segunda-feira, 25 de dezembro de 2023

Cidade de Dezembro

 

Cidade de Dezembro

(Nei Leandro de Castro e Rogério Rossini)

 

Era uma cidade de dezembro

Tinha pastoril e pastorinhas

A lua aparecia tão madrinha

Era Natal, eu me lembro

 

A chegança, não chegava nunca mais

E o sono já chegando no menino

Que esperava vindo lá de longe.

Um Deus, que sendo Deus, era menino.

 

Era uma barca, canoa, navio

Navegando, nau, catarineta

E a noite, um boi, bumba meu boi, onde ele foi?

Pegava quem tinha medo de careta

 

A contramestra, vestida de azul

A mestra toda de encarnado.

Diana que não tinha nem partido, roto vestido

Deixava esse menino apaixonado.

 

Hoje, alguém pergunta: O que é Natal

Um cartão postal? Uma saudade?

Talvez uma lembrança de dezembro

Perdida na rua antiga da cidade.

 

Fonte: Floração. Lucinha Lira. Projeto Memória, 3. UFRN.

quinta-feira, 21 de dezembro de 2023

Cultura BR - Hip Hop - dança e grafite

 


Fragmento da atividade realizada por Herbert Farias na disciplina Cultura Brasileira (2023.2), curso de Licenciatura em Artes Visuais/UFRN.

 

 

 


quarta-feira, 20 de dezembro de 2023

História Feita Nas Águas

 



-      Chega Elinho, vem cá, chegue aqui,

Vem cá, sério. Senta aqui, você é mais

preparado. A menina que saber sobre a

pesca.

 

-      Você, cê trabalha de que?

-      Eu sou pescador

-      Então

-      É que você é mais velho que eu

-      Nãoooo

-      Você é mestre, é comandante

-      Fale com a menina aí.




Sabe uma coisa que ele disse logo? Vai mentir muito não, que é mesmo, realmente é mesmo, a galera mente viu, mente mesmo, mas também tem umas, coisas que é certo, isso é verdade mesmo, mas muito mente, diz que pega uma lagosta, é mentira (risos).



 


Fragmentos da atividade Foto Livro História feita nas águas, realizada por Emely Santos, curso de Licenciatura em Artes Visuais/UFRN na disciplina Cultura Brasileira (2023.2).

 




Lembranças. Anne Nathally de Brito Faustino

 

Lembrando-se do tempo, minha madrinha me contou, de quando brincavam sete crianças e sete lagoas se formou.

Iam as sete todas juntas na cacimba buscar água, e na cuia eles batiam, tanto a cuia apanhava.



Até que em dado momento ela se encheu de água.

E quanto mais nela batiam, mais ainda dela jorrava.

E então se assustaram e para um lado correu cada.

E atrás de cada um deles, correu uma ponta de água

E formou sete lagoas onde cada uma dava.

 




Diz ela que a igreja foi construída pelos holandeses num tempo que na lembrança já não cabia.

E que embaixo de seu altar a cama de uma baleia havia.



 Madrinha até hoje conta

Que se deitar seu ouvido nele

Era igual a uma concha

Dava para ouvir o mar quebrar


Já essa aqui contava Vó

E tia ajudava

 

A história de duas crianças

Pela mãe rejeitadas

Uma menina e um menino

Na lagoa foram jogadas

 

E em serpentes gigantescas

Elas duas se tornaram

 

Até que em certo dia para a cidade retornaram

Sua mãe estava na igreja e lá adentraram

Sem ninguém machucar

De sua mãe se aproximaram

O macho para observar

E a fêmea para ser amamentada

 

Ao terminar o macho voltou para a lagoa

E a fêmea saiu atormentada

Morreu ali perto

E onde jaz, até hoje não cresce nada

 



“Lembranças”.

Trechos da atividade realizada por Anne Nathally de Brito Faustino, curso de Licenciatura em Artes Visuais/UFRN na disciplina Cultura Brasileira (2023.2).


terça-feira, 19 de dezembro de 2023

Atividades realizadas por discentes do curso de Licenciatura em Artes Visuais/UFRN na disciplina Cultura Brasileira (2023.2)

 

Podem, assim, os amores

Levar-te n’asa dispersos:

 

Minh’alma desfeita em flores

E o meu coração em verso

 

Carlos Henrique da Cruz Mendonça

Pintura inspirada nos versos do poema “De Longe” de Auta de Souza.



