Na manhã de quarta-feira (22/09) morreu em Salvador, vítima de câncer e diabetes, o antropólogo baiano Vivaldo da Costa Lima, 85 anos, professor emérito da Universidade Federal da Bahia e Obá de Xangô do Ilê Axé Opô Afonjá.
Importante estudioso da cultura afro-brasileira, Vivaldo da Costa Lima dedicou grande parte de sua vida à pesquisa sobre a influência africana na formação da cultura baiana, produzindo obras fundamentais neste campo, como "A Família de Santo nos Candomblés Jejes-Nagôs da Bahia" (1977).
Dentre outras iniciativas relevantes no âmbito da cultura brasileira, fundou, junto com outros intelectuais, o Centro de Estudos Afro-Orientais (Ceao) da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Exerceu o cargo de diretor-geral do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (IPAC) da Bahia, tendo como foco ações de revitalização do Pelourinho, na década de 1970.
Estamos iniciando um levantamento das casas de matriz africana(terreiros, barracões, tendas, centros espíritas de umbanda) localizadas na cidade de Natal. O objetivo é fazer um levantamento para saber quantas casas existem e, principalmente, conhecer quem são, que linha segue e quais os problemas enfrentados no cotidiano, entre outros aspectos.
Ao final do levantamento as informações serão encaminhadas para órgãos do setor público visando contribuir para a elaboração de ações políticas para as comunidades de terreiros.
O primeiro bairro a ser feito o levantamento é o de Nova Natal na Zona Norte da cidade.
Gostaríamos de entrar em contato com as comunidades de terreiros e contar com o apoio de todos.
Quero externar agradecimentos a todos da comunidade Casa do Benguê Ngola Djanga Ria Lembaranganga pelas mensagens enviadas. Na verdade, tenho é que agradecer pela acolhida, confiança e o afeto com que Moisés e todos da família Ngola Djanga me receberam. Acolhimento que também se repete na casa dos seus filhos.
No ultimo domingo (dia 19) cerca de 150 mil pessoas participaram da III Caminhada da Liberdade Religiosa em Copacabana, no Rio de Janeiro.
O evento, organizado pela Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR), contou com a participação de umbandistas, católicos, espíritas, evangélicos, judeus, muçulmanos, ciganos, wiccanos, hare krishnas, candomblecistas. Todos reunidos pela fé e em defesa da liberdade religiosa.
Caminhos Comunicação & Cultura divulga resultado da edição 2010 do concurso fotográfico “Um Olhar sobre a Cultura Popular Nordestina”.
O Concurso teve a participação de fotógrafos de 17 estados brasileiros totalizando mais de 400 trabalhos inscritos de fotógrafos profissionais e amadores. No resultado final, as 20 melhores fotografias foram classificadas em 10 primeiras colocadas e 10 menções honrosas. O concurso é patrocinado pelo Programa BNB de Cultura.
O primeiro lugar foi para o fotógrafo Vinicius Luís Xavier Carneiro, de Salvador-BA, com a foto intitulada Bumba meu boi de Tajaçuaba. A fotografia foi realizada em São Luis no Maranhão e realça a expressão popular da dança típica do Estado.
A Comissão Julgadora foi composta pelos fotógrafos Henrique José Cocentino,Canindé Soares e o professor Luiz Assunção.
Caminhos Comunicação & Cultura é formada por um grupo de jornalistas e radialistas potiguares que realiza trabalhos nas áreas de artes visuais e audiovisual, com destaque para a valorização da cultura popular.
Para ver as fotografias vencedoras: www.olharcultural.com
Mais informações e-mail: olharcultural@gmail.com.br
Moisés Fernandes de Queiroz nasceu em 1954, na cidade de Pedro Avelino – RN. Seu encontro com as religiões afro-brasileiras vai acontecer já na fase adulta quando diante de problemas de saúde passou a freqüentar o terreiro Caboclo Jupiaçu, de Mãe Lourdes, no bairro da Cidade da Esperança. Em seguida vai para o Centro Senhor do Bonfim, dirigido por Mãe Avelina (falecida), na cidade de Macaíba.
O Centro Senhor do Bonfim era de Candomblé, nação queto. E vai ser nessa casa que Moisés vai fazer sua iniciação na religião, tendo Oxalá como Orixá de frente e Omulu como segundo Orixá. Posteriormente, com seu desenvolvimento passa também a freqüentar a Casa Raiz do Axé de Nigola de Janga Doyá, em Corumbá, Nova Iguaçu, Rio de Janeiro, seguindo a nação de Candomblé de Angola.
