Nos últimos anos pesquisadores tem problematizado questões sobre a população cigana no Brasil, como a construção dos estigmas e de processos identitários em contextos de sedentarização. Acompanhei, enquanto orientador, um desses estudos, concluído em agosto passado (ver post publicado). Trata-se de uma dissertação de mestrado que procura compreender as relações entre ciganos e não ciganos no bairro de Cidade Alta, na cidade de Limoeiro do Norte, Ceará. Outro estudo dedicado ao tema foi iniciado recentemente, sob minha orientação, voltado para um grupo localizado na cidade de Cruzeta-RN.
Embora a população cigana esteja dispersa por quase todos os estados do país e estima-se em um número de 800 mil, parece existir um processo de fixação, seja em uma situação caracterizada como sedentária ou semi-sedentária. No entanto, ao longo de suas existências, o convívio social tem sido fortemente marcado por estigmas e preconceitos. Os estigmas que se formam e solidificam no cotidiano e nas formas de interação social, apresentam os ciganos como o “estrangeiro”, o suspeito, por isso caracterizado por meio de atributos depreciativos tais como: trapaceiro, ladrão, briguento.
Enquanto grupos étnicos, os ciganos se organizam em torno de dois grupos: o Calon (ou kalé, que falam a língua kaló) e o Rom (ou Roma, que falam romani). Os Calon são compostos por ciganos que vieram de Portugal e Espanha, com presença marcante na região nordeste, enquanto que os Rom são compostos por ciganos extra-ibéricos que chegaram no país a partir do século XIX, procedentes da Iugoslávia, Romênia, Rússia, França, Itália. Os Rom são encontrados nas regiões sul e sudeste do país.
No RN a população cigana reside em Natal, na periferia da cidade (Cidade Nova) e em cidades como Florânia e Cruzeta. Os ciganos que residem em Florânia chegaram à cidade na década de 1970. Atualmente encontram-se sedentarizados, a partir de uma política local de distribuição de lotes, onde foram construídas suas casas. Os de Cruzeta chegaram em 1991, acamparam nas proximidades do açude público, mas foram rapidamente expulsos pela prefeitura. No entanto, não desistiram. A estratégia foi comprar casas na periferia da cidade e juntar a família.
A interação social entre os grupos ciganos e a população não cigana tem sido problemática, marcada pela discriminação e pela pobreza. Face aos novos contextos e as transformações vividas no seu modo de vida, os grupos se reorganizam e reelaboram estratégias de sobrevivência, sem perder seus valores culturais.
Acho que o Governo Federal deve cadastrar todos os grupos ciganos, dar-lhes documentos, pois muitos não os tem, arrumar lotes ou habitações, pois são brasileiros como nós, como os indios, os negros, qua para o Brasil vieram e tem direitos e deveres comos cidadãos, brasileiros.Tem que ter um modo de sobrevivência, sem perder seus valores culturais.
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