Maria Eduarda Costa da Fé

LENDAS E HISTÓRIAS DO MUNICÍPIO DE EXTREMOZ/RN. O presente trabalho busca dar visibilidade à cultura de um povo. A ideia surgiu após a autora, a artista visual Maria Eduarda, perceber que, após oito anos vivendo no município de Extremoz/RN, não conhece o suficiente de sua cultura, de seus costumes e de seu povo. Há, então, uma noção de que não há políticas públicas ou incentivos populares para a propagação de suas peculiaridades como um povo e, pensando nisso, penso que talvez a arte consiga salvar, como sempre faz. Por isso, no trabalho procuro juntar algumas lendas populares e representá-las visualmente numa composição (uma ilustração digital, mas também pode ser  algo manual, como uma pintura acrílica em tela, pintura em aquarela/guache em papel, ou uma mescla de linguagens).


 

João Vitor Félix Bezerra

A proposta toma por base a imagem de dois pontos famosos de Natal, o Via Direta e o Beco da lama. Nos projetos são utilizados imagens e atributos da cultura popular natalense para a construção de novos arquétipos seguindo a lógica fictícia de um determinado tema da vasta cultura "punk", nesse caso o Westernpunk (velho oeste) e o Cyberpunk (sociedade futurista).

 



   “Reflexo”. Xilogravura.

    Priscilla Basílio



    Xilogravura.

    Samirah Soares Noga



“Fuxico”  

Luiza Matos

Pintura feita com tinta acrílica e tecidos de retalho em fuxico costurados na matriz. 


segunda-feira, 18 de dezembro de 2023

Apresentação de Monografia

 

MEMÓRIA, TRADIÇÃO E HERANÇA:

O ACERVO FOTOGRÁFICO DO TERREIRO CANDOMBLÉ DE MÃE PRETA EM NATAL (RN)

 

JULIANA MYTZI CAVALCANTI SILVA

 

Apresentação da monografia de conclusão do curso de graduação em Ciências Sociais (Bacharelado) – UFRN.

Dia: 20 Dez 2023, 09 horas

Local: Auditório de Políticas Públicas/CCHLA/UFRN 

RESUMO: O presente trabalho tem como objetivo compreender quais e como fatores de natureza externa e/ou interna podem interferir na existência e manutenção de uma comunidade religiosa e de seu patrimônio cultural, explicando a mobilidade ou o fechamento do espaço, a partir da história oral de vida de Isabel Silva dos Santos e do acervo fotográfico do terreiro Candomblé de Mãe Preta, por ela dirigido. Neste processo de reconstituição da memória, utilizando-se do conceito de Fotobiografia (Bruno, 2014), esta monografia propõe a elaboração de operações de montagem do acervo fotográfico do terreiro, com o intuito não só de (re)contar visualmente o percurso religioso de dona Isabel Silva dos Santos, sua sacerdotisa, mas de demonstrar, também, como os acervos podem ser mecanismos importantes de fortalecimento dos laços da memória, história, identidade, reconhecimento e pertencimento das tradições religiosas do candomblé, umbanda e jurema, bem como das estratégias de existência, manutenção de suas crenças e resistência frente ao racismo e a intolerância religiosa vivenciados por esses espaços religiosos na cidade do Natal (RN). 

Palavras-chave: memória; patrimônio cultural; acervo religioso; religiões afro-brasileiras.

 

Banca de Avaliação:

Prof. Dr. Luiz Carvalho de Assunção – Departamento de Antropologia/UFRN – Orientador

Prof(a). Dr(a) Irene de Araújo van den Berg – Ciências da Religião/UERN

Prof(a). Dr(a). Lisabete Coradine – Departamento de Antropologia/UFRN

Prof. Me. Marcos Alexandre de Souza Queiroz – IFRN

 

Prof. Luiz Assunção, Profa. Lisabete Coradini, Profa. Irene van den Ber e Juliana Mitzi.

