domingo, 29 de dezembro de 2024

Caminhar

 


À hora é de caminhar, seguir em frente ao encontro do bom tempo. Esperançar boas mudanças. Traço as rotas e roteiros possíveis. Faço escolhas, mantenho o afeto. Quero a vida com o sabor da paixão, meus amores e os amigos. As correntes do vento nordeste já foram despachadas para os seus devidos lugares. Rituais são vividos. A poeira deixada nas estantes está sendo retirada. Rasgo papéis. Organizo as fotografias. Seleciono os livros que seguem comigo.  

 

Um ótimo Ano de 2025!  


terça-feira, 24 de dezembro de 2024

O Rio de Iemanjá

 

O Rio de Iemanjá. Um olhar sobre a cidade e a devoção é o título do livro de Joana Bahia, professora do Departamento de Antropologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), lançado recentemente pela Editora Telha.

A publicação é resultado de trabalho de pesquisa no qual acompanha histórica e empiricamente a presença de Iemanjá e a sua devoção na cidade do Rio de Janeiro. Ao percorrer os caminhos de Iemanjá (“o caminho das flores”), olha atentamente para a cidade e tece significativas reflexões sobre a história das religiões afro-brasileiras, sua presença na cidade, no espaço público e os conflitos que acompanham esses contextos. 

No final da introdução, em que expõe os principais pontos de sua pesquisa e reflexões, a autora escreve: “Seguir o caminho das flores nos evidencia um sagrado constituído não apenas no interior dos terreiros, mas que pode ser sacralizado em outros espaços. Não apenas o sagrado dos templos e das igrejas podem construir espaços para onde a cidade cresce, mas o mágico, o mediúnico pode transformar as paisagens e os corpos urbanos”.

O livro foi concebido como uma cartografia. Uma cartografia da presença e da memória: “os guias, orixás e encantes e outros tipos de espíritos são os caminhos, pelos quais podemos reconstruir essa cartografia”. O processo de pesquisa está focado no sentir os muitos fragmentos da vida na cidade (“os corpos, mercados, a direção da linha do trem, os aterros, praias, encruzilhadas, festas”), mas igualmente com a mesma intensidade em que percorre a cidade, a autora realiza entrevistas com líderes religiosos, pais e mães de santo de umbanda e candomblé, procede a leitura e análise de jornais das décadas de 1940-1950 e o registro fotográfico.

O livro está organizado em treze capítulos em que temas e questões se cruzam, entre as quais, como a devoção à Iemanjá é produzida na cidade, as representações e a ocupação dos grupos afro-religiosos desde o final do século XIX; a formação do campo umbandista, suas diferentes visões e modos de cultuar Iemanjá; a expansão das religiões afro-brasileiras entre 1940 e 1970, crescimento, novas lideranças e disputas internas. A relação do movimento negro com o universo religioso e as políticas de promoção das identidades negras. As muitas festas, inclusive as recentes, que evocam o culto a Iemanjá, como a da Glória, aquelas organizadas pelo Mercadão de Madureira, Afoxé Filhos de Gandhi, entre outras. A produção de novas formas de intolerância religiosa em um contexto marcado pelo conservadorismo social e político.

 


 

quinta-feira, 12 de dezembro de 2024

NOSSO AXÉ LEGAL

 

Informe encaminhado pela REDE DE MULHERES DE AXÉ:

“Conforme a lei 3.193 de 1957, parágrafo 31, artigo V, letra B da constituição federal, “que isenta de imposto templos de qualquer culto...”. Sendo de direito de todos os cultos religiosos, mas de fato mesmo sendo tradições seculares no Brasil, esse direito nunca foi alcançado pelos terreiros de tradições afroameríndias (Jurema, Candomblé e Umbanda, entre outros). São poucos com acesso à informação e/ou alcançando em benefício individual. Desse modo, cabe uma ação civil pública de interesse coletivo. São muitos os templos de religiões tradicionais com débitos referentes ao IPTU, em especial pelo valor acima do imóvel, não especificando as condições de moradia e uso, residente na periferia, com inúmeras situações de infraestrutura precárias, desse modo, convocamos aos interessados e as interessadas a mover ação coletiva em benefício dos templos e comprovar a necessidade de atendimento junto ao poder público para isenção do IPTU. Para tanto, mobilizados os terreiros trataremos das questões legais para os procedimentos jurídicos.

Veja a lista de terreiro da cidade do Natal, caso esteja cadastrado entre em contato e caso não esteja se cadastre com Mãe Maria Rita (84) 998229930, informe os dados para maiores informações sobre a assembleia”.

Atenciosamente,

Rede de Mulheres de Axé

Coordenação Potiguar.

