sábado, 25 de janeiro de 2025

O combate ao racismo e a intolerância religiosa deve ser permanente. Lançado o ARQUIVO AFRO-RELIGIOSO

 

No dia 21 de janeiro, data nacional de combate à intolerância religiosa, aconteceu o lançamento do projeto Arquivo Afro-Religioso: Memória e Patrimônio das Comunidades de Terreiro – RN no Complexo Cultural da UERN – Natal Zona Norte, com intensa programação e participação de representantes das comunidades tradicionais de terreiro da cidade de Natal e região metropolitana, ocasião em que foram homenageados/as com a entrega de certificado.

O projeto tem por objetivo promover o registro do acervo cultural de bens documentais escritos, visuais e de artefatos do patrimônio afro-religioso potiguar. Ao proceder o registro, pretende-se, igualmente, valorizar a memória na construções dos processos de pertencimento das comunidades de terreiro do Rio Grande do Norte e o combate ao racismo e todas as formas de preconceito e discriminação.   

Arquivo Afro-Religioso é um projeto de pesquisa e extensão, coordenado pelo Professor Luiz Assunção e registrado no Grupo de Estudos Culturas Populares e Religiosidades (Departamento de Antropologia/PPGAS) – UFRN, construído em parceria com o GAMA – Grupo de Articulação de Matriz Africana e Ameríndia e demais parceiros institucionais, o Laboratório de Restauração e Conservação de Documentos (Departamento de História) e a Gerência de Redes CCHLA, ambos da UFRN. Chamamos atenção para a participação das comunidades tradicionais de terreiro nesse processo, parceiros fundamentais na participação e continuidade do projeto.

A concepção e execução estão formadas pelas equipes de Edição e Curadoria e de Pesquisa, compostas por religiosos/as de comunidades tradicionais de terreiro, alunos/as e professores/as de instituições internacionais (Portugal, França) e brasileiras (UFRN, UERN, IFRN, UNILAB, UFBA).  

O projeto Arquivo Afro-Religioso, em sua abertura, apresenta o registro documental de duas casas religiosas: o Centro Humilde de Caridade São Lázaro (babalorixá José Barroso) e a Cabana Umbandista Pai Joaquim de Angola (babalorixá José Clementino), ambas abertas na primeira metade da década de 1960. A proposta é inicialmente apresentar o registro documental das casas abertas durante esse período, de modo a tornar visível a significativa memória de mães e pais, e suas comunidades, que construíram a história das religiões afro-brasileiras em terras potiguares.      

 

 

 

Prof. Luiz Assunçaõ (UFRN) faz apresentação do Projeto
Membros integrantes do GAMA - Grupo de Articulação de Matriz Africana e Ameríndia - RN

 

Tata Ria Inkice Kassulupongo 
Pai Ogan Marcelo, Prof. Luiz Assunção (UFRN) e Professoras Eliane Anselmo (UERN-Mossoró) e Lidiane Cunha (UERN-Mossoró) 

 
Mãe Maria de Obá (Maria do Carmo Medeiros)

 
Renato Santos, Fábio de Oliveira, Lisabete Coradini
Professoras Giovana Braga (UFRN) e Lisabete Coradini (UFRN) 

Fotos: Facebook. Página do Ilê Axé Dajô Obá Ogodô, 04/02/2025

Fotos: Facebook. Página do Ilê Axé Dajô Obá Ogodô, 04/02/2025


Fotos: Facebook. Página do Ilê Axé Dajô Obá Ogodô, 04/02/2025

Mães e Pais homenageados durante o evento de lançamento do Projeto Arquivo Afro-Religioso.
Foto: Facebook. Página do Ilê Axé Dajô Obá Ogodô, 04/02/2025

Pai Cleone Guedes Yalorixá Josefa Guedes, Babá Melqui, Ekedi Dayane 
Fotos: Facebook. Página do Ilê Axé Dajô Obá Ogodô, 04/02/2025

Fotos: Facebook. Página do Ilê Axé Dajô Obá Ogodô, 04/02/2025




 


 

ARQUIVO AFRO-RELIGIOSO na imprensa

 


Jornal Agora RN



Jornal Tribuna do Norte | Viver



Portal da UFRN



Portal UERN



Blog Papo Cultura | Sérgio Vilar



Portal RN Diário



Jornal Saiba Mais

domingo, 19 de janeiro de 2025

Encontro de Juremeiros de Natal em imagens

 

 
    Fotos: Autor desconhecido

 
    Fotos: @taangahara

    Foto: @taangahara

    Foto: Autor desconhecido

    
     Fotos: Luiz Assunção

     Foto: Luiz Assunção





quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

A Jurema merece respeito

 

Foi com esta frase que fechamos o documentário Catimbó-Jurema, da série Êxtase Ritos Sagrados – Programa Fantástico, TV Globo 2005. Vinte anos depois, ainda precisamos repeti-la, apesar do direito constitucional (Artigo 5º da Constituição Federal de 1988).

Mais de uma década depois da apresentação do referido programa, exatamente em 2018, Pai Freitas (Severino Willian Freitas), sacerdote dirigente do Terreiro de Jurema Mestre Benedito Fumaça, organiza o primeiro “Encontro de Juremeiros de Natal”, e, nos anos seguintes (2019-2024), será acolhido pela Fundação Cultural Capitania das Artes, em sua política de abertura para a diversidade cultural. Uma jurema foi plantada e o território passou a ser considerado sagrado pela comunidade juremeira de Natal.