 








sexta-feira, 15 de dezembro de 2023

"Panela de Iemanjá"

 

A tradição do nagô pernambucano em Natal, após a passagem de Mãe Nem, tem sua continuidade religiosa em Mãe Maria de Biu (Maria de Obá), do bairro das Quintas. O Palácio de Iemanjá de Mãe Elione é um exemplo dessa linhagem ancestral na cidade. 

Mãe Elione, 68 anos de idade, iniciou na religião ainda quando criança, por problemas de saúde, como ela destaca, fez obrigação e lavagem do ori com o Pai Luiz Gonzaga de Almeida (bairro de Nazaré) e continuou participando dos rituais religiosos até o seu falecimento.  Com o fechamento da casa, procurou o Pai Nino (bairro de Bom Pastor), que juntamente com Mãe Nem realizaram obrigações. Posteriormente fez o santo com Pai Miranda e Mãe Adinha. Atualmente sua relação religiosa está ligada à casa de Mãe Maria de Obá.  

Neste domingo passado (dia 10) estive no Palácio de Iemanjá, um convite especial para participar do toque e entrega da panela de Iemanjá, conforme Mãe Elione, em um ritual celebrado por ela, Mãe Maria de Obá (Centro Espírita Xangô Mafilomã) e Pai Gustavo (Casa de Xangô Nação Nagô). Desse encontro procurei produzir uma série de fotografias que compõem a celebração da entrega da Panela de Iemanjá.   

 


Mãe Elione

Mãe Elione e Mãe Ana






 

Mãe Maria de Obá

Mãe Maria de Obá e Mãe Ana










Fotos: Luiz Assunção

sábado, 9 de dezembro de 2023

Mãe Aldelícia

 

Mãe Aldelícia (Aldelícia Francisca de Araújo), Iyalorixá, 86 anos de idade, nascida no ano de 1937, no município de Santa Cruz-RN, mais de 50 anos dedicados à religião afro-brasileira, em especial a umbanda. 

Frequentou o Centro Humilde de Caridade São Lázaro e fez iniciação com Tenente Barroso, babalorixá do referido Centro. Posteriormente, em 1973, fundou e passou a dirigir o Centro de Umbanda Cabocla Anair, localizado no bairro das Quintas. Sua casa é de umbanda, dedicada aos pretos velhos e caboclos, mas também faz rituais no candomblé, seguindo a prática umbandista. 

Dedica-se, principalmente, ao atendimento das pessoas que a procuram. Realiza mesa de consulta, gira semanal de caboclo e festas eventuais, entre as quais: Oxóssi (janeiro), Nanã (fevereiro), Marujo (março), Ogum (abril), Pretos Velhos (maio), Xangô (julho), Oxum (agosto), Cosme e Damião (setembro) e Iemanjá (dezembro). 

A mesa de consulta e cura realizada semanalmente nas quartas feiras a noite é uma prática que ela traz da casa de seu pai, Barroso. Essa prática conta com a participação de um grande público do bairro e região adjacentes.  

Em 2001, o referido Centro foi cadastrado pelo mapeamento dos terreiros de Natal, promovido pelo Grupo de Estudos Culturas Populares da UFRN. Por sua casa passaram vários pesquisadores e entre os trabalhos produzidos citamos o de Rafaela Meneses Ramos, “Okê, Caboclo! Um estudo etnográfico sobre a dança do caboclo na umbanda” (Monografia de conclusão do curso de Ciências Sociais da UFRN, 2004, sob orientação do Professor Luiz Assunção). 

No ano 2020, Mãe Aldelícia recebeu o Prêmio Mestres e Mestras das Culturas Populares de Natal, reconhecimento por sua contribuição no âmbito do patrimônio imaterial da cidade, promovido pela FUNCARTE e Prefeitura Municipal do Natal.   

 

 

Ensaio fotográfico: Entrega do presente para Iemanjá pelo Centro de Umbanda Cabocla Anair (bairro das Quintas, Natal – RN) sob a liderança da Iyalorixá Mãe Aldelícia (Aldelícia Francisca de Araújo, 86 anos de idade).

 



















Fotos: Luiz Assunção.

Arquivo Afro-Religioso

  Projeto de pesquisa e extensão do Grupo de Estudos Culturas Populares e Religiosidades (Departamento de Antropologia/PPGAS/UFRN), Grupo de...