domingo, 14 de maio de 2023

Egbé - A FESTA DO MESTRE COBRA CORAL COMO MICROCOSMO PARA AS NEGOCIAÇÕES DE GÊNERO DE DANDARA. Um corpo trans na cozinha do terreiro

 

Na sequência dos textos que formam o livro, as reflexões sobre gênero e o que significa um corpo trans no universo do terreiro movem Kallile Sacha da Silva Araújo, yawó de Logunedé, na construção do texto A festa do mestre Cobra Coral como microcosmo para as negociações de gênero de Dandara: um corpo trans na cozinha do terreiro. O tema ainda é pouco trabalhado no campo dos estudos das religiões afro-brasileiras, inclusive parece existir certo tabu, o que colabora para que as pessoas não se disponham a falar, pelo menos foi uma das primeiras questões enfrentadas pela pesquisadora em seu processo etnográfico. Ao longo do texto, conhecemos Dandara (nome fictício, para preservar a interlocutora), 34 anos de idade, mulher transexual praticante de candomblé e da jurema. Ao dar voz a Dandara, conhecemos trajetos de vida, sonhos, alegrias, conflitos, à margem afetiva e social, e a sua reinvenção no espaço do terreiro, como a interlocução constituída na pesquisa nos leva a testemunhar o cotidiano vivido, os rituais, as festas religiosas, a cozinha, local sagrado onde Dandara exerce seu domínio, mas igualmente demonstra como nesse contexto o gênero se constitui ao se acionar agência, símbolos, identidade, em um campo marcado pelas normas, tradição religiosa, autoridade e poder estabelecidos.


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