Joãozinho de Iemanjá (João Belmiro Bento), 1988 - Palácio de Iemanjá, bairro das Quintas, Natal/RN.
Fotos: Cazé
Babá Karol e Babá Vicente Mariano (de Campina Grande/PB)
Cartão de Visita de Babá Karol
Babá Karol (Foto: Candinha Bezerra)
Babá Karol (Foto: Candinha Bezerra)
Solenidade de criação da Federação Espírita de Umbanda do RN. Na foto, Governador Cortez Pereira, Babalorixá Júlio Gomes e Babá Karol (A fotografia pertence ao acervo do T.E.U. Iemanjá Ogunté - Igapó, Natal/RN).
No percurso das pesquisas realizadas na temática dos estudos da cultura afro-brasileira, mais especificamente aqueles que abarcam questões referentes às comunidades rurais negras e quilombolas, e o tema da religião, uma série de dados foram sendo coletados e posteriormente arquivados, compondo um acervo documental histórico e cultural sobre a memória desses grupos sociais no estado do RN.
Esse acervo se constitui a partir de duas fontes:
1. Documentos históricos;
2. Fotografias;
O objetivo é disponibilizar esses documentos via internet, possibilitando ampliar o seu conhecimento.
Olívia Muniz do Nascimento nasceu no município de Touros/RN no ano de 1918. De família católica, justifica sua espiritualidade ao fato de estar com o cordão umbilical em volta do pescoço, conforme constatou à parteira (sua avó) na hora do nascimento, sentenciando que ela seria médium. Este fato nunca foi esquecido, uma vez que sua avó estava sempre relembrando. Aos nove anos de idade a sentença é reforçada ao encontrar uma cartomante que ao olhar para ela afirmou sua mediunidade. Aos treze anos, problemas de saúde não resolvido pela medicina oficial a levou ao terreiro de seu Moreira, na cidade de Natal.
No terreiro de seu Moreira fez sua iniciação. No orixá a feitura foi para Yansã e na Jurema foi consagrada com obrigações para a mestra Luanda.
Além do terreiro de seu Moreira, participou por longo período da casa de João Miranda. Em 1963 abriu sua própria casa – o Centro Espírita Mãe Yansã, no bairro de Mãe Luiza.
Aos 92 anos de idade, cega e com problemas de saúde, aos poucos foi deixando de conduzir as ações religiosas do seu centro, apenas mantendo seu espaço físico.
As Covinhas. Práticas, conflitos e mudanças em um santuário popular é um estudo etnográfico sobre o santuário popular conhecido como as Covinhas, localizado em Rodolfo Fernandes, município do Rio Grande do Norte. O objetivo do trabalho é analisar a constituição e a dinâmica desse espaço a partir das relações sociais e simbólicas que o instituem e fomentam enquanto referência religiosa da região onde ele se situa. Nessa intenção, são evidenciadas três dimensões: a das práticas, que atuam (re) produzindo ritualmente os significados que põem a devoção às Meninas das Covinhas em curso; o conflito, que sugere a qualidade polifônica do santuário quando os diversos sujeitos envolvidos naquele espaço colocam em relação sentidos e interesses que freqüentemente coligem; e as mudanças, que resultam em maior ou menor grau das percepções, disposições e operações dos sujeitos que vivem o santuário na prática, de modo a mantê-lo num processo constante de invenção.
Apresentação e defesa de tese de doutorado da aluna Irene de Araújo van den Berg Silva – Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da UFRN.
15 de julho de 1955 – Aniversário de minha filha Vera Eunice. Eu pretendia comprar um par de sapatos para ela. Mas o custo dos gêneros alimentícios nos impede a realização dos nossos desejos. Atualmente somos escravos do custo de vida. Eu achei um par de sapatos no lixo, lavei e remendei para ela calçar.
Esse texto abre o livro “Quarto de despejo, diário de uma favelada”, de Carolina Maria de Jesus.
Quarto de despejo procura retratar as condições de vida dos menos favorecidos, mais especificamente as adversidades do cotidiano de uma catadora de lixo, sua dimensão humana e capacidade de expressão dos sentimentos mais íntimos, como a dor; tudo descrito em linguagem direta e de forma muito simples.
Carolina Maria de Jesus, mineira, negra, de aproximadamente quarenta anos de idade, três filhos, moradora de uma favela na cidade de São Paulo. Contam seus biógrafos que certo dia encontrou cadernos e resolveu transformá-los em diários. Anos mais tarde, um jornalista ao fazer uma reportagem sobre a favela, descobriu Carolina e seus diários.Quarto de despejo foi publicado em 1960 e traduzido para treze idiomas.
