domingo, 29 de janeiro de 2017

Caboclos


O mês de Janeiro nas casas de candomblé, umbanda, jurema e demais práticas religiosas afro-brasileiras, é dedicado aos caboclos, que representa o primeiro habitante da terra brasileira, um ancestral. Como escrevi no livro “O reino dos mestres”, no universo da jurema, existem representações sobre o índio e sobre o caboclo. O índio é representado pela imagem de um personagem distante e abstrato, identificado pela ideia de “selvagem e forte”, enquanto que o caboclo remete à ideia do índio colonizado, envolvido com a sociedade branca dominante e como o resultado do entrecruzamento de diferentes etnias.
Ao longo desses anos de pesquisas tenho participado de muitas festas para caboclos.  Zé Pretinho, em Juazeiro do Norte (Ceará), dedicava vários dias, em seu centro, a tocar somente para os caboclos, concluindo as celebrações com rituais realizados na mata, como ele chamava o sítio, onde passavam o dia em atividades. Na casa de dona Terezinha Pereira, no Conjunto Soledade II (Natal), existia um verdadeiro banquete de frutas e mel, que eram distribuídos para toda a comunidade participante.   
Ontem a noite foi a vez do Terreiro de Jurema Mestre Benedito Fumaça, localizado em Mangabeira, realizar a festa para os caboclos, e, em especial, ao Caboclo Tamandaré. Sob a direção do Pai Freitas, a família e toda sua comunidade estiveram presentes para as festividades.   

Caboclos












quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Vida e morte na tradição


Antônio Teixeira Filho, 89 anos, mais conhecido por Bilhete. Pertencente a uma família de brincantes da cultura popular e da tradição, no município de São Gonçalo do Amarante-Rn, seguiu os passos dos familiares, tendo sido Gajeiro e Capitão do Mar e Guerra do Fandango do Mestre Atanásio Salustino.
Ao comentar o falecimento de seu Antônio, no dia 28 de dezembro passado, Gláucio PeduBreu, assim escreveu: “Que nós marujos que aqui ainda estamos, possamos ter forças para continuar velejando neste mar bravio da vida e assim poder manter viva na lembrança, as nossas tradições populares”.
O texto, escrito sob o sentimento da perda (a morte), não perde a esperança (vida) na continuidade das tradições. Mas morte e vida tem se feito presença forte na existência dos grupos populares e da tradição, os grupos do folclore, dos folguedos e demais manifestações culturais. Morte e vida presentes na trajetória de vida desses vários sujeitos frente às dificuldades materiais do cotidiano. Morte e vida compartilhadas com o coletivo do grupo e, igualmente, com seus enfrentamentos para fazer a “brincadeira” continuar. Quase sempre, sem o devido apoio institucional e, muitas vezes, esquecidos em suas proprias comunidades, homens e mulheres teimam em fazer continuar existindo sua arte e saem a cantar, a dançar a celebrar a vida e a memória de um tempo.
A morte de seu Antônio Teixeira e a morte de Atanásio Salustino, Pedro Guajiru, Tião Oleiro, José Baracho, José Correia, Severino Guedes, Cornélio Campina, Antônio Lima, Miguel Relampo, Chico Daniel, Manoel Marinheiro, dona Militana Salustino e demais mestras e mestres, é o silêncio do patrmônio cultural imaterial. É o silêncio da memória potiguar.
Mas, esse silêncio, pode (e deve) ser caminho para a reflexão e construção de outras possibilidades de mundos da cultura.     

res. Antônio Teixeira, tinha 89 anos, nascido em 12/06/1927, era conhecido na Cidade como Bilhete, ele foi Gajeiro e Capitão de Mar e Guerra do Fandango do Mestre Atanásio Salustino. Antônio Teixeira, tinha 89 anos, nascido em 12/06/1927, era conhecido na Cidade como Bilhete, ele foi Gajeiro e Capitão de Mar e Guerra do Fandango do Mestre Atanásio Salustino. Maternidade Belarmino Monte em São Gonçalo do Amarante com vida, mas veio a óbito antes de ser atendido.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Esperanças


Estamos iniciando o ano com música.
Sons e memórias da herança africana no ponto para Exu, cantado no Candomblé e Umbanda desse país chamado Brasil. O orixá Exu é o começo, o princípio de vida individual; o mensageiro entre os deuses e os homens e o elemento dinâmico de tudo que existe. Enquanto caminho e movimento, remete a esperança.
Esperanças de transformações. Esperanças de um mundo novo. Esperanças de um novo ano. Esperanças, ainda, em uma sociedade mais justa, inclusiva, sem preconceitos e discriminações. Uma sociedade plural e democrática.
A faixa que apresentamos faz parte do CD de Serena Assumpção que tem como título Ascensão, que se encontra disponível no site do youtube.  
O post seguinte refere-se ao grupo paulista Suíte Cabocla, que desenvolve um projeto musical em que procura juntar em seu repertório música clássica e da tradição popular brasileira, como elaborar leituras musicais e experimentos, ao incluir instrumentos como a viola caipira.

 

Exu

Suíte Cabocla

Seminário de Pesquisa