, demonizam tudo em relação à história e cultura afro-brasileira. Porque
a história e cultura afro-brasileira parte da religiosidade, da cultura, e eles
acham que tudo é demônio”, queixou-se a professora. Ana Célia diz que “uma
pesquisa feita por uma aluna de Salvador mostrou que os professores recebem os
livros do MEC e escondem da diretora para não levar para a sala quando tem uso
do ‘demônio’, como eles chamam”.
A professora, que se dedica ao estudo da
representação do negro nos livros didáticos, diz que houve avanços desde que a
lei foi publicada, mas ainda há dificuldades. “O grande entrave à lei hoje são,
primeiro, os professores evangélicos; Segundo, a formação, por [causa da] falta
de continuidade nos cursos de formação dos professores”.
De acordo com Ana Célia, o texto da lei
tem um ponto falho, pois não prevê a exigência do ensino de história e cultura
afro-brasileira nas universidades, o que resultaria na formação de novos
professores com conhecimento sobre o tema: “O grande defeito da lei é não
abranger os cursos de formação. Isso foi intencional. Eles vetaram o artigo que
tornava obrigatório que todo professor de licenciatura passasse por essa
formação”, reclamou Ana Célia.
Recentemente a UFBA e outras universidades
estaduais e federais acrescentaram disciplinas sobre cultura e história
africana ao currículo de seus cursos.
Leia a matéria completa em: Professores evangélicos impedem ensino da história e cultura africana nas escolas, diz especialista - Geledés
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