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Mostrando postagens de setembro, 2009

Uma rainha chamada Dona Militana

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The queen called lady Militana No último dia do Festival Literário da Praia de Pipa foram realizadas quatro mesas. A primeira delas abordou o tema do romanceiro potiguar, discorrido pela professora Lílian Rodrigues (UERN), sob minha coordenação. A professora iniciou sua fala conceituando o romanceiro e apresentando um modelo de classificação. Situou o campo de pesquisa no estado do RN, especificando os principais pesquisadores (Câmara Cascudo, Hélio Galvão e Deífilo Gurgel), os informantes e o material registrado. Na seqüência, falou sobre sua pesquisa com a romanceira Dona Militana, destacando a pergunta que a guiou: o que faz a romanceira guardar na memória e lembrar de tão amplo repertório de romances? Seria apenas fruto de sua capacidade mnemônica? Ao falar sobre a trajetória de vida da romanceira, vai argumentando como a construção das versões romanceadas está associada à própria vida de sua produtora, as suas experiências cotidianas, demonstrando como literatura e histór...

Deixa ela entrar

A Mostra Internacional de Cinema em São Paulo está divulgando a estréia nacional do premiado filme “ Deixa ela entrar ”, de Tomas Alfredson, sucesso na Mostra de 2008. Conforme sinopse, Oskar, um garoto ansioso e frágil de 12 anos, é freqüentemente provocado por seus colegas de classe mais fortes, mas nunca se defende. O desejo do menino solitário por um amigo se concretiza quando ele conhece Eli, uma garota da mesma idade, que se muda para a vizinhança com o pai. Séria e pálida, ela só sai de casa à noite e não parece ser afetada pelas baixas temperaturas. Coincidentemente, a cidade começa a ser assombrada por uma série de assassinatos e desaparecimentos inexplicáveis. Sangue parece ser o denominador comum a estes crimes, e para um garoto introvertido como Oskar, que é fascinado por histórias horripilantes, não leva muito tempo até ele perceber que Eli é uma vampira. Mas um romance não declarado surge entre eles, e ela lhe dá a coragem para lutar contra seus agressores. Par...

O romanceiro potiguar

Neste sábado, dia 26, às 16h, na Tenda Literária do FLIPA participo como mediador da Mesa - “O romanceiro potiguar: vida e poesia”, cuja apresentação ficará sob a responsabilidade da professora Lílian Rodrigues (UERN). Tendo como proposta refletir sobre aspectos relacionados ao romanceiro potiguar, a professora de Literatura e Doutora em Letras pela UFPB, Lílian Rodrigues, mergulha neste gênero literário para situar as principais referências, estudos realizados, ao mesmo tempo enfatizar que este tipo de produção não está separado da existência social e cotidiana de seus produtores, ou seja, poesia e vida se entrelaçam. O romanceiro diz respeito ao universo de poemas e canções transmitido pela tradição oral, narrando os cantos de amor, engano e sofrimento, de heroísmo, coragem e cavalheirismo correntes na vida cotidiana desde a Idade Média. De certa forma o romanceiro potiguar sempre despertou atenção por parte de alguns pesquisadores. Esses trabalhos, conduzidos por i...

Periferia, margens, bordas?

O termo “cultura das bordas” foi utilizado por Jerusa Pires Ferreira ao analisar a obra do escritor paulista Rubens Luchetti. A autora fala de cultura das bordas e não das margens, para não trazer a noção pejorativa ou mesmo reversora de marginal ou de alternativa. Referem-se ao mundo da produção cultural, projetos de criação e conhecimento que inclui a lógica e a visão de mundo de um determinado grupo social onde o produtor está inserido. Como ela explica: com “bordas” quero enfatizar a exclusão do centro, aquilo que fica numa faixa de transição entre uns e outros, entre as culturas tradicionais reconhecidas como folclore e a daqueles que detêm maior atualização e prestígio, uma produção que se dirige, por exemplo, a grupos populares de vários tipos, inclusive aqueles das periferias urbanas.

FLIPA – Festival Literário da Praia de Pipa

FLIPA – Festival Literário da Praia de Pipa Praia de Pipa, município de Tibau do Sul/RN (70 km de Natal). 24 a 26 de setembro de 2009 Programação Dia 24 (quinta-feira) - 17h30 – Tenda literária Mesa 1 - “Clementino Câmara: Do nascimento em Pipa à Censura no Estado Novo”, com o professor e escritor Geraldo Queiroz e mediação do professor Humberto Hermenegildo (UFRN). Mesa 2 – “Literatura e Viagens”, com a escritora Marina Colasanti e tendo como mediadora a jornalista Josimey Costa (UFRN). Mesa 3 – “Jornalismo, literatura, memórias”, escritora e jornalista Danuza Leão, tendo como mediador o jornalista Woden Madruga. Dia 25 (sexta-feira) - 17h30 — Tenda literária Mesa 1 – “Hélio Galvão: a cultura praieira”, tendo as participações de Sanderson Negreiros, Diva Cunha e Gilmara Benevides. Mesa 2 – “A Cultura das Periferias”, com a escritora e professora Heloísa Buarque de Hollanda e como debatedor o escritor pernambucano Raimundo Carrero, m...

