Antônio Teixeira Filho, 89 anos, mais conhecido por Bilhete.
Pertencente a uma família de brincantes da cultura popular e da tradição, no
município de São Gonçalo do Amarante-Rn, seguiu os passos dos familiares, tendo
sido Gajeiro e Capitão do Mar e Guerra do Fandango do Mestre Atanásio Salustino.
Ao comentar o falecimento de seu Antônio, no dia 28 de
dezembro passado, Gláucio PeduBreu, assim escreveu: “Que nós marujos que aqui
ainda estamos, possamos ter forças para continuar velejando neste mar bravio da
vida e assim poder manter viva na lembrança, as nossas tradições populares”.
O texto, escrito sob o sentimento da perda (a morte), não
perde a esperança (vida) na continuidade das tradições. Mas morte e vida tem se
feito presença forte na existência dos grupos populares e da tradição, os
grupos do folclore, dos folguedos e demais manifestações culturais. Morte e
vida presentes na trajetória de vida desses vários sujeitos frente às
dificuldades materiais do cotidiano. Morte e vida compartilhadas com o coletivo
do grupo e, igualmente, com seus enfrentamentos para fazer a “brincadeira”
continuar. Quase sempre, sem o devido apoio institucional e, muitas vezes,
esquecidos em suas proprias comunidades, homens e mulheres teimam em fazer
continuar existindo sua arte e saem a cantar, a dançar a celebrar a vida e a
memória de um tempo.
A morte de seu Antônio Teixeira e a morte de Atanásio
Salustino, Pedro Guajiru, Tião Oleiro, José Baracho, José Correia, Severino Guedes,
Cornélio Campina, Antônio Lima, Miguel Relampo, Chico Daniel, Manoel
Marinheiro, dona Militana Salustino e demais mestras e mestres, é o silêncio do
patrmônio cultural imaterial. É o silêncio da memória potiguar.
Mas, esse silêncio, pode (e deve) ser caminho
para a reflexão e construção de outras possibilidades de mundos da cultura.
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