Em 1983 abre seu próprio barracão. Inicialmente funciona na sua residência no bairro de Santarém, depois com a aquisição de um terreno e a construção do novo espaço, transfere-se para o Loteamento Caminho de Genipabu, no município de Extremoz, área metropolitana de Natal, onde estabelece a Casa do Benguê Ngola Djanga Ria Lembaranganga.
Na manhã deste sábado participei de um encontro organizado pelo Grupo de Estudos da Complexidade com o pensador Edgar Morin, realizado no Auditório do Centro de Ciências Humanas da UFRN. Morin veio a Natal para participar de reunião da Cátedra Itinerante UNESCO Edgar Morin para o Pensamento Complexo. No encontro com professores e estudantes da pós-graduação, o pensador expôs as idéias principais que norteiam sua reflexão, ressaltou a construção de uma ciência aberta, dialógica e suas preocupações com o futuro do planeta e a juventude. Conversou com os participantes, ouviu os grupos de pesquisa e suas ações, autografou livros.
O poeta Ferreira Gullar recebe hoje (16) do Ministério da Cultura, o Prêmio Camões 2010.
Instituído em 1988 pelos governos do Brasil e de Portugal, o Prêmio Camões é concedido anualmente a autores que tenham contribuído para o enriquecimento do patrimônio literário e cultural da língua portuguesa.
Considerado um dos mais importantes poetas brasileiros, o maranhense Ferreira Gullar é também crítico de arte e ensaísta e foi um dos fundadores do movimento neoconcretista. Tem mais de 15 livros de poesia publicados, entre eles A Luta Corporal, Poema Sujo e Em Alguma Parte Alguma, lançado este ano.
O primeiro escritor brasileiro a receber o prêmio foi o também poeta João Cabral de Melo Neto, em 1990. Desde então, mais sete autores nacionais foram agraciados com o Camões, que também premiou escritores de Portugal, Angola, Moçambique e Cabo Verde.
Omulu é o Orixá da varíola e das doenças epidêmicas em geral. Seu caráter é temível, pois, não sendo bem cultuado, pode ser encolerizar e distribuir doenças mortais. É, por isso, considerado muito perigoso, sendo muito respeitado. Segundo a mitologia, seria filho de Nanã e filho adotivo de Yemanjá que o teria cuidado e curado, quando pequeno, da varíola que lhe deixou marcas (por isso oculta o rosto e o corpo com palha, bem como pelo fato de representar o terrível mistério da morte e renascimento).
Símbolo: lança de ferro, miniatura, em vasilha de barro, no dendê, junto ao otá.
Insígnia: xaxará de piassava, com palha da Costa e búzios, que ele segura quando dança.
Indumentária: geralmente saia preta e branca, ou combinações de vermelho, preto e branco, amarelo e azul. Saiote e filá de palha da Costa, com búzios.
Contas: brancas e pretas, alternadas, ou laguidibá. Dois barajás de búzios, com adô.
Dia: segunda-feira.
Festa: geralmente em agosto.
Comidas: pipocas (sem sal), latipá, aberém, feijão preto e fradinho.
Quando Omulu era um menino de uns doze anos, saiu de casa e foi para o mundo para fazer a vida. De cidade em cidade, de vila em vila, ele ia oferecendo seus serviços, procurando emprego.
Mas Omulu não conseguia nada.
Ninguém lhe dava o que fazer, ninguém o empregava.
E ele teve que pedir esmola, mas ao menino ninguém dava nada, nem do que comer, nem do que beber.
Tinha um cachorro que o acompanhava e só.
Omulu e seu cachorro retiraram-se no mato e foram viver com as cobras.
Omulu comia o que a mata dava: frutas, folhas, raízes. Mas os espinhos da floresta feriam o menino. As picadas de mosquito cobriam-lhe o corpo. Omulu ficou coberto de chagas. Só o cachorro confortava Omulu, lambendo-lhe as feridas.
Um dia, quando dormia, Omulu escutou uma voz: “Estás pronto. Levanta e vai cuidar do povo”.
Omulu viu que todas as feridas estavam cicatrizadas. Não tinha dores nem febre. Obaluaê juntou as cabacinhas, os atós, onde guardava água e remédios que aprendera a usar com a floresta, agradeceu a Olorum e partiu.
