LIVRARIA COOPERATIVA CULTURAL:
Um lugar de memória diante da
desmaterialização do livro
Érika Larissa Guedes do Nascimento
Curso Bacharelado em Ciências Sociais/UFRN
RESUMO: As tecnologias e o acesso à internet causaram diversas
transformações na vida humana, dentre elas na compra e no consumo de livros. É
possível adquirir um livro impresso com apenas um clique e sem precisar sair
casa. Ou até mesmo ler uma obra pelo celular, ou computador, por causa dos
e-books. No entanto, essas facilidades interferiram no comportamento dos
leitores brasileiros, impactando diretamente as livrarias físicas. Tendo como
base esse cenário, a pesquisa visa responder a seguinte questão: qual é o papel
das livrarias físicas na era da tecnologia? Para respondê-la, escolheu-se a
Livraria Cooperativa Cultural, localizada no Centro de Convivência Djalma
Marinho, na Universidade Federal do Rio Grande do Norte. A sua longevidade e
sua ativa participação em projetos culturais dentro e fora dos muros da UFRN
foram os motivos da escolha do lócus. Tornou-se necessário entrevistar três
pessoas ligadas diretamente à livraria, a saber: a presidenta Wani Fernandes; o
ex-livreiro José Wilson e o coordenador do clube de leitura Banquete de Livros,
Lucas Lopes, também frequentador do espaço livreiro. O objetivo da pesquisa é
identificar a sua importância nesse contexto de dominação digital, tendo como
especificidades: entender a ligação dos entrevistados com o livro e com a
livraria em questão, por meio de suas memórias; e conhecer as suas perspectivas
sobre a situação atual do livro impresso e o comércio livreiro. A pesquisa, de
abordagem qualitativa, teve como levantamento bibliográfico trabalhos
acadêmicos que abordaram a importância de livrarias brasileiras em diferentes
conjunturas e a obra O Livro no Brasil: sua história (1985), do autor Laurence
Hallewell, com o intuito de conhecer a história das livrarias no país. As
teorias que embasaram o estudo foram Memória Coletiva e Memória Individual
(1990), do sociólogo Maurice Halbwachs; Lugar de Memória (1993), do historiador
Pierre Nora; e a análise do filósofo Byung-Chul Han a respeito das Não coisas
(2022). Como resultado, a livraria se mostrou como um espaço que não se limita
à venda de livros, e o livro impresso não é apenas um objeto. Na verdade, em um
mundo em desmaterialização, em especial, do livro, torna-se essencial pensar as
livrarias como um lugar de memória. Se o livro impresso se mostra um objeto de
fuga e desligamento das telas, de identidade e de afeto, a livraria se
posiciona como um lugar de promoção, preservação e democratização de acesso ao
livro impresso; de incentivo à leitura e de formação de uma comunidade leitora
e de socialização entre os sujeitos. Logo, são necessárias medidas de proteção
e valorização, com o intuito de garantir a sua permanência e longevidade, e não
o tornar mais um lugar escrito na história das livrarias por não mais existir.
Palavras-chave: desmaterialização; e-books; era digital;
livraria; memória.
Banca Examinadora:
Prof. Dr. Alexsandro Galeno Araújo
Dantas – Orientador
Prof. Dr. Luiz Carvalho de Assunção
Ma. Luzia Cristina Lopes Almeida
Nenhum comentário:
Postar um comentário