 

 

 

 



sábado, 30 de novembro de 2024

Dahomey

 


Dahomey [Benim, França, Senegal / 2024 / 68 min], filme-documentário dirigido pela cineasta franco-senegalesa Mati Diop traz a questão da pilhagem praticada no Daomé (atual República do Benim) pelas tropas coloniais francesas em 1892. Ao acompanhar o retorno (2021) de 26 tesouros do Reino do Damoé, expostas no Museu Quai-Branly (Paris) para o Benim, coloca a questão dos artefatos saqueados durante a colonização européia no continente africano e o processo de luta pelas comunidades africanas pelo seu repatriamento e que atitude tomar perante o regresso a casa destes antepassados. Entre as peças devolvidas estão estátuas dos antigos governantes do Daomé, Rei Béhanzin, Rei Ghezo e Rei Glélé, o trono real e altares cerimoniais. O documentário ganhou o Urso de Ouro de melhor filme do Festival Internacional de Cinema de Berlim 2024.


sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Uma cidade desconhecida sob o nevoeiro

 

Quando viajo, gosto de organizar uma agenda para ver o que está a acontecer na programação cultural local. Em minha recente e rápida estadia em Barcelona, Espanha, não foi diferente. Após participar de atividade acadêmica na Universidade de Barcelona, o roteiro traçado incluiu conhecer o Museu de Arte Contemporânea (MAC BA). Foi fácil localizá-lo, estava muito próximo, uma edificação moderna, três grandes pavimentos, imponente, ao lado de uma praça de chão livre em que jovens fazem acrobacias no skate, naquele final de tarde fria.

São várias exposições, como indica o catálogo, e procurei seguir o roteiro, com calma, a procurar entender a concepção, expografia, apreciar a estética, a simbologia dos elementos presentes e procurar compreender as mensagens, aprender com os processos criativos.    

Uma cidade desconhecida sob o nevoeiro. Novas imagens da Barcelona dos bairros” é o título da exposição que se encontra no terceiro pavimento do museu e que tem como foco uma espécie de prospectiva sobre a cidade de Barcelona, ao tomar a periferia da cidade como zona inovadora, onde se manifestam as tendências emergentes da urbe. Mas é também espaço de questões sociais, conflitos, sobrevivência. O projeto da exposição se divide em treze partes, com diferentes abordagens de pesquisa, uso de fotografias e imagens audiovisuais em formato de filme ou vídeo.

Gostaria de destacar a parte de número 12: Raquel Friera + Creadoness. “But Na But” [Això era i no era], 2023-2024 | Martha Rosler. “House Beautiful: Bringing the War Home, New Series” [House Beautiful: portar la guerra a casa. Nova sèrie], 2004-2008 [selecció]. Cito as referências do programa:

“Trabalho comunitário com o coletivo Creadoness del Raval - um programa que oferece formação em técnicas de costura a mulheres migrantes vulneráveis - e a artista Raquel Friera. Neste caso, o projeto assume a forma de um workshop de brocados com um grupo heterogêneo de mulheres refugiadas do Afeganistão, que denunciam as experiências traumáticas que viveram e exigem o direito à educação feminina. Os brocados, pintados sobre os vestidos brancos característicos das estudantes afegãs, dialogam com fotomontagens de Martha Rosler. A reflexão de Rosler sobre o trabalho doméstico e as ideologias implícitas no gênero está na origem deste workshop”.





Para saber mais:

https://www.macba.cat/ca/exposicions/una-ciutat-desconeguda-sota-la-boira-noves-imatges-de-la-barcelona-dels-barris/

Museu de Arte Contemporânea de Barcelona:

https://www.macba.cat/ca/

 

 

domingo, 17 de novembro de 2024

Universidade de Barcelona

 




13 de novembro de 2024. Uma manhã de outono com chuva. Conforme combinado, chegamos a Facultat de Geografia i Historia da Universitat de Barcelona, um pouco antes do meio dia. O professor Aníbal Arregui nos encontra e seguimos para o terceiro piso onde fica o auditório (sala 304), local programado para a palestra.

Minha presença e participação no Seminário parte do Grup d’Estudis sobre Cultures Indígenes i Afroamericanes (CINAF) e Departament d’Antropologia Social da UB, através do professor Aníbal Arregui. A proposta da palestra estava centrada na temática da “Jurema Sagrada” e o campo de pesquisa na cidade de Natal, onde tenho atuado desde 1988.

A palestra com o título de “Jurema Sagrada: ancestros y acciones políticas de La memória” foi encaminhada em dois pontos: o primeiro focou sobre o tema da Jurema e seus principais elementos de constituição (a planta jurema, as entidades espirituais, a bebida, a fumaça e os rituais). No segundo ponto procurei situar a prática da Jurema na sociedade contemporânea, enfocando as ações políticas de memória, quando a Jurema ocupa os espaços públicos.        

 

 


sexta-feira, 11 de outubro de 2024

Arquivo Afro-Religioso

 


Projeto de pesquisa e extensão do Grupo de Estudos Culturas Populares e Religiosidades (Departamento de Antropologia/PPGAS/UFRN), Grupo de Articulação de Matriz Africana e Ameríndia – GAMA e demais parceiros institucionais, com o objetivo de promover o registro do acervo cultural de bens documentais escritos, visuais e de artefatos do patrimônio afro-religioso potiguar.  Ao proceder o registro, pretende-se, igualmente, valorizar a memória na construção dos processos de pertencimento das comunidades de terreiro do Rio Grande do Norte e o combate ao racismo e todas as formas de preconceito e discriminação.