Procuro a seguir transcrever alguns trechos do seu diário:
À noite ... eu tranquilamente no meu barracão ouço valsas vienenses.
... dei banho nas crianças e preparei para sair. Fui catar papel, mas estava indisposta. Vim embora porque o frio era demais. Quando cheguei em casa era vinte e duas e trinta. Liguei o rádio. Tomei banho. Esquentei comida. Li um pouco. Não sei dormir sem ler. Gosto de manusear um livro. O livro é a melhor invenção do homem.
Todos tem um ideal. O meu é gostar de ler.
Eu sou muito alegre. Todas manhãs eu canto. Sou como as aves, que cantam apenas ao amanhecer. De manhã eu estou sempre alegre. A primeira coisa que faço é abrir a janela e contemplar o espaço.
... Liguei o rádio para ouvir o drama.
... Eu cato papel, mas não gosto. Então eu penso: Faz de conta que eu estou sonhando.
Isto não pode ser real num país fértil igual ao meu.
Enquanto escrevo vou pensando que resido num castelo cor de ouro que reluz na luz do sol. (...) É preciso criar este ambiente de fantasia, para esquecer que estou na favela.
Levantei às seis horas. Estava furiosa com a vida. Com vontade de chorar, porque eu não tenho dinheiro para compra pão. (...) Fui catar estopas e fui catar papelões. Ganhei trinta cruzeiros. Fiquei triste, pensando: o que hei de fazer com trinta cruzeiros? Estava com fome. Tomei uma média com pão doce. Voltei para a favela.
Eu tenho muito serviço. Não posso preocupar com homens. Meu ideal é comprar uma casa decente para os meus filhos. Eu, nunca tive sorte com homens. Por isso não amei ninguém. Os homens que passaram na minha vida só arranjaram complicações para mim. Filhos para eu criar.
Esses dias tenho andado muito cheio. Além das atividades cotidianas, esta semana iniciei o semestre letivo nos cursos de pós-graduação em ciências sociais e antropologia (níveis de mestrado e doutorado). A disciplina chama-se “Memória e Oralidade” e tem como objetivo refletir sobre os conceitos de memória, tradição e oralidade em autores como Henri Bergson, Maurice Halbwachs, Georges Balandier, Paul Zumthor, Walter Benjamin, entre outros.
O primeiro dia de aula não foi diferente dos semestres anteriores, é sempre um dia de tensão e ansiedade, parece véspera e dia de estréia. E não deixa de ser: terei uma espécie de palco, uma nova platéia para interagir e um enredo para ser exposto. Preparei a aula, arrumei os livros, organizei os materiais didáticos de apoio. Tudo estava sob controle, mas uma série de questões me vinha à mente: Como é a turma? Por que fizeram matrícula em meu curso? Qual o interesse? Será que tem algum aluno chato, tipo aquele que dar vontade de você mandar ir embora? Enfim, como será a recepção e o estímulo para se continuar na descoberta e encantamento da arte de ensinar?
Embora desde as férias de janeiro que venho preparando o curso, as atividades não cessam, ao contrário, é reler os autores, fazer os fichamentos, preparar os roteiros de aula. Foi isso também o que fiz neste final de semana, tendo como foco Bergson e sua teoria sobre a memória e o papel da lembrança. Agora a tarefa fundamental é organizar os vários compromissos que tenho a cumprir (como por exemplo, o Blog) e manter a dinâmica da trajetória da vida.
Gosto muito de lembrar um comentário de Paul Zumthor sobre seu trabalho no ensino: “Como todo mundo, tive de lutar contra certas dificuldades da profissão, mas desde que me tornei mestre de meus instrumentos passei a ensinar com prazer...”.
A Secretaria da Identidade e Diversidade Cultural (SID) vem a público repudiar a atitude da guarda municipal de Jundiaí, interior de São Paulo, que tomou, à força, a filha de 1 ano e 2 meses da cigana Dervana Dias, por determinação da justiça, baseada apenas numa denúncia anônima.
Para a SID, que apoia o segmento com ações para a proteção e promoção da cultura do povo cigano, a atitude da polícia e da justiça local, além de violenta, foi motivada por preconceito, tendo em vista que a cigana estava lendo as mãos dos transeuntes, e não pedindo esmolas utilizando a filha para sensibilizar as pessoas.
