A arte de contar histórias, dar voz ao narrador, dar voz à história, está também no cinema, enfocada através de diferentes temáticas. Poderia apresentar uma grande listagem, mas hoje trago apenas dois filmes que tem como cenário o sertão nordestino: Narradores de Javé e Cabra marcado para morrer. O primeiro é uma produção recente, o outro, tem seu contexto nos anos de 1960. Em comum, as questões sociais do mundo rural sertanejo, a terra (e a falta dela), a exploração (inclusive dos poderes constituídos), a miséria das condições sociais de existência e a dignidade na narrativa de sua gente.
Narradores de Javé (Direção de Eliane Caffé. 2003). Quando os moradores de Javé tomam conhecimento que o povoado será encoberto pelas águas de nova hidrelétrica, se unem para reconstruir, com testemunhos da memória oral, sua história. Este recontar é feito com muito humor, ora com grandeza épica, ora com deboche.
Cabra marcado para morrer (Direção de Eduardo Coutinho. 1984). Em fevereiro de 1964 inicia-se a produção do filme que contaria a história política do líder da Liga Camponesa de Sapé (Paraíba), João Pedro Teixeira, assassinado em 1962. No entanto, com o golpe militar de 1964, as forças militares cercam a locação no engenho da Galiléia e interrompem as filmagens. Dezessete anos depois, o diretor Eduardo Coutinho volta à região e reencontra a viúva de João Pedro, Elisabeth Teixeira – que até então vivia na clandestinidade, recolhendo seu depoimento e de muitos dos outros camponeses que haviam atuado nas primeiras filmagens.
Assisti ao documentário "Cabra Marcado pra morrer".
ResponderExcluirOs "Narradores de Javé" não. Como falamos aqui no agreste, vou "caçá-lo" e ver como narram a estória. Esse tipo de resgate pautado na oralidade é fantástico, mítico, calcado na memória, que chega até nós após passagem nos filtros particulares de cada um dos narradores.
É, quem sabe, uma re-criação dos fatos, algo mais do que uma justaposição, recortes que se entrelaçam e redivivem toda uma história, todo um período, ná ótica de quem era jovem e já não o é, de quem era criança e se transformou...dá pano para as mangas, se formos especular a respeito.