O mês de
Janeiro nas casas de candomblé, umbanda, jurema e demais práticas religiosas
afro-brasileiras, é dedicado aos caboclos, que representa o primeiro habitante
da terra brasileira, um ancestral. Como escrevi no livro “O reino dos mestres”, no universo da jurema, existem representações
sobre o índio e sobre o caboclo. O índio é representado pela imagem de um
personagem distante e abstrato, identificado pela ideia de “selvagem e forte”,
enquanto que o caboclo remete à ideia do índio colonizado, envolvido com a
sociedade branca dominante e como o resultado do entrecruzamento de diferentes
etnias.
Ao longo
desses anos de pesquisas tenho participado de muitas festas para caboclos. Zé Pretinho, em Juazeiro do Norte (Ceará), dedicava
vários dias, em seu centro, a tocar somente para os caboclos, concluindo as
celebrações com rituais realizados na mata, como ele chamava o sítio, onde
passavam o dia em atividades. Na casa de dona Terezinha Pereira, no Conjunto
Soledade II (Natal), existia um verdadeiro banquete de frutas e mel, que eram distribuídos
para toda a comunidade participante.
Ontem a noite
foi a vez do Terreiro de Jurema Mestre Benedito Fumaça, localizado em
Mangabeira, realizar a festa para os caboclos, e, em especial, ao Caboclo Tamandaré.
Sob a direção do Pai Freitas, a família e toda sua comunidade estiveram presentes
para as festividades.
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