O Padre Wallace Zanon, coordenador Nacional da Pastoral dos Nômades do Brasil, acredita também que a ação policial tenha sido movida pelo preconceito. “A cigana estava lendo a mão e esse é o seu trabalho. Eu já vi muito esse tipo de preconceito contra os ciganos no Brasil”, afirma o padre, que entrou em contato com a diocese da cidade de Jundiaí pedindo para que a igreja local acompanhe o caso.
Para o padre todas as pessoas envolvidas no episódio eram despreparadas para lidar com a situação, principalmente os policiais que usaram de violência contra a mãe. “A imagem mostra claramente o policial torcendo o braço da cigana que estava desesperada pela perda da filha”, observou o coordenador da Pastoral dos Nômades.
Ele ainda considerou absurda a declaração da presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e Adolescente, Solange Giotto, de que não havia outra forma de tirar a criança da mãe e de que ela não sofrerá traumas pela separação. A criança foi colocada em um abrigo, chora o tempo todo e não consegue se expressar em português. “Qualquer outra criança teria traumas ao ser retirada dessa forma dos braços da mãe. Por que com uma criança cigana seria diferente?”, pergunta Padre Wallace, ainda estarrecido com o episódio.
Para a advogada do Centro de Referência dos Direitos do Povo Cigano, Dra. Vanessa Martins de Souza, a cena foi chocante e a atitude dos policiais chegou a ser cruel. “Nós já entramos em contato com o Ministério Público de Jundiaí e estamos tentando localizar a mãe, que parece estar acampada em outro local”, disse a advogada. Ela informou ainda que o Centro de referência, que desenvolve trabalho conjunto com a Secretaria dos Direitos Humanos, da Presidente da República, e com a Pastoral dos Nômades para a proteção dos ciganos, está buscando todos os órgãos competentes e se colocando à disposição da mãe para fazer a sua defesa junto à justiça de Jundiaí.
Babá Melque, Melque de Xangô, nasceu na cidade de Jardim de Angicos/RN, no ano de 1954. Com a idade de 16 anos começou a freqüentar o Centro de dona Anunciação, em João Câmara/RN, onde permaneceu por dois anos e fez sua iniciação na Umbanda e na Jurema. Melque gosta de ressaltar que conheceu a jurema desde cedo, pois seu pai era um mestre de jurema.
Nos anos de 1970 começou a atender para consulta em sua própria residência e em 1978 oficializou a abertura do seu Centro – a Tenda Espírita de Umbanda, sendo posteriormente denominada de Ilé Àse Dajó Obá Ogodó.
Em 1994 começa seu processo de iniciação no candomblé, na linha keto, sob a responsabilidade de Babá Marcelo de Omulu e Boni de Xangô.
Babá Melque vem anualmente organizando a realização dos Encontros de Religiões Afro-brasileiras na cidade de Areia Branca/RN.
Melquesedec Costa da Rocha Ilé Àse Dajó Obá Ogodó Conjunto Panorama, bairro de Potengi – Natal/RN
Esta poesia encontra-se no livro “Das apresentações”, lançado por Ana Luiza na ultima quinta feira.A autora, em 2008, venceu o Prêmio Literário Otoniel Menezes, promovido pela Fundação Capitania das Artes da Prefeitura de Natal.
Na capa do seu livro, escreve: “Muitos dos meus poemas estavam guardados, embora tivessem ganho publicações no site Overmundo e num blog extinto. Só agora resolvi me dedicar a produzir algo não para um concurso, mas para refinar as palavras e estou contente com a possibilidade de mostrar meus poemas aos olhos do público”.
“Encontrei na poesia uma maneira de tentar entender o mundo e de me fazer entender” (Ana Luiza).
A UMCANJU - Federação Cultural Paraibana de Umbanda, Candomblé e Jurema, está organizando a realização do II Encontro de Juremeiros e Juremeiras, a ser realizado no dia 21 de março, na cidade de João Pessoa/PB.
As inscrições e demais informações podem ser obtidas nos seguintes endereços:
FCP UMCANJU – Rua Eloi Inácio de Albuquerque,16, Mangabeira II, João Pessoa/PB. e-mail: fcpumcanju@hotmail.com telefone: (83) 86306292 http://fcpumcanju.blogspot.com
Glauco Villas Boas, 53 anos, e seu filho Raoni, de 25 anos, foram assassinados a tiros nesta madrugada, na sua casa, onde fica também a Igreja, localizada no Pico do Jaraguá, São Paulo. Glauco era o fundador e líder principal da Igreja do Santo Daime Céu de Maria.