A poesia de Dércio Braúna

E aos poucos vou sendo apresentado e me fazendo conhecedor de um pulsante mundo de palavras e idéias gestadas nas terras de Limoeiro do Norte/CE. É o caso do poeta e escritor Dércio Braúna e o seu querer “reencantar o mundo”. Na apresentação de um dos seus livros ele escreve: “A poesia que aqui ganha escritura (braçal orquestração de pequenas brutas coisas) se ergue desse chão. Não lhe há rosa ao caminho, sob o sol; há-lhe a ordinária erva-sem-eira; não lhe há canto, só o estrondo, os esbatidos pulsos dentro das paredes da cabeça; não lhe há delicadeza senão a precária e humana necessidade de irmos levantando ao chão aquilo que vamos a ser”. Dos seus escritos recolho fragmentos. De mim Já não sei o que desaba e fere Mas uma ainda-palavra (ázimo pão!) me resta: A ela me agarro E me salvo cada dia. Não escrevo para que me leiam Menos ainda para que me entendam. Se escrevo É para que esse fio tênue Que me ata à vida Se não parta ainda. Fui sempre, Desde que a árida veia deste sol Me teste...

Poesia

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Kelson Oliveira, meu orientando no Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais-UFRN, cearense, morador no vale do Jaguaribe – Limoeiro do Norte – escreveu um livro composto de nuvens e sonhos, como ele expressou no exemplar que me ofereceu, alimentado pelo cotidiano da cidade e das histórias que sua avó materna contava, para tornar-se um aprendiz de fraseador , e descobrir “ quando as letras têm a cor do sonho ”. Na ponte velha Quando uma grande laranja incandescente escorria pra dentro do mar, meus olhos não pertenciam à outra coisa Eu não sabia que no céu, bem sobre mim, as nuvens desenhavam seu nome Porque naquela época eu também ainda não sabia que as nuvens desenhavam nossos sonhos

Casa de apoio aos estudos da floresta

A antropóloga Bia Labate nos manda a notícia de criação da CASA DE APOIO AOS ESTUDOS DA FLORESTA, conforme transcrevo a seguir: A Casa de Apoio aos Estudos da Floresta (CAE – Amazon) foi comprada, reformada e inaugurada em 2009, sendo fruto de uma iniciativa da antropóloga Bia Labate com o apoio da jornalista Débora Pereira. Localiza-se na Amazônia brasileira, na comunidade do Santo Daime Centro Eclético Flor do Lotus Iluminado – CEFLI, liderada por Luiz Mendes Nascimento, no município de Capixaba (Acre), às margens do Rio Xipamano (fronteira entre Brasil e Bolívia). A Casa foi criada com vários objetivos: - servir de base para as pesquisas desenvolvidas pelas pesquisadoras; - funcionar como um espaço de interlocução cultural e científica entre pesquisadores de diversas áreas do conhecimento, interessados em estudos sobre a Amazônia; - promover o acesso da comunidade ayahuasqueira à produção acadêmica sobre as religiões ayahuasqueiras brasileiras; - incentivar a documentação escrita e ...

Viagem ao Acaes

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Em outubro de 2003 tive a oportunidade de conhecer Acaes, em Alhandra/PB. Fui a convite de Sandro Guimarães, meu orientando, que na época realizava pesquisa na tão conhecida terra de Maria. Estive na propriedade, percorri seus espaços, como querendo sentir os caminhos vividos pela famosa catimbozeira. Conheci seus pés de jurema, a casa onde atendia a clientela, a capela, a casa da residência. Conversei com Dorinha e Beatriz e elas me mostraram a mesa de trabalho de Maria. Ainda estava lá, a princesa, o fumo, os cachimbos e as imagens de alguns santos. Em meu caderno de campo fiz algumas anotações que transcrevo a seguir: o acesso para Alhandra se dá pela BR-101, sentido João Pessoa-Recife. O primeiro local a visitar foi à fazenda onde residiu a prestigiosa catimbozeira Maria do Acaes. Situada antes de chegar à cidade, na margem da estrada, do lado direito. Na frente da casa, está escrita Vila Maria Guimarães. A fazenda do Acaes é formada por duas casas, um coreto e uma cape...

Anotações sobre o espaço no Acaes

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Alaíde Costa

A bonita voz da dama da música popular brasileira Alaíde Costa na gravação de "Insensatez", feita nos anos 1970.