Naquele tempo uma peste infestava a Terra. Por todo lada estava morrendo gente. Todas as aldeias enterravam os seus mortos.
Os pais de Omulu foram ao babalaô e ele disse que Omulu estava vivo e que ele traria a cura para a peste.
Todo lugar aonde chegava, a fama precedia Omulu. Todos esperavam-no com festa, pois ele curava. Os que antes lhe negaram até mesmo água de beber agora imploravam por sua cura. Ele curava todos, afastava a peste. Então dizia que se protegessem, levando na mão uma folha de dracena, o peregum, e pintando a cabeça com efum, ossum e uági, os pós branco, vermelho e azul usados nos rituais e encantamentos.
Curava os doentes e com o xaxará varria a peste para fora da casa, para que a praga não pegasse outras pessoas da família. Limpava casas e aldeias com a mágica vassoura de fibras de coqueiro, seu instrumento de cura, seu símbolo, seu cetro, o xaxará.
Quando chegou em casa, Omulu curou os pais e todos estavam felizes. Todos cantavam e louvavam o curandeiro e todos o chamaram de Obaluaê, todos davam vivas ao Senhor da Terra, Obaluaê.
Fonte: Reginaldo Prandi. Mitologia dos Orixás. São Paulo: Companhia das Letras, 2001, p. 204-206.
Tatá ria Inkice Kassulupongo, em nome da Casa do Benguê Ngola Djanga, ONG Cultural, Social e Religiosa e comunidade do Candomblé Angola, convidou-me para participar da cerimônia da Kukuana de Tateto Kaviungo, na comunidade de Campinas (Estrada de Genipabu), a realizar-se no próximo domingo, dia 12, a partir das 09 horas.
Kukuana na língua bantu significa mesa farta (Olubajé). A Kukuana de Tateto Kaviungo é a cerimônia de refeição comunal em honra de Omulu-Obaluaiê.
Nos últimos anos pesquisadores tem problematizado questões sobre a população cigana no Brasil, como a construção dos estigmas e de processos identitários em contextos de sedentarização. Acompanhei, enquanto orientador, um desses estudos, concluído em agosto passado (ver post publicado). Trata-se de uma dissertação de mestrado que procura compreender as relações entre ciganos e não ciganos no bairro de Cidade Alta, na cidade de Limoeiro do Norte, Ceará. Outro estudo dedicado ao tema foi iniciado recentemente, sob minha orientação, voltado para um grupo localizado na cidade de Cruzeta-RN.
Embora a população cigana esteja dispersa por quase todos os estados do país e estima-se em um número de 800 mil, parece existir um processo de fixação, seja em uma situação caracterizada como sedentária ou semi-sedentária. No entanto, ao longo de suas existências, o convívio social tem sido fortemente marcado por estigmas e preconceitos. Os estigmas que se formam e solidificam no cotidiano e nas formas de interação social, apresentam os ciganos como o “estrangeiro”, o suspeito, por isso caracterizado por meio de atributos depreciativos tais como: trapaceiro, ladrão, briguento.
Enquanto grupos étnicos, os ciganos se organizam em torno de dois grupos: o Calon (ou kalé, que falam a língua kaló) e o Rom (ou Roma, que falam romani). Os Calon são compostos por ciganos que vieram de Portugal e Espanha, com presença marcante na região nordeste, enquanto que os Rom são compostos por ciganos extra-ibéricos que chegaram no país a partir do século XIX, procedentes da Iugoslávia, Romênia, Rússia, França, Itália. Os Rom são encontrados nas regiões sul e sudeste do país.
No RN a população cigana reside em Natal, na periferia da cidade (Cidade Nova) e em cidades como Florânia e Cruzeta. Os ciganos que residem em Florânia chegaram à cidade na década de 1970. Atualmente encontram-se sedentarizados, a partir de uma política local de distribuição de lotes, onde foram construídas suas casas. Os de Cruzeta chegaram em 1991, acamparam nas proximidades do açude público, mas foram rapidamente expulsos pela prefeitura.No entanto, não desistiram. A estratégia foi comprar casas na periferia da cidade e juntar a família.
A interação social entre os grupos ciganos e a população não cigana tem sido problemática, marcada pela discriminação e pela pobreza. Face aos novos contextos e as transformações vividas no seu modo de vida, os grupos se reorganizam e reelaboram estratégias de sobrevivência, sem perder seus valores culturais.