O Dia de Oxum, oito de dezembro, passou a ser considerado patrimônio imaterial do Estado do Rio de Janeiro. A determinação é da Lei 5.650/10, sancionada pelo governador Sérgio Cabral e publicada no Diário Oficial do Poder Executivo (05/03).
A nova norma determina que os festejos devam ser programados e realizados pelas secretarias de Turismo e Ciência e Cultura e incluídos no calendário oficial e turístico do Estado. A finalidade principal desta lei é reconhecer, oficialmente, essa manifestação religiosa como um patrimônio vivo, dinâmico e um bem cultural intangível do povo fluminense.
Oxum. Deusa das águas doces – rios, lagos, cachoeiras – bem como do ouro, da riqueza, da beleza e do amor, se destacando pela jovialidade e beleza. No Candomblé representa a feminilidade por excelência. Controla a fecundidade. A maternidade é sua grande força. O orixá ama as crianças, protege a vida e tem funções de cura.
Símbolos – espada e abebé, em latão.
Dia – sábado.
Comidas – omolocum, ipeté, adum, xim-xim de galinha etc.
Indumentária – amarelo-dourado – saia longa, blusa branca rendada, pano da Costa amarelo (mais claro que a saia) amarrado sobre os seios, ojá com laço, para fixá-lo. Passando sobre o prescoço e caindo até a saia, terminando em laços, outro ojá. Na cabeça, sobre ojá com pontas caídas nas costas, o adê (coroa) com franjas de miçangas, em latão, ou de pano bordado com vidrilhos e miçangas.
Colares – fios de contas amarelo-ouro, translúcidas, colar de balangandãs (pentes, espelhos, peixes, colheres etc.) em latão (metal amarelo) e argolão do mesmo metal, de que são também as 4 pulseiras (2 braceletes, 2 punhos). Nas mãos, espada e abebé de latão.
A pomba é animal sagrado para Oxum, pois, segundo uma lenda, transformada em pomba ela pode fugir do cativeiro. No pegi, além das quartinhas, pratos, vasilhas, com água e comida, para todos os orixás, há para ela flores, perfumes, bonecas etc.
Eu vi
Mamãe Oxum
Na cachoeira
Colhendo lírio
Lírio ê
Colhendo lírio
Lírio á
Colhendo lírio
Pra enfeitar
Este gongá
Fonte: Souesp – Olga Cacciatore (Dicionário de cultos afro-brasileiros)
Centenas de pessoas, entre elas mulheres e crianças, foram mortas e queimadas, neste domingo, dia 7, na região de Jos, Nigéria. A região fica entre o norte muçulmano da Nigéria e o sul predominantemente cristão.
O ataque é o mais recente episódio do confronto étnico-religioso na região, que opõe agricultores cristãos pertencentes à etnia berom a pastores muçulmanos fulanis na disputa pela exploração de terras.
A hipótese das autoridades é de que o massacre tenha sido resposta dos pastores aos confrontos religiosos de janeiro passado - que deixaram 326 mortos. O incidente foi considerado pelos membros da etnia fulani uma ação organizada dos cristãos para assassinar muçulmanos.
Os conflitos envolvendo cristãos e muçulmanos na Nigéria deixaram mais de 12 mil mortos desde 1999, quando foi implantada a sharia (lei islâmica) em 12 Estados do norte do país.
Vários organismos internacionais tem se pronunciado contra o episódio. O Vaticano manifestou "dor e preocupação" pelos episódios de violência. O representante da ONU pede "máxima contenção" e se mostra "profundamente preocupado". A ONG defensora dos direitos humanos Human Rights Watch, sediada nos Estados Unidos, pressionou a Nigéria nesta terça-feira a levar à Justiça os responsáveis pelo massacre.
No dia em que se comemora o centenário de nascimento de Chico Xavier, dia 02 de abril, estréia em circuito nacional Chico Xavier, o filme. O filme é uma produção de Daniel Filho e conta com a participação dos atores Nelson Xavier, Toni Ramos, Cristiane Torloni, Giovanna Antonelli, Paulo Goulart, Cássia Kiss, entre outros.
O espiritismo é seguido por 30 milhões de pessoas no mundo. O Brasil é a maior nação espírita do planeta. São 20 milhões de adeptos e simpatizantes, segundo a Federação Espírita Brasileira – no último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) 2,3 milhões declarou seguir os preceitos do francês Allan Kardec, o fundador da doutrina. A mediunidade, popularizada pelas psicografias de Chico Xavier, em Uberaba (MG), ganhou visibilidade nos últimos anos na mesma proporção em que cresceu o espiritismo.