sábado, 11 de setembro de 2010

Omulu cura todos da peste e é chamado Obaluaê

Quando Omulu era um menino de uns doze anos, saiu de casa e foi para o mundo para fazer a vida. De cidade em cidade, de vila em vila, ele ia oferecendo seus serviços, procurando emprego.

Mas Omulu não conseguia nada.

Ninguém lhe dava o que fazer, ninguém o empregava.

E ele teve que pedir esmola, mas ao menino ninguém dava nada, nem do que comer, nem do que beber.


Tinha um cachorro que o acompanhava e só.

Omulu e seu cachorro retiraram-se no mato e foram viver com as cobras.

Omulu comia o que a mata dava: frutas, folhas, raízes. Mas os espinhos da floresta feriam o menino. As picadas de mosquito cobriam-lhe o corpo. Omulu ficou coberto de chagas. Só o cachorro confortava Omulu, lambendo-lhe as feridas.


Um dia, quando dormia, Omulu escutou uma voz: “Estás pronto. Levanta e vai cuidar do povo”.

Omulu viu que todas as feridas estavam cicatrizadas. Não tinha dores nem febre. Obaluaê juntou as cabacinhas, os atós, onde guardava água e remédios que aprendera a usar com a floresta, agradeceu a Olorum e partiu.


Naquele tempo uma peste infestava a Terra. Por todo lada estava morrendo gente. Todas as aldeias enterravam os seus mortos.

Os pais de Omulu foram ao babalaô e ele disse que Omulu estava vivo e que ele traria a cura para a peste.


Todo lugar aonde chegava, a fama precedia Omulu. Todos esperavam-no com festa, pois ele curava. Os que antes lhe negaram até mesmo água de beber agora imploravam por sua cura. Ele curava todos, afastava a peste. Então dizia que se protegessem, levando na mão uma folha de dracena, o peregum, e pintando a cabeça com efum, ossum e uági, os pós branco, vermelho e azul usados nos rituais e encantamentos.


Curava os doentes e com o xaxará varria a peste para fora da casa, para que a praga não pegasse outras pessoas da família. Limpava casas e aldeias com a mágica vassoura de fibras de coqueiro, seu instrumento de cura, seu símbolo, seu cetro, o xaxará.


Quando chegou em casa, Omulu curou os pais e todos estavam felizes. Todos cantavam e louvavam o curandeiro e todos o chamaram de Obaluaê, todos davam vivas ao Senhor da Terra, Obaluaê.


Fonte: Reginaldo Prandi. Mitologia dos Orixás. São Paulo: Companhia das Letras, 2001, p. 204-206.

Um comentário:

  1. Aruê Tatêto Kavungo, Que o senhor possa sempre nos cobrir com sua cura e nos proteger de todos os males!!!

    Ass. Táta Lukaiamutoni

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