Acordo com Vaticano reacende polêmica sobre ensino religioso

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Em 13/08 fiz a chamada para um artigo publicado no jornal Folha de SP, “Sagrada laicidade”, em que o autor, Roberto Livianu, discorre sobre as relações entre aspectos jurídicos, constitucionais e a adoção de símbolos religiosos por um estado supostamente laico. Volto com a temática por entender a importância de seu amplo conhecimento e discussão. Dessa vez indico o artigo escrito por Fernanda Vasconcelos e Renata Rossi sobre o acordo entre o Brasil e a Santa Sé (PDC n° 1.736/09), relativo ao estatuto jurídico da Igreja Católica no Brasil. Um dos pontos do debate é o ensino religioso nas escolas públicas. Embora o artigo 11 do acordo fale em liberdade religiosa e em diversidade cultural, além de lembrar que o ensino religioso é facultativo, o fato de ter sido assinado pelo governo brasileiro e pela Igreja Católica reacendeu as discussões sobre o Estado laico, que é independente de toda e qualquer confissão religiosa. O ato bilateral foi aprovado na Câmara dos Deputados no dia 26 de ...

Lugares de memórias

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Casa Grande, em Cerro Corá/RN, espaço de minha infância.

Lugares de memórias

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São José da Passagem, no município de Santana do Matos/RN, terra dos meus pais.

Bonecos de dona Dadi

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Dona Dadi, uma mulher no João Redondo

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Maria Iêda da Silva Medeiros, conhecida como Dadi, vive em Carnaúba dos Dantas/RN, desde os dezesseis anos. Nasceu a 4 de setembro de 1938, filha de Ricardo Alves de Queiroz e Maria Luiza da Silva, na antiga cidade de Flores, hoje Jaçanã. Casada e viúva por duas vezes, teve dezessete filhos, quatro deles criados: Maria de Lourdes, José Ricardo, Francisco das Chagas e João Maria. Calungueira. É assim que Dadi se intitula, se dedicando há mais de uma década a dar vida e voz aos seus bonecos, que se destacam pelas formas, cores e personagens. Além de artista-artesã, Dadi é também poetisa. Através de sua narrativa, o leitor compartilha de seus afetos, amores e dores, das adversidades para viver e se manter, de seus sonhos, projetos futuros. Esse livro de poesia não poderia ter outro título que não "Flor de Mucambo". Uma de suas flores preferidas, ela diz de sua obstinação como mulher, mãe, avó, artista, sindicalista, cidadã do mundo. Diz mais. Que independente do lamento de ter ...

Encontro com Chico Daniel

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Em 2003 Ricardo Canella organizou em sua residência um encontro do Grupo de Estudos sobre Culturas Populares com Chico Daniel. Na foto, Luiz Assunção, Chico Daniel, Ricardo Canella, Rafaela Menezes, Diogo Moreno, Paulo Marcelo e Ilnete Porpino.

O João Redondo de Chico Daniel

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João Redondo é a nominação que toma o teatro de bonecos no Rio Grande do Norte. Na Bahia, ela é Mané Gostoso; Babau, na Paraíba; João Minhoca, em Minas Gerais; Mamulengo, em Pernambuco; Cassimiro Abreu, no Ceará. Câmara Cascudo, em o Dicionário do Folclore Brasileiro, define o João Redondo como uma espécie de divertimento popular, que consiste em representações dramáticas, por meio de bonecos, em um pequeno palco. O enredo do João Redondo é fragmentado em diversas histórias e o herói da brincadeira é o escravo Benedito, conhecido pelo nome de Baltazar. Além deste, outros personagens compõem a brincadeira: Capitão João Redondo, Etelvina, Policiais e Padre. No RN alguns mamulengueiros tornaram-se conhecidos por sua arte: os irmãos Relampo (Zé, Miguel e Antônio), de Serra Caiada; Chico Rosa, de São Paulo do Potengi; seu Bastos, de Currais Novos; Chico Daniel, de Açu, entre outros. Em 2004 Ricardo Canella defende dissertação no Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da UFRN tendo co...

Teatro de Bonecos Popular do Nordeste. Encontro João Redondo do Rio Grande do Norte

Encontra-se em andamento, no Departamento do Patrimônio Imaterial do IPHAN, o projeto referente à instrução técnica do processo de registro do Teatro de Bonecos Popular do Nordeste – Mamulengo, Babau, João Redondo e Cassimiro Coco, como Patrimônio Cultural do Brasil. O pedido do Registro foi encaminhado ao IPHAN, em abril de 2004, pela Associação Brasileira de Teatro de Bonecos – Centro UNIMA Brasil. Em sua etapa inicial, o referido projeto visa realizar a pesquisa documental e de campo destas expressões populares e vem sendo implementado sob a orientação IPHAN, contando ainda com o apoio de instituições diversas, entidades da sociedade civil, pesquisadores, artistas e bonequeiros em geral. O projeto é operacionalizado por equipes de pesquisa formadas nos estados de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará e no Distrito Federal, sob uma coordenação geral especializada. Como parte fundamental deste processo está sendo realizados Encontros em cada um dos estados abrangi...