    


quarta-feira, 2 de outubro de 2024

Não Vamos Sucumbir



"Não vamos sucumbir", filme de Miguel Przewodowski.
3 Tabela Filmes.

Memória afetiva, narrativas, histórias, integração social, trabalho, contradições e paradoxos do Brasil. As escolas de samba e o carnaval. 

NOS CINEMAS.  

segunda-feira, 30 de setembro de 2024

Repúdio à intolerância religiosa.

 

Não é admissível, em nenhuma hipótese e/ou situação, a falta de respeito para com a fé, crença e a prática religiosa afro-brasileira. Imagine quando se trata de um candidato a prefeito e sua respectiva campanha. Ao veicular em sua propaganda eleitoral matéria audiovisual que desqualifica e discrimina a religião e seus seguidores, estimula a intolerância religiosa, o ódio e o racismo. Repudiamos esse tipo de pensamento e ação política. Somamos-nos as comunidades tradicionais de terreiro e seus coletivos na ação em prol de justiça.

Professor Luiz Assunção (Grupo de Estudos Culturas Populares e Religiosidades – Departamento de Antropologia/UFRN/CNPq).

sábado, 21 de setembro de 2024

Aulas, pesquisas, monografia, tese

 

Novo semestre letivo na UFRN, mas quero mesmo é fazer alguns comentários sobre o semestre anterior, marcado por um período de greve e mudanças no calendário universitário. No entanto, algumas atividades que tive a oportunidade de acompanhar e participar merece destaque pela proposta, conteúdo e produtos gerados. 

A primeira delas diz respeito à disciplina Antropologia Política que ministrei no curso bacharelado em Ciências Sociais, com o tema sobre políticas de memória. As leituras e reflexões levaram a turma a pensar o contexto local e seus equipamentos culturais dedicados a memória da cultura potiguar e a manutenção de acervos culturais. Pesquisa exploratória foi realizada e as conclusões compartilhadas em seminário. 

Outras duas atividades se referem a trabalhos de conclusão de curso: uma monografia de jornalismo e uma tese de doutorado em educação. 

Encantaria nordestina: uma semente plantada ela ancestralidade” é o título da monografia apresentada por Clecyane Vieira para conclusão do Curso de Jornalismo, apresentada no formato de reportagem de divulgação científica, tendo por tema o Catimbó-Jurema, veiculada na criação do produto website com textos, vídeos, fotografias, entrevistas e áudios – acessar o link: 

https://narrativasculturais.com.br/ 

“Uma fenomenologia da cultura: o Grupo Parafolclórico da UFRN como escola do sentir”, tese de doutorado de Isabel Batista Freire com orientação da Professora Dra. Rosie Marie Medeiros, defendida no Programa de Pós-Graduação em Educação. A proposta central do trabalho é compreender o Grupo Parafolclórico como lugar que amplia a educação pelo sentir a partir da fenomenologia da cultura vivenciada. 

A tese está centrada nas reflexões de Merleau-Ponty e os estudos da fenomenologia da cultura, a relação da natureza do sensível e o mundo da cultura. Na abordagem metodológica, destacam-se as entrevistas feitas com a professora Rita Luzia, criadora e diretora do referido Grupo. A narrativa explora as várias fases vividas ao longo de mais de três décadas do projeto de extensão, o processo de criação, a experiência estética dos espetáculos produzidos e a experiência do encontro nos festivais culturais.   

 

 

sexta-feira, 23 de agosto de 2024

Folclore PATRIMÔNIO Potiguar

 


Folclore PATRIMÔNIO Potiguar

 


EXPO VIRTUAL – Folclore Patrimônio Potiguar


Mestre Correia participa da Mesa “Mestres e ofícios: conversa com Mestre Correia dos Congos de Pontas Negra”, durante o Seminário Patrimônio e Políticas Públicas (UFRN, 2008).   



 

 

 





https://youtu.be/FgVA4u1kinI?si=tJ8R8HmMq9KGkxDQ



Participação do Boi Calemba do Mestre Elpídio de Parnamirim durante o Seminário Patrimônio e Políticas Públicas (UFRN, 2008). 




 




Chegança de Vila Flor – RN. Pesquisa realizada por Ricardo Canella (PPGCS/UFRN, 2007).   











Folclore PATRIMÔNIO Potiguar


EXPO VIRTUAL – Folclore Patrimônio Potiguar


Fandango de Canguaretama – RN. Pesquisa realizada por Ricardo Canella (PPGCS/UFRN, 2007).  












EXPO VIRTUAL - Folclore Patrimônio Potiguar.

Participação do grupo Caboclinhos de Ceará Mirim durante o

Seminário Cultura Popular: Múltiplos Encontros (UFRN, 2005). 







EXPO VIRTUAL - Folclore Patrimônio Potiguar.

Participação do Mestre Severino do Coco (Vila de Ponta Negra)

durante o Ciclo de Estudos Performances e Dinâmicas Culturais

(UFRN, 2012).





Obs: Clique nas fotos para ampliar.


Seminário de Pesquisa