Nesta manhã de domingo, em Buenos Aires, Argentina, faleceu, aos 74 anos, a cantora Mercedes Sosa. Dona de um timbre de voz peculiar e de forte presença cênica, Mercedes Sosa, “la negra”, como era chamada, se tornou conhecida por colocar sua arte a serviço da denúncia contra a ditadura militar na Argentina e, por conseguinte no continente latino-americano. Seu repertório se alimentava de raízes culturais, buscando o folclore não apenas como um emblema artístico e cultural, mas como canto de liberdade e justiça. Exilada de sua terra natal correu o mundo com sua voz, “como um pássaro livre”, como canta em uma de suas inúmeras canções. Ao falar das injustiças sociais, afirmava uma identidade latino-americana.
Amo el canto del cenzontle
Pajaro de cuatrocientas voces.
Amo el colar del jade
y el embriagante perfume
de lãs flores
Pero...
amo más
a mi hermano el hombre
(canto Nahuanti)
Gravou canções do folclore argentino e chileno, como também importantes compositores latino-americanos: Violeta Parra, Atahualpa Yupanqui, Victor Jarra, Milton Nascimento, Silvio Rodriguez, entre outros. No Brasil, compartilhou trabalhos com Milton Nascimento, Raimundo Fagner, Caetano Veloso, Chico Buarque, Beth Carvalho. No célebre show “Falso brilhante”, que fez em 1976, a cantora brasileira Elis Regina incluiu duas músicas do repertório da cantora argentina: “Los hermanos” e “Gracias a la vida”. Esta ultima viria se tornar bastante conhecida do grande público brasileiro.
Gracias a la vida que me há dado tanto
Me dio dos luceros que cuando los abro
Perfecto distingo lo negro del blanco
Y em al alto cielo su fondo estrellado:
Y em lãs multitudes el hombre que yo amo.
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