A primeira vez que ouvi falar do mestre Rios Preto foi através de uma moradora da comunidade quilombola do Jatobá, em Patu - RN. No seu relato ela destacava ser este um dos mestres preferidos por Nelci em seus trabalhos de mesa de Jurema: “ela trabalhava com o povo das águas, povo da jurema, caboclo da jurema, mestre Rios Preto”. E ainda cantou alguns fragmentos do seu ponto:
Meu cavalo é roxo e preto
Não se cansa de correr
Quem se monta em meu cavalo
Se arrisca muito a morrer
Abre-te, porta
Abre-te, janela
Abre as ciências
Que eu sigo
Dentro dela
Muito interessante este resgate.
ResponderExcluirInfelizmente a Jurema dia-a-dia perde seu cunho religioso e se entrega a práticas do simples mediunismo; no entanto, ainda resistem algumas entidades que remontam uma memória que vem se perdendo com o passar dos anos.
Principe do Rio Negro, Mestre do Rio Preto, Principe Negro, são nomenclaturas para designar um mesmo grupo ou egrégora espiritual; pois um espírito Mestre nunca é um, sempre é um grupo unificado por uma forma.
A raiz destes nomes vem da antiga mitologia indigena onde a Aurora pariu um Rio Verde e um Rio Negro. Alguns retratam este Deus indigena, Mestre Juremeiro e Caboclo Encantado como sendo um Boto, outros como um caboclo mestre; seu assentamento sempre está muito bem ligado com águas e plantas. Seu modo de trabalho é sempre refinado, forte e assertivo.
Um outro canto:
Rio Negro, Rio Negro
Quem foi que foi te buscar
Eu venho das águas escuras
Dos encantos do Pará
Discípulo escuta um recado
Que trago no meu borná
Só morre sem a honra
Quem no mundo faz o mal.
Salve! Salve a Jurema!
Meu amigo Dalrivan, adorei toda esta reflexão que vc fez e o melhor é que a gente aprende mais. Vc tem razão sobre o amplo universo da jurema e como algumas coisas são esquecidas. São os mistérios dos encantados. Estava sentido sua falta e fico contente com sua preseça. Forte abraço. Luiz.
ResponderExcluir