A Jurema Sagrada, como é denominada pelas comunidades religiosas, se refere a um complexo de concepções e representações da tradição indígena vivido através de um processo de circulação, trocas e transformações, presentes na religiosidade nordestina, sobretudo no âmbito das religiões afro-brasileiras e comunidades indígenas.   

No caso potiguar, a Jurema Sagrada é reconhecida, em 2024, pelo Governo do Estado como patrimônio religioso e cultural imaterial (Lei Estadual da Deputada Divaneide Basílio) e registrada no calendário oficial de Natal (Projeto de Lei 35/2022, de 16/02/2022, da Vereadora Brisa Bracchi), que inclui o dia municipal do juremeiro e das religiões afro-ameríndias, a ser celebrado na data de 20 de janeiro. Ainda tomando os aspectos normativos, o Estatuto da Igualdade Étnico Racial (Lei Estadual 11.284/2022, no Artigo 15, define que “o Poder Público deverá incentivar a celebração das datas relacionadas às personalidades, eventos comemorativos e bens culturais de natureza imaterial que dizem respeito à promoção da igualdade étnico-racial” (Dantas, 2024, p. 5).

Portanto, amparo com base na cultura e/ou no dispositivo legal para justificar a realização do evento e, ressaltamos, em um espaço cultural público, existe. No entanto, a tradição foi interrompida e a saída foi construir articulação em busca de outro espaço.

Nesse domingo passado (12/01), o VIII Encontro de Juremeiros de Natal, foi realizado na Pinacoteca do Estado do RN (Palácio da Cultura). Mulheres, homens, crianças, se fizeram presentes, individualmente ou em grupo, vindas de diversos bairros da cidade para celebrar a fé e a cultura. A pé ou de automóvel, paramentados com suas indumentárias, cores, contas e demais símbolos que expressam a vida e a força da existência. Alguns grupos portavam vestimentas iguais em que se sobressaía à cor e a camiseta com o nome do terreiro a que estavam ligados. Eram muitas as frases escritas que reportavam a tradição, como “Jurema, ciência nobre” (frase de seu Geraldo do Caboclo para o CD Pontos de Jurema, 2008).

O ponto de abertura da Jurema foi cantado, dando início a roda de Jurema ao som dos atabaques e marracas e dos pontos cantados para os caboclos e mestres da Jurema. Na sequência, como nos anos anteriores, foram prestadas homenagens as pessoas ligadas à religião e a cultura. No encontro atual, o destaque foi para as mulheres homenageadas, mulheres que dedicaram sua vida a religião – senhoras mestras da jurema, com a entrega do certificado de honra ao mérito. Na organização das atividades não faltou à feirinha de artesanato, comidas, bebidas e as apresentações artísticas, como a Banda Nêgo Zâmbi e o Coco Juremado RN As Flechas.  

Ao longo desse percurso de luta, o Encontro e a Jurema foram ganhando visibilidade, incorporando a presença de demais pessoas da sociedade, àquelas consideradas simpatizantes, como as inseridas na categoria de turista; ocupando positivamente as páginas dos jornais impressos, virtual e os espaços da televisão.

É fundamental destacar que a presença das religiões afro-brasileiras no espaço público é de certa forma recente e precisa ser compreendida como parte do contexto das políticas públicas do governo federal, a partir de 2003, em seu foco na inclusão e diversidade cultural e a possibilidade de organização de um campo coletivo de ação e luta pelos direitos constitucionais.  

O Encontro de Juremeiros existe. Um existir como ação, em forma de resistência – como a planta jurema em época de seca. Resistência que se faz com e entre as comunidades (no plural), com os diversos parceiros desta caminhada, com os mandatos políticos que somam, desde o princípio, e, não teme dizer de que lado está. O Encontro de Juremeiros de Natal continua em memória, ancestralidade, rumo às comemorações de uma década de afetos e conquistas.

 

sábado, 11 de janeiro de 2025

Vila de Ponta Negra - Exposição Fotográfica

 


Recebo o carinhoso convite encaminhado por Mãe Hosana da Vila de Ponta Negra, para a abertura da exposição fotográfica que acontece hoje, sábado (11/01), às 17 horas, no Conselho Comunitário de Ponta Negra.

Vila de Ponta Negra: Retratos da vida e da esperança”, exposição organizada por Jean Charles Pastori e Flávio Aquino reúne imagens de pessoas da comunidade local, entre os quais mestres da cultura popular e membros da casa de Jurema de Mãe Hosana, o Centro Espírita do Mestre Junqueira, localizado na Travessa Manoel Lelé, 7.  A produção executiva da exposição é de Porangueté.  

Exposição. Centro Comunitário da Vila de Ponta Negra
 
Exposição. Mestre Correia dos Congos


Exposição. Mãe Hosana


Exposição. Maria Ângela e Maria Francisca


Conselho Comunitário de Ponta Negra

Rua Ver. Manoel Coringa de Lemos, 452, Vila de Ponta Negra - Natal/RN

A mostra segue aberta à visitação até o dia 08/02/2025, no horário de 14-18 horas.


PODCAST - Pesquisa Brasil

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