O primeiro dos textos apresentados,
denominado de “Ilê Axé Omin Oxum Agemun:
a Casa das Águas e o legado de Dona Luizinha de Góis como indício de um
matriarcado na cidade do Natal”, organizado pelo babalorixá e professor
doutor Patrício Carneiro Araújo,
escuta a voz do babalorixá pai Zé Maria de Oxum (José Maria Ferreira de Góis)
falar de um tempo presente. Ao fazê-lo, pai Zé Maria traz à memória outros
tempos, das lembranças de sua avó Luizinha de Góis, e, entre afetos,
fotografias e documentos, vai traçando o percurso de um matriarcado que aponta
a continuidade do ilê e daquela família religiosa na cidade. Mas é preciso
destacar que a voz do babalorixá não é única, outras vão sendo agregadas,
compondo uma memória coletiva do egbé. Nesse percurso, destacam-se, ainda, as
reflexões sobre o que significa a existência de uma casa de jurema e umbanda nas
margens de Natal, mais precisamente na Redinha dos anos de 1950-1970, e sua
passagem, em tempos mais recentes, para o candomblé jeje-nagô. Nesse processo
permanente de se compor/recompor, o desafio da sucessão e do legado da vida
está presente e necessita ser pensado, como nos mostra a reflexão sobre a
transição entre as gerações numa comunidade marcada pelo papel da família
sanguínea, como é o caso da Casa das Águas.
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