Encanteria é o nome do mais recente CD de Maria Bethânia. Não é um CD com pontos de umbanda ou candomblé como o nome pode sugerir, mas é repleto de referências ao universo religioso afro-brasileiro. Bem produzido musicalmente, destaca-se pela pesquisa que demonstra a riqueza desse universo múltiplo, incluindo os sambas de roda da Bahia. Traz composição de autores já conhecidos, como Paulo César Pinheiro (um dos preferidos de Clara Nunes), Vanessa da Mata e Roque Ferreira, como também de jovens compositores, entre eles Vander Lee.
Abre o CD com uma prece para Santa Bárbara para em seguida assumir suas origens:
Fui feita na Bahia
Num terreiro de Oxum
Continuando o percurso chega a um terreiro de caboclo (ou quem sabe, uma casa de jurema?):
Vi seu Aimoré
Seu coral, vi seu Guiné
Vi seu Jaguaré
Seu Araranguá
Tupaíba eu vi
Seu Tupã, vi seu Tupi
Seu Tupiraci
Seu Tupinambá
Vi seu Pena Branca rodopiar
Seu Mata Virgem
Seu Sete Estrelas
Vi seu Vira Mundo me abençoar
Vi toda falange do jurema
Dentro do meu gongá
Passa pelos sambas de roda, canta um amor ausente e fecha o CD com uma canção (a canção é meu pecado, a canção é meu estado, a canção é meu bailado, a canção é meu sossego), como que assumindo o dom de cantar, como deixa claro na música “Feita na Bahia” (composição de Roque Ferreira):
Um velho preto alaketo
Me disse que foi
Lá de Keto que eu vim
Eu já vim predestinada
Pra cantar assim
Sou iluminada, eu sou
Sou de Keto sim
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