Nesta quarta-feira, dia 19 de agosto, às 20 horas, na Galeria Conviv’art do NAC/UFRN acontece à abertura da exposição etno-fotográfica CAMINHOS. A proposta é apresentar minha trajetória acadêmica através de algumas fotografias realizadas durante os trabalhos de campo.
Meu caminho de pesquisador teve início em fevereiro de 1981, quando visitei, pela primeira vez, os negros do Riacho, no município de Currais novos/RN.
O primeiro contato com o culto da jurema e com a umbanda aconteceu em 1988, quando participei de um grupo de estudos do acervo incluído na coleção afro-brasileira do Museu Câmara Cascudo. Começava a fazer os primeiros caminhos seguindo a trilha esboçada pelos mestres Bastide e Cascudo, em seus escritos sobre a religiosidade afro-brasileira, absorvendo seus ensinamentos, sensibilidades, crenças – agora compartilhadas.
Tempos depois – 1997, resolvi alçar novos vôos: trabalho de campo no sertão nordestino. Dessa vez, descobri e fui ao encontro de Mário de Andrade, seus escritos e sua paixão pelas cores do Brasil, fazendo acender o desejo de continuar seguindo caminhos, às vezes longos, tortuosos, ao encontro das práticas culturais do cotidiano de nossas gentes. Não precisava mais sonhar com as cores do terreiro de Pedro Arcanjo ou do sítio do Pai Adão, nem imaginar o som dos tambores de São Luís ou a voz de mestre Carlos. Agora, estava percorrendo as salas dos terreiros, conversando com as entidades, recebendo suas proteções. Dialogava com os pais e mães-de-santo, escutava silencioso e atentamente falarem de suas vidas, a cantar pontos rituais que vinham à lembrança.
Ano de 2000. De volta aos terreiros de Natal e a criação do Grupo de estudos sobre culturas populares. Nos terreiros, o reencontro com velhos mestres juremeiros e seus continuadores. No Grupo de Estudos, a necessidade de estimular reflexões sobre a dinâmica das culturas populares contemporâneas.
O retorno às comunidades negras rurais. Numa manhã de janeiro de 2006, sob o sol quente do sertão potiguar, chego à comunidade quilombola do Jatobá. Nada conhecia do espaço, nem da região. Gostava do que era possível ver: a areia solta na estrada a voar, pedrinhas no chão marcando o caminho, o vento que soprava no meu rosto e os pássaros que ouvia cantar. Entre as folhagens secas, podia ver o amarelo do capim e algumas manchas do verde que, mais tarde, já no inverno, cobriria todo o Jatobá.
Na exposição, procuro fazer uma homenagem àqueles interlocutores que participam deste caminho e de sua construção: Teresa Preta, Maria Dalva, Joana Caboclo (dos negros do Riacho), Babá Karol, Geraldo do Caboclo, Zé Clementino, Geraldo Guedes, Jeová, Melque, Marcone, Cleone, Terezinha Pereira, Marcelo Galvão, Mãe Nem, Mãe Maria do Carmo, Mãe Maria José (terreiros de Natal), Pai Levino (Patos/PB), Zé Batista (Juazeiro do Norte/CE) e Chico Canuto, Dona Dulcília e Chico Aquino (comunidade quilombola do Jatobá).
(Catálogo da exposição).
Curadoria: Ângela Almeida
Texto de apresentação: Maria Conceição de Almeida
Arte Gráfica: Marcos Queiroz
Luz: Castelo Casado
Vídeo – Caminhos
Direção Geral: Ângela Almeida
Assistente: Elisa Paiva
Câmera: Renato Maia
Edição: Ricardo Pinto
Realização: Grupo de Estudos sobre Culturas Populares – Deptº de Antropologia da UFRN
Apoio: PROEX, PPgas, TV U, Nac, OTE.
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