Umbandistas se queixam; evangélicos apoiam adiamento.
Para representantes da umbanda e do candomblé, a decisão da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, de protelar o anúncio do Plano Nacional de Proteção à Liberdade Religiosa é parte de uma tradicional marginalização das religiões afro-brasileiras. "Somos sempre a parte mais fraca de todas as raças, de todas as religiões. Estamos sempre à margem", protestou o presidente do Superior Órgão de Umbanda do Estado de São Paulo (Souesp), Milton Aguirri. O plano, que deveria ter sido anunciado anteontem, legalizaria os imóveis em que funcionam terreiros de umbanda e candomblé , além de prever o tombamento de templos dessas religiões.
Para Muniz Sodré, presidente da Fundação Biblioteca Nacional, a derrota política indica a pouca representação da umbanda e do candomblé. "Os cultos afro-brasileiros jamais participaram do jogo de poder. Não têm bancada parlamentar, não têm lobby de pressão, não têm representantes na sociedade civil", disse.
O presidente da Federação Umbandista do Grande ABC, Ronaldo Linaris, encarou a suspensão do anúncio do plano como "violência à Constituição".
"Fala-se tanto em isonomia, em igualdade, mas onde está essa igualdade se estamos sendo preteridos para não melindrar evangélicos?", indagou, ressaltando o tamanho da população umbandista no Brasil. "E nós votamos, o governo não deveria se esquecer disso."
Representantes de igrejas evangélicas defendem a tese de que o governo não deveria se preocupar em legalizar os terreiros neste momento. "Em ano de eleição, mexer em questões religiosas só serve para constranger todas as partes", disse o bispo Manoel Ferreira, presidente da Convenção Nacional das Assembleias de Deus no Brasil (Conamad). Ele afirmou, contudo, ser favorável ao plano. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) afirmou que não vai se manifestar sobre o projeto.
Fonte: www.estadao.com.br (22 de Janeiro de 2010)
Comentário de Ivanir dos Santos, integrante da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa do Rio de Janeiro: “Você dá concessões de rádio e televisão para os neopentecostais e me dá cesta básica e mapeamento? Eles vão usar o rádio e TV para me atacar, me chamar de demônio. Isso é desigual”, reagiu.
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